Para
o conselheiro na Representação Permanente de Portugal na União Europeia
Bernardo Ivo Cruz, as comemorações do bicentenário da independência do Brasil
devem servir de “motor” para reforçar o relacionamento do país com Portugal,
CPLP e Europa.
Para
o diplomata e académico, as celebrações devem “servir como um motor para um
relacionamento mais profundo” do país, não só com Portugal, mas também com a
Comunidades dos Países de Língua Portuguesa (CPLP) e a União Europeia. já que
as datas “ajudam a focar as atenções e as vontades”.
Bernardo
Ivo Cruz vai ser um dos oradores portugueses no primeiro de um ciclo de debates
que o Fórum de Integração Brasil Europa – FIBE vai realizar no âmbito,
precisamente, das comemorações do bicentenário, que se celebra a 07 de setembro
deste ano.
Com
o lema ‘Independência e Integração’ estes debates vão contar com as
participações de historiadores e especialistas, brasileiros e portugueses, de
diferentes áreas e tem como objetivo, a partir do resgate e entendimento da
História, “identificar propostas para os desafios impostos pela pandemia e pela
revolução digital, que mudaram os paradigmas do que seja uma nação independente
e integrada, interna e mundialmente”, refere o FIB em nota sobre o evento.
Na
sua intervenção, o diplomata irá falar, essencialmente, do relacionamento entre
o Brasil, Portugal e a Europa no século XXI, nomeadamente no quadro do acordo
União Europeia/Mercosul, que está em negociação há 20 anos, já com texto
acordado em 2020.
O
acordo está ainda sem ser ratificado porque existe uma “preocupação europeia
grande” com “as questões ambientais, em particular a desflorestação da floresta
amazónica, e com o impacto que isso possa ter nas alterações climáticas” mas
também porque existe uma “preocupação mais realista” com o facto de o Mercosul
ter “uma capacidade no setor do agronegócio muito respeitável, capaz, poderosa,
organizada e profissional”, enquanto “do lado europeu existe uma economia muito
mais poderosa na indústria e nos serviços”, o que cria resistências e receios
de parte a parte.
Para
se encontrar essa plataforma é preciso olhar para além do acordo, para os
outros interesses comuns entre a União Europeia e América Latina, ou seja, as
duas partes, não devem continuar só “focadas neste aspeto” do comércio.
As
duas regiões têm “de sair da sombra das dificuldades do acordo, para olhar para
um quadro mais vasto de relacionamento”, para aspetos como o desenvolvimento, o
combate à pandemia, o crescimento económico e o desenvolvimento social, ou
mesmo para o combate às alterações climáticas e “tratarem desses assuntos à
parte de um acordo”, que “é importante mas não é tudo”, sublinhou.
Quanto
a “Portugal deve contribuir para se reencontrar essa plataforma de interesses,
tal como a Espanha. Esta, até através da Organização Ibero-Americana e, no caso
de Portugal, até dentro da CPLP [Comunidade dos Países de Língua Portuguesa],
organização de que é estado-membro tal como o Brasil”, defendeu.
Bernardo
Ivo Cruz admitiu que, depois da presidência de Lula da Silva o Brasil “foi-se
distanciando” de Portugal, mas, no atual cenário Portugal “poderá ter um papel
mais interessante a desempenhar, pelo facto de ser o único estado-membro da
CPLP e da UE, tendo aí uma plataforma onde pode trabalhar os interesses comuns
dos países de língua portuguesa e dos da União Europeia”.
A
“CPLP é muito importante e fundamental para relançar e aprofundar as relações
entre a União Europeia e o mundo da língua portuguesa”, frisou. In “Mundo
Lusíada” – Brasil com “Lusa”
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