O Zimbabué começou a compensar e a restituir as terras expropriadas a mais de 3500 fazendeiros, na sua maioria brancos, durante as décadas de 1980, 1990 e 2000, pelo antigo Presidente Robert Mugabe, num programa alargado de revigoramento do sector agrícola que visa fazer regressar o país à condição de um dos grandes celeiros de África e com isso ajudar a combater a crise económica em que vive há vários anos
Numa
declaração perante o Conselho de Direitos Humanos da ONU, Ziyambi Ziyambi,
ministro da Justiça, Assuntos Jurídicos e Parlamentares do Zimbabué, anunciou
que Harare vai garantir 3,5 mil milhões de dólares norte-americanos para
compensar 3500 agricultores devido à exploração das suas terras desde que estas
lhes foram retiradas pelo regime de Robert Mugabe, que declarou os fazendeiros
brancos como inimigos a abater nos últimos anos do seu longo
"reinado".
Face
a uma continuada degradação da economia zimbabueana, que foi, durante décadas,
considerado um dos celeiros de África, especialmente vincada na perda de vigor
e abandono de milhões de hectares de terras férteis devido à falhada reforma
agrária do antigo regime, o actual Presidente, Emmerson Mnangagwa, que substituiu
Mugabe, deposto por um golpe militar, em 2017, está a liderar uma
"revolução" na agricultura do país que agora ganha corpo com este
processo que visa atrair de novo os antigos agricultores e proprietários para
as suas terras mediante garantias que englobam as Nações Unidas.
Recorde-se
que Mugabe escolheu como trunfo para ganhar o apoio das massas populares
declarar guerra aos proprietários brancos, retirando-lhes, pela força, por
vezes através de invasões violentas, liderados por antigos elementos da sua
ZANU-PF, a força política que liderou na luta pela independência do Reino
Unido, conseguida em 1980, mas sem que essa expropriação em larga escala tenha
sido concluída integralmente do ponto de vista legal.
E
todo esse processo está, finalmente, a ser agora revertido porque, como tem
sido admitido publicamente pelo actual Governo de Harare, as expropriações
estiveram por detrás de um retrocesso gigantesco no país, levando mesmo a que o
Zimbabué tenha e esteja a viver longos períodos de fome severa onde outrora havia
fartura e as exportações agrícolas superavam toda a restante economia,
incluindo a mineração.
Ao
fim de mais de três anos de negociações, o Governo do Presidente Mnangagwa
chegou a um acordo, em Julho de 2020, com 3500 agricultores a quem vão ser
pagos 3,5 mil milhões USD para os compensar do longo período em que as suas
terras estiveram a ser exploradas por terceiros, como o ministro da Justiça,
Assuntos Jurídicos e Parlamentares foi explicar a Genebra.
Na
imprensa zimbabueana, desde que Robert Mugabe foi deposto, têm.se multiplicado
as críticas à sua política agrária, com alguns analistas a não esconderem que
foi essa perseguição aos antigos fazendeiros que deu início a um ciclo de
desastres que estão por detrás de uma das mais severas crise económica em todo
o continente, inclusive com a deterioração da sua indústria do turismo que era
um sólido pilar económico do país.
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