Igualmente escritor de livros sobre viagens, o Comendador português publicou mais de 50 obras, entre as quais há dois livros dedicados a Macau: “Viagem a Macau”, editado em 1978 e reeditado em 2019, e “Os primeiros aviadores portugueses em Macau: 1924-1934”, editado no ano de transferência de administração de Macau. Vasco Callixto dedicou ainda alguma da sua escrita à Amadora, cidade que o viu nascer, e ao Alentejo, mais concretamente a Serpa, de onde a sua família é originária
O
jornalista português Vasco Callixto morreu na passada segunda-feira, dia 27 de
Dezembro, aos 96 anos, na cidade de Loures, revelou à Lusa fonte da família. O
funeral foi no dia seguinte no Cemitério de Barcarena, onde o corpo foi
cremado.
Vasco
Callixto é autor de mais de 50 livros dos quais se destacam dois dedicados a
Macau: “Viagem a Macau”, editado em 1978 e reeditada em 2019 pelo Instituto
Internacional de Macau, e “Os primeiros aviadores portugueses em Macau:
1924-1934”, editado em 1999.
O
livro começa de uma forma muito peculiar. “Crónicas de uma viagem de 31 dias
(em 1977) – Lisboa – Paris – Bangkok – Hong Kong – Macau – Hong Kong – Paris –
Genebra – Lisboa, 26751 km de avião, 140 km de barco, 285 km de automóvel em
Macau”. Ao folhearmos “Viagem a Macau”, podemos ver, aqui e ali, diversos
apontamentos sobre os trajectos e as visitas de Vasco Callixto a Oriente.
O
jornalista – que em Macau entrevistou o piloto Ricardo Patrese, vencedor do
Grande Prémio de. Macau em 1977 – escreve: “Com as suas tão reduzidas
dimensões, ‘perdido’ no ‘outro lado do Mundo’, Macau é realmente um pequeno
mundo luso-chinês nas lonjuras do Oriente, um pequeno milagre que resistiu a
uma hecatombe”.
Vasco
Callixto conheceu diversas personalidades do território. Passeou de riquexó,
deambulou pelos becos e ruelas do centro histórico e teve a ajuda de Frederico
Nolasco que lhe colocou à disposição “um esplêndido Audi 100 LS, o M-88-36”.
Foi à Gruta de Camões e subiu na Colina da Penha onde teve “a melhor vista sobre
a China”. Portas do Cerco, Ilha Verde, Fortaleza do Monte, Farol da Guia e por
aí fora. Durante 21 dias, Callixto percorreu cada esquina de Macau, naquela
altura com pouco mais de 240 mil habitantes.
“Há
em Macau certas ruas, formando um bairro, que são ruas cem por cento
‘chinesas’. E a dois passos do centro da cidade. Basta andar um pouco, quase
nada mesmo, a partir do Largo do Senado, para o lado do Mercado de S. Domingos,
que logo se encontram”. Desta forma, o jornalista descreve uma das zonas, ainda
hoje, mais pitorescas de Macau: os tin-tins, onde se encontram ruas
emblemáticas como a dos Mercadores, a das Estalagens ou a dos Faitiões.
Amadora, a família e o Alentejo
Vasco
Callixto nasceu a 12 de Janeiro de 1925 na então vila da Amadora, em Portugal.
Cresceu e viveu na famosa Rua Elias Garcia, a antiga Estrada Real que ligava
Lisboa a Sintra. Jornalista e escritor nas áreas do turismo, também se dedicou
ao desporto automóvel e até à aviação. Colaborou em diversos jornais e revistas
desde os anos de 1940, tendo passado pela revista Turismo e pelos jornais
Diário de Notícias e O Século. Foi director, por 20 anos, da revista
Rodoviária.
Numa
entrevista concedida ao jornal Público este ano, Callixto afirmou que herdou o
prazer das histórias e das viagens do avô Carlos Callixto, primeiro jornalista
desportivo português e igualmente deputado durante a I República, mais
concretamente na Assembleia Nacional Constituinte de 1911.
Entre
as outras obras que publicou destacamos ainda “Fala a Velha Guarda – I Volume”
(1962) – o seu primeiro livro -, “Pelas Estradas da Europa” (1965), “Viagem às
Terras do Sol da Meia-Noite” (1966), “Viagem até às Portas da Ásia” (1969),
“Viagem Transafricana” (1972), “Viagem à Índia” (1985), “Por Estradas da
Venezuela” (1989) ou “Uma Volta ao Mundo em Português” (1996), onde relata de
forma detalhada os lugares por onde foi passando ao longo da sua vida quase
centenária. Dedicou ainda atenção à história da aviação na Amadora, a
localidade que o viu nascer, tendo considerado nas suas obras a aviação como
sendo um capítulo importante na história da localidade que passou a ser cidade
em 1979.
Em
1964, foi o primeiro português a conduzir até ao Cabo Norte o primeiro veículo
automóvel construído em Portugal. Durante a sua vida visitou mais de 70 países.
Foi também vogal do Instituto Bartolomeu de Gusmão, pertencente à Sociedade
Histórica da Independência de Portugal.
Com
raízes alentejanas, de Serpa, Vasco Callixto publicou em 2005 o livro “Uma
Família de Serpa”, onde conta as origens da sua família desde meados do século
XVIII, com destaque para seu bisavô António Carlos Callixto e para seu avô
Carlos Callixto.
O
Município da Amadora manifestou, entretanto, o seu profundo pesar pelo
falecimento do escritor que nasceu naquela cidade em 1925, à altura pertencente
ao concelho de Oeiras.
Já
em tempo de pandemia de Covid-19, é agraciado com o grau de Comendador da Ordem
do Mérito, pelo Presidente da República Marcelo Rebelo de Sousa, a 29 de Junho
de 2020. Gonçalo Pinheiro – Macau in “Ponto
Final” com “Lusa”
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