Pintura Arq. Eduardo Moreira Santos, Lx (28.08.1904 - 23.04.1992)

segunda-feira, 3 de janeiro de 2022

Portugal - Jornalista Vasco Callixto faleceu aos 96 anos

Igualmente escritor de livros sobre viagens, o Comendador português publicou mais de 50 obras, entre as quais há dois livros dedicados a Macau: “Viagem a Macau”, editado em 1978 e reeditado em 2019, e “Os primeiros aviadores portugueses em Macau: 1924-1934”, editado no ano de transferência de administração de Macau. Vasco Callixto dedicou ainda alguma da sua escrita à Amadora, cidade que o viu nascer, e ao Alentejo, mais concretamente a Serpa, de onde a sua família é originária

O jornalista português Vasco Callixto morreu na passada segunda-feira, dia 27 de Dezembro, aos 96 anos, na cidade de Loures, revelou à Lusa fonte da família. O funeral foi no dia seguinte no Cemitério de Barcarena, onde o corpo foi cremado.

Vasco Callixto é autor de mais de 50 livros dos quais se destacam dois dedicados a Macau: “Viagem a Macau”, editado em 1978 e reeditada em 2019 pelo Instituto Internacional de Macau, e “Os primeiros aviadores portugueses em Macau: 1924-1934”, editado em 1999.

O livro começa de uma forma muito peculiar. “Crónicas de uma viagem de 31 dias (em 1977) – Lisboa – Paris – Bangkok – Hong Kong – Macau – Hong Kong – Paris – Genebra – Lisboa, 26751 km de avião, 140 km de barco, 285 km de automóvel em Macau”. Ao folhearmos “Viagem a Macau”, podemos ver, aqui e ali, diversos apontamentos sobre os trajectos e as visitas de Vasco Callixto a Oriente.

O jornalista – que em Macau entrevistou o piloto Ricardo Patrese, vencedor do Grande Prémio de. Macau em 1977 – escreve: “Com as suas tão reduzidas dimensões, ‘perdido’ no ‘outro lado do Mundo’, Macau é realmente um pequeno mundo luso-chinês nas lonjuras do Oriente, um pequeno milagre que resistiu a uma hecatombe”.

Vasco Callixto conheceu diversas personalidades do território. Passeou de riquexó, deambulou pelos becos e ruelas do centro histórico e teve a ajuda de Frederico Nolasco que lhe colocou à disposição “um esplêndido Audi 100 LS, o M-88-36”. Foi à Gruta de Camões e subiu na Colina da Penha onde teve “a melhor vista sobre a China”. Portas do Cerco, Ilha Verde, Fortaleza do Monte, Farol da Guia e por aí fora. Durante 21 dias, Callixto percorreu cada esquina de Macau, naquela altura com pouco mais de 240 mil habitantes.

“Há em Macau certas ruas, formando um bairro, que são ruas cem por cento ‘chinesas’. E a dois passos do centro da cidade. Basta andar um pouco, quase nada mesmo, a partir do Largo do Senado, para o lado do Mercado de S. Domingos, que logo se encontram”. Desta forma, o jornalista descreve uma das zonas, ainda hoje, mais pitorescas de Macau: os tin-tins, onde se encontram ruas emblemáticas como a dos Mercadores, a das Estalagens ou a dos Faitiões.

Amadora, a família e o Alentejo

Vasco Callixto nasceu a 12 de Janeiro de 1925 na então vila da Amadora, em Portugal. Cresceu e viveu na famosa Rua Elias Garcia, a antiga Estrada Real que ligava Lisboa a Sintra. Jornalista e escritor nas áreas do turismo, também se dedicou ao desporto automóvel e até à aviação. Colaborou em diversos jornais e revistas desde os anos de 1940, tendo passado pela revista Turismo e pelos jornais Diário de Notícias e O Século. Foi director, por 20 anos, da revista Rodoviária.

Numa entrevista concedida ao jornal Público este ano, Callixto afirmou que herdou o prazer das histórias e das viagens do avô Carlos Callixto, primeiro jornalista desportivo português e igualmente deputado durante a I República, mais concretamente na Assembleia Nacional Constituinte de 1911.

Entre as outras obras que publicou destacamos ainda “Fala a Velha Guarda – I Volume” (1962) – o seu primeiro livro -, “Pelas Estradas da Europa” (1965), “Viagem às Terras do Sol da Meia-Noite” (1966), “Viagem até às Portas da Ásia” (1969), “Viagem Transafricana” (1972), “Viagem à Índia” (1985), “Por Estradas da Venezuela” (1989) ou “Uma Volta ao Mundo em Português” (1996), onde relata de forma detalhada os lugares por onde foi passando ao longo da sua vida quase centenária. Dedicou ainda atenção à história da aviação na Amadora, a localidade que o viu nascer, tendo considerado nas suas obras a aviação como sendo um capítulo importante na história da localidade que passou a ser cidade em 1979.

Em 1964, foi o primeiro português a conduzir até ao Cabo Norte o primeiro veículo automóvel construído em Portugal. Durante a sua vida visitou mais de 70 países. Foi também vogal do Instituto Bartolomeu de Gusmão, pertencente à Sociedade Histórica da Independência de Portugal.

Com raízes alentejanas, de Serpa, Vasco Callixto publicou em 2005 o livro “Uma Família de Serpa”, onde conta as origens da sua família desde meados do século XVIII, com destaque para seu bisavô António Carlos Callixto e para seu avô Carlos Callixto.

O Município da Amadora manifestou, entretanto, o seu profundo pesar pelo falecimento do escritor que nasceu naquela cidade em 1925, à altura pertencente ao concelho de Oeiras.

Já em tempo de pandemia de Covid-19, é agraciado com o grau de Comendador da Ordem do Mérito, pelo Presidente da República Marcelo Rebelo de Sousa, a 29 de Junho de 2020. Gonçalo Pinheiro – Macau in “Ponto Final” com “Lusa”


Sem comentários:

Enviar um comentário