Mafalda Frederico foi a vencedora do escalão dos mais novos com um conto sobre um rei esquizofrénico e o seu psicólogo. O Prémio de Literatura Juvenil Ferreira de Castro, que vai já na sua 40.ª edição, procura promover a literacia e a valorização do desenvolvimento pessoal e social dos jovens dos 12 aos 20 anos. Foi a primeira vez que um aluno da EPM recebeu a distinção
A
aluna da Escola Portuguesa de Macau (EPM) Mafalda Geraldes Xavier Frederico foi
vencedora na 40.ª edição do Prémio de Literatura Juvenil Ferreira de Castro, no
escalão A (dos 12 aos 15 anos) com o texto literário intitulado “Viagem à corte
de D. Filipe 1,5 de Portugal, o rei esquizofrénico”. Para além da distinção, a
aluna arrecada ainda um prémio monetário de 1000 euros (sensivelmente 9.080
patacas).
O
anúncio dos premiados aconteceu no passado dia 5 de Janeiro, em formato online,
devido à pandemia de Covid-19 e a autora deixou uma mensagem gravada,
agradecendo a distinção. “A atribuição deste prémio foi uma agradável surpresa
para mim e é um incentivo para continuar a escrever. É para mim uma grande
honra e também uma grande responsabilidade receber este prémio. A minha
história é sobre um rei esquizofrénico numa corte que decide arranjar-lhe um
psicólogo que, por acaso, tem um problema inverso ao dele. Acho que é uma
histórica metafórica porque explora a diferença entre estas duas personagens e
mostra também que não é o que está à superfície que conta. Quero dar também os
parabéns a todos os premiados e agradecer à Associação e ao Município de
Oliveira de Azeméis, fazendo votos de longa vida para este prémio”, disse
Mafalda Frederico.
Do
lado da Escola Portuguesa de Macau, o director Manuel Peres Machado também se
mostra satisfeito com a distinção da aluna da instituição. “Naturalmente, é
motivo de orgulho para a escola e partilhamos com a aluna esse orgulho.
Trata-se de um prémio muito importante com o nome de um dos nomes mais
importantes da literatura portuguesa”, admitiu ao Ponto Final
Salientando
que esta “boa notícia vem ao encontro da estratégia de reforço da questão da
leitura, da escrita e da investigação por parte da escola”, o director da EPM
destaca que “o merecimento é todo da aluna e de quem a acompanha”.
A organização do evento recebeu este ano 26 trabalhos a concurso, dos quais 19 obras foram de jovens dos 16 aos 20 anos (Escalão B). Vítor Amorim, presidente da Associação do Prémio de Literatura Juvenil, referiu ainda, durante a cerimónia de entrega dos prémios que, para além de Macau, Portugal participou em peso, mas também “chegaram trabalhos da Suíça, França e Brasil”.
Para
além de Marta Frederico, no escalão A foi ainda atribuída uma menção honrosa a
Madalena de Menezes Santos, do Liceu de Oeiras, em Portugal, pelo texto “Menina
estás à janela”.
No
escalão dos mais velhos o vencedor foi Vasco Moreira Santos Souto da Cruz,
aluno da Escola Secundária de Peniche, que arrecadou o primeiro prémio com o
trabalho “Jaulas de Sentimentos”. Duas menções honrosas foram entregues a Maria
Soares da Silva Valente, da Faculdade de Direito da Universidade do Porto, com
“Mafalda”, e a Marta Gaspar Martins, de Póvoa de Santa Iria, com a obra “O
Verão de Clara”.
Neste
prémio, reiterou a organização, “os jovens são desafiados a mostrar a sua
qualidade literária, promovendo-se a literacia e a valorização do
desenvolvimento pessoal e social dos jovens”.
Recorde-se
que a iniciativa é destinada aos jovens portugueses e luso-descendentes das comunidades
portuguesas, a jovens portugueses residentes no estrangeiro e a jovens dos
Países Africanos de Língua Oficial Portuguesa (PALOP), nas faixas etárias dos
12 aos 15 anos para o Escalão A e dos 16 aos 20 anos para o Escalão B.
Na
presente edição os géneros a concurso foram o conto e o relato de viagem. A
edição contou com o Alto Patrocínio do Presidente da República, Marcelo Rebelo
de Sousa.
O
prémio é organizado pela Associação do Prémio Nacional de Literatura Juvenil
Ferreira de Castro e promovido pelo Agrupamento de Escolas Ferreira de Castro,
com o apoio da Câmara Municipal de Oliveira de Azeméis.
Para
além da presença dos premiados, a cerimónia online contou ainda com uma
comunicação de Ricardo António Alves, director do Museu Ferreira de Castro, em
Sintra, um profundo conhecedor da obra do patrono do Agrupamento de Escolas de
Ferreira de Castro. O júri do prémio foi constituído por João Ribeiro (escritor
e editor), José Carlos Soares (escritor e professor) e Elisabete Tavares
(professora).
O
regulamento da próxima edição já se encontra disponível e os concorrentes podem
enviar os seus trabalhos até ao dia 31 de Maio. A novidade deste ano prende-se
com a forma de envio que será realizada a partir de um link disponibilizado
pela organização, que assim agiliza todo o processo de entrega de trabalhos.
José
Maria Ferreira de Castro, nascido em Oliveira de Azeméis a 24 de Maio de 1898,
foi um escritor português. Consagrou-se como ficcionista, apesar de também ter
sido jornalista. É um autor, percursor do neorrealismo, com obra traduzida no
mundo. A sua mais conhecida obra “A Selva”, publicada em 1930, chegou a ser
candidata ao Prémio Nobel da Literatura e possibilitou-lhe o ingresso no Pen
Clube francês. O livro foi adaptado ao cinema em 2002, numa realização de
Leonel Vieira tendo como protagonistas o português Diogo Morgado e os
brasileiros Maitê Proença e Chico Diaz. Gonçalo Pinheiro – Macau in “Ponto
Final”
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