O músico Hebral, nome artístico de Hélio Cabral, lançou o seu primeiro EP, “Miragem”. Uma compilação de seis faixas que marca o início de uma nova fase na carreira do artista. O EP, segundo avançou ao A Nação, é uma fusão de géneros contemporâneos e mistura ritmos africanos e brasileiros
Após
alguns anos de inconstância, Hélio Cabral volta à carga com um trabalho,
segundo ele, mais profissional e que marca uma nova largada na sua carreira
musical.
“Miragem”,
como diz, nasceu no último ano, embalado pela pandemia da covid-19. “Por isso
eu digo que a pandemia teve um lado bom, pois fez despertar em mim algo que
sempre tive por dentro, que é fazer mais pela música, entrar no contexto de
empreendedor e fazer da música uma forma também de subsistência.
Pesquisei,
estudei e fiz um investimento para ter este trabalho hoje”, explica. Um
trabalho inteiramente produzido pelo próprio cantor e compositor, a partir de
um pequeno estúdio em sua casa, desde as composições e todo o trabalho de
produção, incluindo beats e arranjos. “Junta géneros contemporâneos, com uma
fusão entre ritos africanos, brasileiros, especialmente do funk.
São
influências que eu tive durante todo o processo pesquisa”, adianta. Com este
EP, o artista quer que, para além de cantor, as pessoas conheçam Hebral também
como produtor, compositor e como pessoa que quer empreender na área da
indústria musical.
“O
trabalho foi todo desenvolvido pela minha gravadora ‘Nhakusom Entretainment’,
que está também no seu processo inicial. É um início, mas como se diz, é
preciso fazer alguma coisa para que as pessoas vejam e comecem a acreditar”,
explicou.
Sem
catalogar muito o seu trabalho, diz que a definição que maior se adequa é o
World Music, por ter influência de vários géneros musicais. “Não me fecho em um
único género, nem tão pouco vou retrair a minha parte criativa.
Faço
aquilo que me faz bem, trago um pouco daquilo que tem sido novidades, com os
olhos e ouvidos no mercado.”
Para
além de quatro faixas inéditas, o EP traz um remix do single “Maré”, lançado há
oito anos e um bonus track, intitulado Tempu. A escolha deve-se ao facto de ser
uma das músicas mais acarinhadas pelo público, segundo o artista.
Novo
Hebral
“Miragem”,
segundo diz, é o início de uma nova era na carreira de Hebral. “Muita gente que
gosta da minha música por vezes já me viu como uma pessoa desligada ou
descomprometida. Eu tive os meus motivos. Mas hoje, quero que elas olhem para
mim e vejam que estou 100% comprometido”, garante.
“Mais
presente” no ramo, produzindo a sua própria carreira, mas também dando
oportunidade para novos talentos, que também estão comprometidos e gostam de
fazer música de forma profissional.
O
single que dá nome ao conjunto – Miragem – , diz o autor, é a faixa mais
criativa em termos de arranjo e melodia, e representa algo abstrato, do
imaginário.
Entretanto,
quando aplicado ao EP no seu todo, retrata o alcance de um sonho, que há dois
anos parecia impossível.
“É
aquilo que eu via como algo que não era palpável. Mas na minha intuição, podia
conseguir algo visível e que as pessoas pudessem ouvir. Então o que fiz foi
tirar para fora aquilo que eu estava idealizando”, explica.
“Este
EP representa tudo para um amante da arte, no caso da música, porque sempre foi
a minha grande paixão. Teve momentos em que ela não foi a minha prioridade por
causa dos estudos e do trabalho, mas, hoje mais do que nunca, não sei viver sem
música e não me vejo a abdicar dela por causa de uma outraprofissão.
Esse
EP é tudo para mim e tem tudo de mim.” Apesar de, no momento, a prioridade seja
a disponibilização e promoção do EP, Hebral pensa em mais tarde trazer
videoclipes, tendo em vista que “as coisas se convergiram de forma muito
rápida. “Se não fazemos videoclipes ficamos para trás”, reconhece.
Direitos
de autor
O
artista, que está na fase de registo do seu trabalho na Sociedade Cabo-verdiana
de Música (SCM), ressalta que, hoje em dia, mais do que nunca, músicos e
fazedores de arte têm de buscar informação e formas de estar com seus direitos
salvaguardados.
Em
Cabo Verde, diz, é preciso dar mais atenção a esta prática: “Ainda de forma
tímida temos visto algumas campanhas no sentido e acho que estão num bom
passo”.
Quem
é Hebral?
Hélio
Cabral nasceu no bairro do Paiol, na Cidade da Praia. Com menos de 12 anos começou
a ganhar interesse pela música, em particular pela guitarra. Sem contacto
direto com a música em casa, frequentava a casa do tio, no mesmo bairro, onde
ganhou as primeiras experiências.
No
liceu, de forma autodidata, adquiriu mais conhecimentos, também em termos de
voz e, com 19 anos, participou de um concurso da Rádio Praia FM, com duas
faixas autorais, gravadas na sala multimédia da universidade onde cursava
ciências da comunicação.
Um
trabalho feito em condições amadoras, mas que ganhou a aprovação dos ouvintes.
“Foi
uma época que me marcou muito. Entretanto, a partir daí as prioridades sempre
foram os estudos e o trabalho.
Consegui
gravar uma música há oito anos, mas de forma ainda inconstante. Hoje tenho um
trabalho profissional, que vai estar no mercado”, declara.
Para
além da música, Hélio é animador da RCV+ e já conta com 14 anos de casa, também
como apresentador de televisão. Natalina Andrade – Cabo Verde in “A Nação”
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