O Governo timorense e uma empresa de Singapura assinaram o acordo do maior projecto de investimento privado no país, de cerca de 700 milhões de dólares, que começou a ser negociado em 2008
O
projecto prevê um investimento de 700 milhões de dólares do Pelican Paradise
Group para o desenvolvimento de um complexo turístico, numa área de
aproximadamente 550 hectares, entre Tasi Tolu e Tibar, na zona oeste da capital
timorense.
O
projeto inclui unidades hoteleiras, um campo de golfe, lotes residenciais, um
centro de desenvolvimento para jovens, uma escola internacional, um hospital
internacional e centros comerciais, com uma área de construção de apenas 12%,
numa zona marcada por espaços verdes, grandes espaços de reflorestação e
jardins.
“Quero
congratular a coragem, determinação e paciência mostrada ao longo destes anos
pelo senhor Edward Ong, presidente do Pelican Paradise Group. Os investidores
normalmente não esperam tanto tempo, e por isso o nosso agradecimento especial
por continuar empenhado em desenvolver Timor-Leste”, o ministro coordenador dos
Assuntos Económicos timorenses, disse Joaquim Amaral.
Joaquim
Amaral considerou a assinatura um “marco histórico”, depois de um longo
processo negocial que começou na altura do IV Governo e que se conclui com o
VII Governo. “Agradeço a todas as partes que contribuíram ao longo deste tempo
para a concretização deste projeto, desde 2008 até hoje, dando segurança ao que
é um investimento de grande dimensão da empresa Pelican Paradise”, frisou, afirmando
que a empresa se compromete a iniciar os trabalhos no terreno num espaço de
três meses.
José
Edmundo Caetano, vice-ministro da Justiça confirmou que o acordo inclui o
arrendamento durante 50 anos de 550 hectares de terrenos do Estado, divididos em
19 lotes, por um valor anual de cerca de 1,3 milhões de dólares, com o contrato
a ser renovável por mais 49 anos.
O
governante sublinhou a importância de projetos como estes para a criação de
emprego e para a promoção da economia nacional, apelando aos responsáveis da
empresa para que façam o melhor uso possível dos terrenos do Estado.
Edward
Ong, presidente do Pelican Paradise Group reafirmou o empenho no projeto
mostrado pelos principais líderes timorenses e por vários Governos, permitindo
avançar com um investimento que permitirá criar 30 mil empregos. “A assinatura
é o começo de vários desafios, marcando o arranque da construção. Para
continuar um projeto desta magnitude temos que continuar a trabalhar de mãos
dada, para responder aos desafios, incertezas e garantir a sua conclusão para o
benefício do país”, disse. “Quando assinamos o primeiro acordo em 2008
estimámos que o projecto custaria 250 milhões de dólares O projeto foi revisto
e melhorado desde aí e com novos parceiros e projetos o valor total atinge
agora os 700 milhões de dólares”, recordou. O investidor frisou que apenas 18%
de toda a zona do projeto será para construção, com os restantes 82% a serem
para reflorestação, agricultura e um campo de golfe.
Fidelis
Magalhães, ministro da Presidência de Conselho de Ministros, disse que este é
um investimento “de interesse nacional” que ajuda a avançar nos esforços de
diversificação da economia nacional. “Este investimento é estratégico, aumenta
as receitas não petrolíferas e permite fortalecer as bases da economia
nacional”, frisou.
Apesar
de compromissos de vários Governos, o projeto foi afetado por sucessivos
obstáculos burocráticos e políticos, primeiro em torno do licenciamento
ambiental, mas também sobre o Acordo de Investimento. Um dos aspetos mais
difíceis prende-se com a situação de milhares de pessoas que, ilegalmente,
ocuparam terrenos que pertencem ao Estado naquela zona. Este número tem vindo a
aumentar com a crescente expansão da capital, com a migração de pessoas da zona
rural, mas também pela motivação, para alguns, da possibilidade de virem a
receber compensações para sair do local.
A
assinatura do acordo é o passo mais recente num longo e demorado processo que
se arrasta desde 2008, com vários avanços e recuos por parte das autoridades
timorenses e sucessivos Governos.
O
acordo chegou a estar para ser assinado no passado dia 17 de Dezembro, mas não
foi porque o ministro da Justiça, Manuel Cáceres da Costa não compareceu na
cerimónia, exigindo à última hora mais alterações. Na altura Edward Ong,
presidente do Pelican Paradise Group, manifestou críticas e desapontamento,
notando que o acordo – alvo de repetidas alterações – tinha sido acordado a 29
de setembro pelo Conselho de Ministros.
Novas
alterações foram fechadas em dezembro e o acordo de investimento acabou por ser
publicado no Jornal da República a 16 de Dezembro. Porém, 24 horas depois e na
cerimónia de assinatura, o ministro Coordenador dos Assuntos Económicos,
Joaquim Amaral, informou a empresa de que apenas parte do acordo poderia ser
assinado porque o ministro da Justiça pretendia acrescentar “novas cláusulas”
aos anexos.
O
grupo considerou que a posição do ministro representou “absoluta má fé, falta
de profissionalismo e falta de ética ao mais alto nível”, recusando-se a
assinar o documento com mudanças que não estavam na resolução aprovada e
publicada. No texto da resolução o Governo considera que o projeto, pelo seu
impacto económico e social, “pode não só contribuir para o desenvolvimento e
fortalecimento da economia nacional, através da criação de emprego, como ainda
constituir um empreendimento turístico de interesse para o país”, atraindo
potenciais investidores adicionais.
O
texto reconhece a falta de alojamento turístico, “em quantidade, diversidade e
qualidade”, comparativamente às nações vizinhas, que em parte pode ser
suprimida pelo projeto do Pelican Paradise. “Mais do que um mero resort para
turistas, o projeto apresentado valoriza-se, também, pela existência de
construções ligadas ao setor da saúde e da educação, bem como pela promoção da
sustentabilidade ambiental através da criação de zonas de parque florestal”,
sublinha. In “Ponto Final” – Macau com “Lusa”
Sem comentários:
Enviar um comentário