Locais usados para acolher pessoas infectadas e em quarentena durante a pandemia da covid-19 estão a ser agora utilizados em Timor-Leste para receber o grande número de doentes devido ao surto de dengue na capital, disse ontem fonte oficial
“Estamos
preocupados com a falta de espaço para acolher pacientes com dengue. E se Vera
Cruz ficar sobrelotada poderemos vir a usar o espaço de Tasi Tolu, que é uma
boa alternativa”, disse aos jornalistas a diretora-geral de Prestação de
Serviços de Saúde, Odete Viegas. O centro de Vera Cruz foi usado para acolher
pacientes moderados e graves e o centro de Tasi Tolu foi usado para quarentena.
O
país está atualmente com valores baixos de casos da covid-19, com apenas 15
casos activos em todo o país e sem qualquer hospitalização, com um total de 122
mortos e 19866 casos registados desde o início da pandemia.
As
novas medidas do Governo surgem quando as infraestruturas médicas da capital
estão a esticar ao máximo para responder ao surto, que já causou 10 mortes no
país desde o início do ano, o mesmo número de óbitos registado pela doença
durante todo o ano de 2020 e menos um que em 2021.
Dados
do Ministério da Saúde indicam que desde 1 de Janeiro já se registaram 593
casos, o que equivale a mais de metade dos 901 casos registados durante todo o
ano passado. O Ministério da Saúde registou quatro mortes em Ermera, duas em
Covalima e Díli e uma cada em Ainaro e Bobonaro.
A
taxa de mortalidade mais elevada, de 14,3% (mortos por número de casos),
regista-se em Bobonaro, seguindo-se Covalima com 8,3% e Ermera com 7%, com a
taxa de mortalidade a nível nacional a ser de 1,7% comparativamente aos 1,2% de
2021 ou 0,7% de 2020.
Além
de problemas de infraestruturas, o sistema de saúde está a deparar-se com
carências de médicos e outros profissionais de saúde, com a situação que se
poderá “agravar”, segundo Odete Viegas, nos próximos meses.
Neste
quadro, as autoridades estão a recorrer a organizações como a Cruz Vermelha de
Timor-Leste (CVTL) e a médicos da brigada cubana.
Historicamente,
os primeiros e os últimos meses do ano são os que registam maior incidência de
dengue, devido à época das chuvas, quando os mosquitos proliferam.
Os
dados do Governo mostram que o surto atual de dengue começou no início de
dezembro, com 225 casos registados nesse mês.
A
maioria dos casos (349) é febre dengue, com 31 casos de febre hemorrágica e 32
de “síndrome de dengue choque”, sendo estas duas as situações mais graves.
O
relatório do Ministério da Saúde explica que a grande maioria dos casos afetam
menores de 14 anos, com 45,7% dos casos registados em crianças com entre 5 e 14
anos, 34% entre crianças com idades entre 1 e 4 anos e 7,7% entre menores de 1
ano.
A
dengue, uma doença viral transmitida por mosquitos Aedes, tem um período de
incubação após a picada do inseto que pode variar entre três e 14 dias, sendo
tipicamente de quatro a sete dias.
É
geralmente acompanhada por sintomas como dor de cabeça, febre, exaustão, dores
musculares e articulares severas, glândulas inchadas, vómitos e erupções
cutâneas, com casos que variam desde infecções assintomáticas a quadros febris
e síndromes hemorrágicos com choque, os mais graves.
Ao
contrário da dengue, Timor-Leste registou êxitos significativos no combate a
outra doença transmitida por mosquitos, a malária, com o país sem registar
qualquer morte desde 2017, zero casos em 2018 e 2019 e apenas três casos de
infecção em 2020. In “Ponto Final” – Macau com “Lusa”
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