Miguel de Senna Fernandes revelou ao Jornal Tribuna de Macau que a Associação Promotora da Instrução dos Macaenses está a equacionar criar um serviço de apoio ao ensino de Língua Portuguesa, tendo em conta que as crianças que saem do jardim de infância não têm muitas vezes as competências linguísticas necessárias para transitar para um ensino no qual a língua veicular é a de Camões. Segundo disse, espera que este ano se concretizem algumas “metas”, mesmo que o serviço não comece a funcionar ainda no próximo ano lectivo. Agora, resta esperar pela resposta da Fundação Macau ao plano de orçamento para 2022 para que a associação possa contratar mais pessoal e “ir mais longe”
A
Associação Promotora da Instrução dos Macaenses (APIM) está a planear criar um
serviço de apoio ao ensino de Português, tendo em conta que há uma lacuna no
que respeita às competências linguísticas das crianças que saem do Jardim de
Infância D. José da Costa Nunes – segundo o presidente, esta pode ser “uma boa
solução” para o que diz ser um problema cada vez “mais premente”.
“Estamos
a equacionar criar espaços para dar maior apoio ao ensino da Língua Portuguesa.
Sabemos que há alguma dificuldade, porque há alunos que saem do Costa Nunes e
cujos pais querem que entrem para a Escola Portuguesa de Macau (EPM), mas
muitas vezes as crianças que saem dali não têm as competências linguísticas
próprias para suportar uma aprendizagem na EPM, onde a língua veicular é o
Português”, disse Miguel de Senna Fernandes ao Jornal Tribuna de Macau.
Segundo
explicou, essas competências não existem porque tecnicamente não se ensina no
jardim de infância. “Chamamos alunos às crianças, mas as crianças não têm
nenhuma actividade discente, não há uma aprendizagem como no ensino primário. É
tudo pensado para que as crianças desenvolvam outro tipo de competências como
brincar e socializar”, prosseguiu.
Na
última assembleia geral da APIM esta foi a solução que começou a ser
equacionada para tentar responder à situação. Miguel de Senna Fernandes
ressalvou que não há ainda nada de concreto, mas assegurou que este ano vão
acertar metas para que a ideia se possa tornar realidade. “Isto não precisa de
ser só para as crianças que saem do Costa Nunes e querem transitar para a EPM,
pode ser para crianças que só aprenderam chinês e queiram candidatar-se a um
lugar a EPM, por exemplo. Talvez possamos ser um serviço útil para os pais
nesse sentido”, acrescentou.
“Gostaria
de ver muita coisa concretizada [este ano], mesmo que o serviço não funcione já
no próximo ano lectivo. Pelo menos, que haja condições para que o plano seja
efectivamente concretizado. Eu aposto muito nisto. Acho que é um serviço útil
que a APIM quer prestar, não só para a comunidade portuguesa, mas para a
população em geral. Há uma procura pela aprendizagem de Língua Portuguesa e
isso não é algo de menosprezar em Macau. Talvez seja uma boa solução e um plano
bastante atraente”, observou Miguel de Senna Fernandes.
Questionado
sobre se será necessário arranjar novos espaços físicos para que este projecto
comece a andar, Senna Fernandes disse que o objectivo é “reaproveitar”:
“Estamos a equacionar um espaço na parte nova do Costa Nunes. Talvez possa ser
uma boa solução, mas para isso temos de apetrechar o último piso e fazer
daquilo um espaço para fins educativos, um espaço multiusos, e talvez assim
possamos dar resposta a um problema cada vez mais premente”.
A
APIM já apresentou a proposta de orçamento para 2022 à Fundação Macau, que
recentemente alterou a política de atribuição de subsídios. Senna Fernandes
disse esperar que não haja cortes nos apoios concedidos à associação que lidera
– resta esperar pelo resultado da avaliação do pedido.
“A
APIM precisa de funcionar e para isso precisamos de pagar às pessoas para porem
a máquina administrativa a funcionar e precisamos de mais recursos humanos,
estamos empobrecidos neste aspecto. Precisamos de contratar mais pessoal para
que a APIM possa ir mais longe e não só em termos do Costa Nunes, como dos
novos planos previstos”, afirmou. Actualmente, a APIM conta com três
profissionais, sendo necessárias mais uma ou duas pessoas para “fortalecer” a
máquina administrativa para que a associação possa “tutelar” o jardim de
infância.
Questionado
sobre os apoios concedidos ao Jardim de Infância D. José da Costa Nunes, Senna
Fernandes explicou que agora são atribuídos ao abrigo do Fundo de
Desenvolvimento Educativo, garantindo que são suficientes.
Recorde-se
que em Fevereiro do ano passado alguns membros da Comissão de Acompanhamento
para os Assuntos de Finanças Públicas da Assembleia Legislativa tinham
questionado o Governo sobre a atribuição de apoios por parte da Fundação Macau.
Na altura, Wu Zhiliang disse que se o Jardim de Infância D. José da Costa Nunes
continuasse a ser subsidiado pela Fundação Macau haveria “falta de
razoabilidade e justiça”, já que a escola integra a rede de ensino gratuito. Catarina
Pereira – Macau in “Jornal Tribuna de Macau”
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