Cinco
investigadores do Centro de Ecologia Funcional da Universidade de Coimbra (UC)
participaram na criação da primeira base de dados global, aberta e dinâmica,
sobre polinização de culturas agrícolas, um projeto internacional que reúne
mais de uma centena de cientistas.
Designada
CropPol, esta base de dados,
que é coordenada por dois investigadores da Estação Biológica de Doñana - CSIC,
Espanha, inclui informação sobre 48 culturas agrícolas distribuídas por 3000
localidades de cinco continentes e 32 países ao longo de três décadas, e
permitirá compreender de que forma muda a importância dos polinizadores,
dependendo da cultura e da região de estudo. Também possibilitará identificar
culturas e regiões para as quais existem poucos dados, estimulando a recolha de
informações para suprir essas lacunas de conhecimento.
Sabe-se
que 75% das culturas agrícolas mundiais dependem, total ou parcialmente, de
polinizadores para a produção de alimento. No entanto, apesar dos grandes
progressos no conhecimento sobre os efeitos dos polinizadores na produtividade
agrícola, a capacidade de prever as taxas de visita e a produtividade ainda é
limitada, devido à grande variação observada entre colheitas, anos e regiões.
Assim, a CropPol foi criada para compilar os dados de polinização de
culturas disponíveis em estudos científicos publicados em todo o mundo e, dessa
forma, aglomerar o conhecimento e ajudar a prever os serviços de polinização.
De
acordo com Sílvia Castro, investigadora do Centro de Ecologia Funcional da UC,
«esta base de dados oferece aos investigadores uma oportunidade única para
explorar padrões e tendências globais e trabalhar em soluções de gestão
sustentável e valorização da biodiversidade».
A
investigadora sublinha que a polinização das culturas «é um dos muitos
benefícios que o ser humano obtém diretamente da natureza, além da regulação do
clima ou purificação da água, entre outros. No entanto, as alterações no uso do
solo, juntamente com outras pressões induzidas pelo ser humano, como as
alterações climáticas, estão a acelerar a extinção de muitas espécies animais,
o que compromete dramaticamente a interação entre plantas e polinizadores». Por
isso, acrescenta, «compreender como funciona a polinização das culturas
agrícolas é crucial para encontrar soluções mais sustentáveis».
Os
dados são de acesso aberto e estão acessíveis a todos os cidadãos e
instituições – científicas ou não. «Qualquer pessoa ou entidade, desde ONG até
entidades da administração pública, pode aceder à informação e utilizá-la para
perceber padrões globais, entender a polinização de uma cultura de importância
local ou responder a novas questões. Para além de ser de acesso aberto, a base
de dados terá uma natureza viva, ou seja, estará em contínuo crescimento e
atualização. Cientistas e instituições que desejem contribuir com novos
conjuntos de dados sobre polinização podem adicioná-los facilmente à base de
dados», referem os coordenadores da CropPol.
Para
divulgar a base de dados, construída no âmbito do projeto OBServ, financiado pelo Fórum
Belmont 2017-2018 e BiodivERsA, a equipa internacional trabalhou num artigo
científico, publicado na conceituada revista Ecology.
Os dados recolhidos na CropPol serão usados para prever o nível de
polinização esperado em diferentes culturas em todo o mundo. «Quantificar
polinizadores e os seus serviços consome muito tempo e só pode ser feito para
um pequeno número de campos de cultivo. Se pudermos usar um conjunto de
variáveis fáceis de medir, como a quantidade de habitat natural ou precipitação
para prever os níveis de polinização, será um grande avanço», explica Alfonso
Allen-Perkins, autor principal do artigo científico. Universidade de Coimbra
- Portugal
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