Pintura Arq. Eduardo Moreira Santos, Lx (28.08.1904 - 23.04.1992)

quinta-feira, 13 de janeiro de 2022

Brasil – Arqueólogos encontram objetos de até 300 anos sob praça do município de Mariana

Moedas, louças e outros artefatos que datam desde o século 18 foram achados durante obras de compensação pelo rompimento da barragem de Fundão em 2015


O município de Mariana (MG) acabou conhecido pelo rompimento da barragem de Fundão em novembro de 2015, que resultou no pior desastre ambiental do Brasil. Seis anos após o ocorrido, a cidade virou palco de uma descoberta de artefatos do século 18 encontrados na praça Gomes Freire, uma das atrações turísticas da cidade.

Os achados ocorreram durante obras de requalificação executadas no terreno como forma de compensação pelo rompimento da barragem. A iniciativa faz parte dos compromissos firmados entre a Fundação Renova e a prefeitura local para aumentar o potencial turístico e socioeconômico da região.

Entre os itens descobertos estão louças, cravos de ferro, vidros de tinteiros e cachimbos de cerâmicas usados por escravos no século 18, no início da ocupação da cidade. Também foram encontradas moedas de vários períodos, provavelmente depositadas pela antiga população em um chafariz na intenção de fazer pedidos e realizá-los.

Além de evidências antigas, foram localizados itens mais recentes como fragmentos de garrafas de vidro e pingentes de metais — dois possíveis sinais do uso atual da praça. E as descobertas não pararam por aí: havia ainda bolinhas de gude e cabeças de bonecas de porcelana, que mostram a contínua ocupação do jardim como área de lazer das crianças.


Para Danielle Lima, especialista em arqueologia da Fundação Renova, os achados permitem contar um pouco mais sobre comportamentos, costumes, religiões e relações sociais e econômicas da população da região nos séculos passados.

“Esse foi um trabalho cuidadoso de pesquisa arqueológica, no qual conseguimos evidenciar e registrar com detalhes os fragmentos e todas as estruturas encontradas, evidenciando assim, a apropriação da comunidade no espaço ao longo do tempo”, diz a profissional, em comunicado.

Ângelo Lima, arqueólogo coordenador-geral das pesquisas, conta que mesmo antes da área sofrer intervenções para virar praça, a população já utilizava o espaço com intensidade, conforme comprovam os vestígios.

“Fragmentos de vasilhas de pedra sabão, louça e cerâmica, por exemplo, mostram que desde o século 18 as pessoas utilizavam a praça em momentos festivos para se alimentarem”, afirma Ângelo Lima, que cita ainda a presença de vasilhas quebradas e ossos de porco, boi e de frango.


Estrutura da praça

Além dos artefatos, a pesquisa revelou que o subsolo da praça Gomes Freire é cortado por galerias de pedra, que possivelmente foram usadas para transportar água para o abastecimento das casas e chafarizes do centro histórico de Mariana.

Segundo a Fundação Renova, as estruturas foram registradas antes de serem desmanchadas para implantar novas e, em alguns casos, foi possível preservá-las intactas. Já os achados serão catalogados, identificados e entregues ao Museu de Ciências Naturais da PUC Minas, em Belo Horizonte, onde ficarão armazenados para futuros estudos.

Discussões coletivas e de participação popular foram consideradas para tomar decisões sobre a praça, desde a concepção à execução da obra, aprovada pelo Instituto do Patrimônio Histórico e Artístico Nacional (Iphan). “As intervenções na praça respeitaram o valor histórico, simbólico e afetivo do local e permitiram melhorias na acessibilidade, iluminação e paisagismo”, diz a fundação. In “Revista Galileu” - Brasil






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