Moedas, louças e outros artefatos que datam desde o século 18 foram achados durante obras de compensação pelo rompimento da barragem de Fundão em 2015
O
município de Mariana (MG) acabou conhecido pelo rompimento da barragem de
Fundão em novembro de 2015, que resultou no pior desastre ambiental do Brasil.
Seis anos após o ocorrido, a cidade virou palco de uma descoberta de artefatos
do século 18 encontrados na praça Gomes Freire, uma das atrações turísticas da
cidade.
Os
achados ocorreram durante obras de requalificação executadas no terreno como
forma de compensação pelo rompimento da barragem. A iniciativa faz parte dos
compromissos firmados entre a Fundação Renova e a prefeitura local para
aumentar o potencial turístico e socioeconômico da região.
Entre
os itens descobertos estão louças, cravos de ferro, vidros de tinteiros e
cachimbos de cerâmicas usados por escravos no século 18, no início da ocupação
da cidade. Também foram encontradas moedas de vários períodos, provavelmente
depositadas pela antiga população em um chafariz na intenção de fazer pedidos e
realizá-los.
Além
de evidências antigas, foram localizados itens mais recentes como fragmentos de
garrafas de vidro e pingentes de metais — dois possíveis sinais do uso atual da
praça. E as descobertas não pararam por aí: havia ainda bolinhas de gude e
cabeças de bonecas de porcelana, que mostram a contínua ocupação do jardim como
área de lazer das crianças.
Para
Danielle Lima, especialista em arqueologia da Fundação Renova, os achados
permitem contar um pouco mais sobre comportamentos, costumes, religiões e
relações sociais e econômicas da população da região nos séculos passados.
“Esse
foi um trabalho cuidadoso de pesquisa arqueológica, no qual conseguimos
evidenciar e registrar com detalhes os fragmentos e todas as estruturas
encontradas, evidenciando assim, a apropriação da comunidade no espaço ao longo
do tempo”, diz a profissional, em comunicado.
Ângelo
Lima, arqueólogo coordenador-geral das pesquisas, conta que mesmo antes da área
sofrer intervenções para virar praça, a população já utilizava o espaço com
intensidade, conforme comprovam os vestígios.
Estrutura da praça
Além
dos artefatos, a pesquisa revelou que o subsolo da praça Gomes Freire é cortado
por galerias de pedra, que possivelmente foram usadas para transportar água
para o abastecimento das casas e chafarizes do centro histórico de Mariana.
Segundo
a Fundação Renova, as estruturas foram registradas antes de serem desmanchadas
para implantar novas e, em alguns casos, foi possível preservá-las intactas. Já
os achados serão catalogados, identificados e entregues ao Museu de Ciências
Naturais da PUC Minas, em Belo Horizonte, onde ficarão armazenados para futuros
estudos.
Discussões
coletivas e de participação popular foram consideradas para tomar decisões
sobre a praça, desde a concepção à execução da obra, aprovada pelo Instituto do
Patrimônio Histórico e Artístico Nacional (Iphan). “As intervenções na praça
respeitaram o valor histórico, simbólico e afetivo do local e permitiram
melhorias na acessibilidade, iluminação e paisagismo”, diz a fundação. In “Revista
Galileu” - Brasil
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