A
calamidade natural que se abateu sobre a ilha de São Tomé destruiu o novo
sistema de captação e de tratamento de água potável que alimentava a cidade de
Neves, capital do distrito de Lembá e os seus arredores.
A
situação de falta de água potável, e o consumo da água do rio ameaça a saúde
pública de toda a região norte da ilha de São Tomé.
Face
à situação de calamidade, os habitantes de duas comunidades do interior do
distrito de Lembá, nomeadamente as roças Generosa e Ponta Figo decidiram
promover a cultura de D´junta Món – “Unir as Mãos para Vencer Desafios”.
O
Hotel Mucumbli localizado nas proximidades da roça Ponta Figo, foi o arquitecto
da iniciativa de união das duas comunidades agrícolas vizinhas da cidade de
Neves. Mãos à obra, os populares começaram a trabalhar no sentido de reabilitar
um sistema de abastecimento de água construído na era colonial.
A
nascente localizada a 8 quilómetros da Roça Ponta Figo, nunca secou, «nem na
estação seca a gravana, nem na estação das chuvas…», explicou Tiziano Pisoni em
entrevista ao Téla Nón.
Aliás
a nascente em causa e o sistema de distribuição de água construído na era
colonial foi na década de 90 do século passado reabilitado pela empresa de água
e electricidade, a EMAE.
Foi
sempre a principal fonte de água potável que alimentava as duas comunidades
populosas de Lembá, a Generosa e Ponta Figo assim como alguns bairros dos
arredores da cidade de Neves, incluindo o Hotel Mucumbli.
Após
a construção há cerca de 4 anos do novo centro de captação e de tratamento de
água nas margens do Rio Contador na cidade de Neves, o sistema colonial de
abastecimento de água a partir da nascente de Ponte Figo acabou por ser
abandonado.
As
enxurradas de 28 e 29 de Dezembro de 2021 destruíram por completo o novo centro
de captação e tratamento de água que alimentava toda a cidade de Neves e as
comunidades vizinhas.
O
sistema colonial de abastecimento de água a partir da nascente de Ponta Figo
volta assim a ser a única alternativa de acesso a água potável.
Tiziano
Pisoni disse ao Téla Nón que o trabalho cívico para reabilitar o sistema antigo
de abastecimento de água potável está bastante avançado. «Estamos a 400 metros
da nascente», confirmou.
O
hotel Mucumbli que tem recorrido a camiões cisternas para abastecer-se de água
garante os materiais e equipamentos para as obras de reabilitação do sistema de
abastecimento de água de Ponta Figo.
«Estamos
a fornecer todo material, os tubos, cimento, e demais equipamentos. A população
de Generosa e de Ponta Figo, assim como os trabalhadores da autarquia de Lembá,
garantem a mão-de-obra», explicou Tiziano Pisoni em declarações ao Téla Nòn.
A
nascente de água localizada nas montanhas que circundam Ponta Figo e Generosa
tem enorme reserva de água potável. Segundo Tiziano Pisoni apesar de a
canalização não ter grande diâmetro, a nascente explorada desde a era colonial
emite cerca de 5 metros cúbicos de água por hora.
É
muita água potável, que para além das comunidades de Ponta Figo e Generosa,
deverá como no passado alimentar o hotel Mucumbli e grande parte da cidade de
Neves.
«Pode
ser que haja possibilidade de abastecer a parte norte da cidade de Neves»,
precisou Tiziano Pisoni.
A
população de Lembá começa a trabalhar em equipa, em união, para conseguir
alternativas de abastecimento de água potável. Abel Veiga – São Tomé e
Príncipe in “Téla Nón”
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