Pintura Arq. Eduardo Moreira Santos, Lx (28.08.1904 - 23.04.1992)

domingo, 16 de janeiro de 2022

São Tomé e Príncipe - Comunidades de Lembá decidiram reabilitar o sistema colonial de abastecimento de água devido à tempestade


A calamidade natural que se abateu sobre a ilha de São Tomé destruiu o novo sistema de captação e de tratamento de água potável que alimentava a cidade de Neves, capital do distrito de Lembá e os seus arredores.

A situação de falta de água potável, e o consumo da água do rio ameaça a saúde pública de toda a região norte da ilha de São Tomé.

Face à situação de calamidade, os habitantes de duas comunidades do interior do distrito de Lembá, nomeadamente as roças Generosa e Ponta Figo decidiram promover a cultura de D´junta Món – “Unir as Mãos para Vencer Desafios”.

O Hotel Mucumbli localizado nas proximidades da roça Ponta Figo, foi o arquitecto da iniciativa de união das duas comunidades agrícolas vizinhas da cidade de Neves. Mãos à obra, os populares começaram a trabalhar no sentido de reabilitar um sistema de abastecimento de água construído na era colonial.

A nascente localizada a 8 quilómetros da Roça Ponta Figo, nunca secou, «nem na estação seca a gravana, nem na estação das chuvas…», explicou Tiziano Pisoni em entrevista ao Téla Nón.

Aliás a nascente em causa e o sistema de distribuição de água construído na era colonial foi na década de 90 do século passado reabilitado pela empresa de água e electricidade, a EMAE.

Foi sempre a principal fonte de água potável que alimentava as duas comunidades populosas de Lembá, a Generosa e Ponta Figo assim como alguns bairros dos arredores da cidade de Neves, incluindo o Hotel Mucumbli.

Após a construção há cerca de 4 anos do novo centro de captação e de tratamento de água nas margens do Rio Contador na cidade de Neves, o sistema colonial de abastecimento de água a partir da nascente de Ponte Figo acabou por ser abandonado.

As enxurradas de 28 e 29 de Dezembro de 2021 destruíram por completo o novo centro de captação e tratamento de água que alimentava toda a cidade de Neves e as comunidades vizinhas.

O sistema colonial de abastecimento de água a partir da nascente de Ponta Figo volta assim a ser a única alternativa de acesso a água potável.

Tiziano Pisoni disse ao Téla Nón que o trabalho cívico para reabilitar o sistema antigo de abastecimento de água potável está bastante avançado. «Estamos a 400 metros da nascente», confirmou.

O hotel Mucumbli que tem recorrido a camiões cisternas para abastecer-se de água garante os materiais e equipamentos para as obras de reabilitação do sistema de abastecimento de água de Ponta Figo.

«Estamos a fornecer todo material, os tubos, cimento, e demais equipamentos. A população de Generosa e de Ponta Figo, assim como os trabalhadores da autarquia de Lembá, garantem a mão-de-obra», explicou Tiziano Pisoni em declarações ao Téla Nòn.

A nascente de água localizada nas montanhas que circundam Ponta Figo e Generosa tem enorme reserva de água potável. Segundo Tiziano Pisoni apesar de a canalização não ter grande diâmetro, a nascente explorada desde a era colonial emite cerca de 5 metros cúbicos de água por hora.

É muita água potável, que para além das comunidades de Ponta Figo e Generosa, deverá como no passado alimentar o hotel Mucumbli e grande parte da cidade de Neves.

«Pode ser que haja possibilidade de abastecer a parte norte da cidade de Neves», precisou Tiziano Pisoni.

A população de Lembá começa a trabalhar em equipa, em união, para conseguir alternativas de abastecimento de água potável. Abel Veiga – São Tomé e Príncipe in “Téla Nón”


 

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