O
ministro dos Negócios Estrangeiros (MNE) português, João Gomes Cravinho
declarou que o interesse e empenho na aprendizagem da língua portuguesa no
Senegal “provavelmente não tem paralelo em qualquer outro país fora do espaço
lusófono”.
“Eu
creio que não haverá consciência daquilo que é a realidade da língua portuguesa
neste país”, afirmou João Gomes Cravinho, em contacto telefónico a partir de
Dacar, onde liderou a delegação portuguesa à 3.ª Comissão Mista
Luso-Senegalesa.
O
governante, que se manifestou “extremamente entusiasmado” por ter podido
testemunhar o interesse e empenho pelo português, após visitar o Centro de
Língua Portuguesa, da Universidade Cheikh Anta Diop, na capital senegalesa,
salientou que no Senegal existem atualmente cerca de 47 mil alunos de
português.
A
licenciatura em língua portuguesa naquela universidade senegalesa tem 2300
alunos inscritos, destacou.
“É
extremamente entusiasmante e para mim, também, enquanto ministro dos Negócios
Estrangeiros, obviamente que assumo como uma responsabilidade, porque estamos a
falar daquilo que é um esforço, apesar de haver o leitor de língua portuguesa,
algumas bolsas, mas é um esforço, sobretudo, do sistema educacional senegalês”,
sublinhou.
“Vamos
agora, regressando a Portugal, olhar para mecanismos para reforçar o nosso
apoio ao ensino da língua portuguesa no Senegal”, acrescentou.
Na
capital senegalesa, à margem da reunião da Comissão Mista, João Gomes Cravinho
foi recebido pelo Presidente senegalês, Macky Sall, e reuniu-se com a sua
homóloga, Aïssata Tall Sall.
A
3.ª Comissão Mista Luso-Senegalesa realizou-se quase uma década após a anterior
reunião.
João
Gomes Cravinho destacou a “clara disponibilidade da parte senegalesa no reforço
das relações com Portugal”, desde o Presidente da República, ministros dos
Negócios Estrangeiros, das Pescas, do Ambiente, reitor da Universidade Cheikh
Anta Diop, “todos a quererem claramente reforçar o relacionamento e reconhecer
que Portugal é um país com quem não há nenhum tipo de dificuldade”.
O
chefe da diplomacia portuguesa acrescentou que o Senegal “é um país cujo
potencial de cooperação é bastante superior àquilo que tem sido a realidade ao
longo dos anos”.
Nesse
sentido, antecipou uma “expectativa elevada” para a visita de Estado de Macky
Sall a Lisboa, prevista para finais de junho.
No
âmbito desta deslocação ao continente africano, o MNE vai ainda passar pelas
capitais da Gâmbia e da Mauritânia, tendo reuniões agendadas com os seus
homólogos hoje e no sábado de manhã, respetivamente.
Nas
declarações à Lusa, João Gomes Cravinho destacou a importância geopolítica
destes países.
“Acho
que é um erro não termos consciência permanente de que, para além de Espanha,
de França, de outros países europeus que são nossos vizinhos e com quem temos
relacionamento muito profícuo, nós temos para sul um conjunto de países:
Marrocos, Senegal, Mauritânia, Gâmbia, muitíssimo importantes numa perspetiva
daquilo que é geopolítica, na qual estamos inseridos e que infelizmente nós, ao
longo dos anos, talvez não prestemos suficiente atenção”, frisou.
Na
Gâmbia e na Mauritânia, o chefe da diplomacia portuguesa vai abordar a situação
no Sahel, que caracterizou como “uma região de grande instabilidade”.
Oportunidades
de negócios e de trabalho para empresas portuguesas são outro tema dos
encontros que manterá em Banjul e Nouakchott.
Ainda
relativamente à Mauritânia, João Gomes Cravinho disse que a relação bilateral
no âmbito da defesa e da segurança e o reforço no domínio da formação em
matéria de segurança e em outras áreas, como a administração pública, são temas
em agenda.
Acordos
Portugal
e o Senegal vão cooperar mais nos setores das pescas, portos e outras
atividades ligadas ao mar, e na formação nas áreas do turismo e da diplomacia,
revelaram dia 13 os ministros dos Negócios Estrangeiros dos dois países.
Em
declarações à imprensa em Dacar, onde decorreu a 3.ª Comissão Mista
Luso-Senegalesa, o ministro João Gomes Cravinho, e a sua homóloga do Senegal,
anunciaram a assinatura de memorandos e acordos nestas áreas e a preparação de
outros.
“Assinamos
dois acordos e as nossas equipas trabalharam na identificação de outras áreas
de cooperação”, revelou João Gomes Cravinho, numa declaração a que a Lusa teve
acesso, explicando que se trata de “um memorando para reforçar a formação
diplomática” entre as instituições dos dois países que trabalham a este nível,
e um acordo na área das infraestruturas.
O
ministro realçou a importância do mar e da fileira do pescado, entre outras
vertentes da economia azul, na cooperação entre Portugal e o Senegal, que tem
fronteira com a Guiné-Bissau, e revelou que o secretário de Estado do Mar, José
Maria Costa, e a secretária de Estado das Pescas, Teresa Coelho, identificaram
oportunidades para os dois países desenvolverem em conjunto nestas áreas.
Este
é “um setor em transformação”, frisou o ministro, e além das pescas há novas
oportunidades “por exemplo para explorar o mar para indústrias farmacêuticas e
cosméticas”.
A
ministra senegalesa reforçou que a economia do mar, a sua proteção, mas também
“a gestão e exploração dos portos“ são áreas da economia que os dois países
devem aprofundar. In “Mundo Lusíada” – Brasil com “Lusa”
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