Pintura Arq. Eduardo Moreira Santos, Lx (28.08.1904 - 23.04.1992)

terça-feira, 11 de abril de 2023

Macau - Vai acolher Fórum internacional das línguas chinesa e portuguesa

O 1º Fórum internacional das línguas chinesa e portuguesa, que decorrerá em Outubro na Universidade de Macau, vai ser “o ponto focal da interacção” entre os dois idiomas no mundo, disse Rui Martins, vice-reitor da instituição


O fórum vai reunir membros de duas alianças bibliotecárias académicas, que integram universidades chinesas e dos países de língua portuguesa (PLP), num total de 40 instituições, e que foram criadas por ocasião do 40º aniversário da Universidade de Macau (UM), em 2021, para serviços de empréstimo interbibliotecas e de transmissão de documentos.

“Temos aqui um portal na nossa biblioteca, uma plataforma digital, onde essas universidades têm colocado material em língua portuguesa para aprender português e as universidades chinesas têm colocado material em língua chinesa”, explicou à Lusa o vice-reitor para os Assuntos Globais da UM, Rui Martins.

“E isso é importante”, continuou, “porque apesar de haver muitas universidades da China que estão a oferecer português, um dos grandes problemas é a não existência de materiais didácticos em número suficiente”. Além disso, também em “Portugal, Brasil, Moçambique e outros países” de língua portuguesa “podem ter acesso a material em língua chinesa”.

O fórum, que se realiza entre 17 e 20 de Outubro, vai ser “o ponto focal da interacção das línguas portugueses e chinesas no mundo”, considerou o académico, referindo que esta é uma organização do departamento de língua portuguesa e do Instituto Confúcio, com o apoio da biblioteca da UM. Entre os temas em debate vão estar o ensino de português e chinês como línguas estrangeiras e estudos nas áreas de Linguística, Literatura, Cultura e Tradução.

Além das duas alianças bibliotecárias, 19 universidades de Macau, do Interior da China e dos PLP assinaram também, em Setembro de 2022, uma aliança para a área da investigação oceânica. Nos planos deste organismo, está a criação para breve de um laboratório de diversificação oceânica “entre a Universidade de Macau, a Universidade de Lisboa e um instituto em Qingdao”, cidade no leste chinês, referiu Rui Martins.

Pandemia não travou inscrições do exterior

A pandemia obrigou “bastantes alunos internacionais” da UM a anos de percurso académico à distância, disse o vice-reitor, referindo que, apesar das “condições difíceis”, as inscrições de fora aumentaram. “A pandemia nunca interrompeu a admissão de alunos internacionais, só que eles tiveram de o fazer em condições difíceis, através da plataforma ‘zoom’ e aulas ‘online’, porque nós demos sempre aulas ‘online’ até Dezembro”, referiu.

“Houve alunos de licenciatura que estiveram três anos fora e que só agora estão a regressar ao campus para o primeiro ano [presencial]”, continuou o responsável. “Com alguns alunos de mestrado as coisas foram um pouco suspensas, só agora estão a regressar para fazer a tese”.

Apesar disso, Rui Martins admitiu que houve “um pequeno aumento” das inscrições do exterior: “um pouco menos do que 30%”. “A previsão que eu tinha era multiplicar o número de alunos de cento e pico por cinco, para 500, e isso não conseguimos – se não houvesse pandemia quase de certeza conseguíamos este ano – mas aumentámos para perto de 200 e esses alunos internacionais ficaram fora [de Macau durante a pandemia]”, explicou.

Além destes estudantes internacionais, que completam integralmente os estudos académicos na UM, a instituição recebe alunos de intercâmbio – “à volta de 200” antes do aparecimento da covid-19. “E tínhamos um número igual de alunos nossos que iam fazer esse intercâmbio na Europa, EUA, etc, e isso com a pandemia foi a zero”, lembrou.

A UM tinha, no primeiro semestre deste ano lectivo, 7515 alunos em licenciaturas, 59 em pós-graduações, 3368 a fazer mestrados e 1836 doutorandos, num total de 12778 inscritos, de acordo com o ‘sítio’ da instituição. Um ligeiro aumento – quase 5% – em relação ao ano anterior (12208).

Cerca de 80 alunos são provenientes de países lusófonos, sendo que “talvez cerca de 80%” frequentem estudos na área do Direito, notou o vice-reitor. “Nós aqui somos apoiados pela Fundação Macau, aumentámos o número de bolsas que demos a alunos internacionais, que também cobre o numero de alunos africanos [dos PLP] e, portanto, espero que esse número venha a aumentar”.

Nos planos da universidade para os próximos três anos, avançou ainda, está um crescimento do volume de inscritos para entre “15 e 17 mil”, com a aposta a ser direccionada para cursos pós-graduados.

“Os alunos de pós-graduação vêm essencialmente da China”, declarou Rui Martins, considerando que a UM atrai “cada vez mais alunos de topo”. “Há cerca de dez, 20 anos, os alunos da China que se candidatavam aqui à universidade eram alunos medianos. (….) Agora compete com a [universidade de Pequim] Tsinghua, agora são alunos de muito alto nível que se candidatam, essencialmente para mestrado, mas também para doutoramento”, disse.

Sobre a oferta de língua portuguesa, o investimento passa por “manter os programas”, com o responsável a considerar a possibilidade de “recrutar mais professores” na área da Literatura. “Em tempos tivemos essa área, mas alguns professores foram embora e podemos tentar desenvolver mais essa área”, disse. In “Jornal Tribuna de Macau” – Macau com “Lusa”


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