Os livros de poesia “Chãos e outras arritmias” e “Rostos desabitados e fragmentos do escuro”, de Francisco Guita Jr. e Jeremias F. Jeremias, respectivamente, serão apresentadas no Camões – Centro Cultural Português em Maputo, esta quinta-feira, às 17:30h. As obras venceram, ex-aequo, o Prémio de Poesia Reinaldo Ferreira 2022, iniciativa da Gala-Gala Edições.
O
Prémio de Poesia Reinaldo Ferreira, em edição única, visava assinalar as
comemorações do centenário do poeta Reinaldo Ferreira (1922–2022), que realizou
toda a sua obra em Moçambique, e aqui morreu precocemente, vítima de um cancro
pulmonar, aos 37 anos de idade, a 30 de Junho de 1959. O júri do prémio foi
constituído, em duas etapas, pela bibliotecária Aissa Mithá, pelos escritores
moçambicanos Adelino Timóteo e M. P. Bonde, pelo poeta e professor
universitário brasileiro Ricardo Pedrosa Alves e pelo professor e ensaísta
moçambicano Cristóvão Seneta.
Sobre
“Chãos e outras arritmias”, de Guita Jr., de acordo com o júri, a poesia é
encantadora, que faz corpo com o chão, com a terra, carregada de sensualidade;
é, também, uma poesia que engloba o cosmos, numa vertente suportada pelo amor
mesmo quando se lhe denota um certo desencanto do sujeito poético em relação às
questões existenciais. Uma poesia firme, madura, dissecada com rigor e com
sinais de vir a sobreviver no tempo.
“Em
nota de prefácio, a professora brasileira Carmen Lucia Tindó Secco faz questão
de assinalar que Guita Júnior, na esteira de Knopfli, Patraquim, Drummond de
Andrade, Camões, é um grande poeta. ‘E é, também, não só um atento leitor da
vida, da história, das solidões, da existência, do amor e da morte, mas dos
silêncios e solitudes existentes nas entranhas líricas de sua obra poética’”,
lê-se na nota de imprensa.
Para
o júri, a obra “Rostos desabitados [e] os fragmentos do escuro”, de Jeremias F.
Jeremias, avança a mesma nota, é impecável. A construção de imagens é nítida e
inédita e há equilíbrio no conjunto e na atenção à sequência dos poemas no
livro. Jeremias trabalha sobre a percepção, explorando o poema como pensamento
e não como mensagem. Há condensação, ritmo, respeito ao poema como ente
“não-parafraseável” (Roubaud). “Rostos desabitados” é um trabalho criativo a
partir de elementos mínimos, básicos, como água, luz, pássaro.
A
sessão de apresentação de “Chãos e outras arritmias” e “Rostos desabitados”
estará a cargo dos escritores Lucílio Manjate e M. P. Bonde.
Francisco
Guita Jr. nasceu em Inhambane, em 1964. Inicia a sua actividade literária no
Xiphefo, Caderno Literário, em 1987, do qual é membro fundador. Estreia-se em
1997 com o livro de poesia “O Agora e o Depois das Coisas”. Em 2000, publica
“Da Vontade e de Partir” (Prémio FUNDAC – Rui de Noronha, 1999) e “Rescaldo”
(1.º Prémio de Poesia TDM – Telecomunicações de Moçambique, 2001). Lança em
Portugal e Moçambique, em 2006, “Os Aromas Essenciais”. Em 2020 publica, em
Moçambique e Angola, o livro “Da Pele do Rosto/ A Coisa do Tempo”.
Jeremias
F. Jeremias é natural de Gaza. Reside em Maxixe, em Inhambane. É licenciado em
Organização e Gestão da Educação pela Universidade Eduardo Mondlane e formado
em Ensino de Português, pela Universidade Pedagógica. Foi vencedor da primeira
edição do concurso “Prémio de Poesia Gala-Gala”, em 2020. In “O País”
- Moçambique
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