Susana Cerqueira trabalhou no Centro Alemão para Doenças Neurodegenerativas (Alemanha) e na Miller School of Medicine (EUA), dedicando-se aí ao estudo de lesões na medula espinal. Foi conselheira em Miami Dade para o (re)abrir de escolas na era covid, pivô local da Portuguese American Postgraduate Society e está agora na Universidade de Clemson, na Carolina do Sul
A
portuguesa começou a sua carreira académica na Universidade do Minho que a
entrevistou. Leia aqui a entrevista desta portuguesa que agora é investigadora
na Universidade de Clemson.
O que a levou a escolher Biologia Aplicada?
O
fascínio e a curiosidade em perceber como todos os processos que ocorrem na
Natureza estão interligados de forma perfeita. O meu professor de Biologia no
ensino secundário era um apaixonado pelo tema e contagiou-me com o seu entusiasmo.
Quando comecei a ter aulas práticas e percebi como se podem manipular os
sistemas biológicos, quer para compreender, quer para tentar reverter erros ou
patologias, senti que queria explorar essas possibilidades no futuro. O facto
de o curso de Biologia Aplicada na UMinho ter uma componente mais aplicada
diferenciou-o dos tradicionais cursos de outras faculdades.
Como passou de Biologia Aplicada para o doutoramento em
Engenharia de Tecidos, Medicina Regenerativa e Células Estaminais?
O
que me motiva mais em investigação científica é encontrar soluções para
problemas médicos. Este doutoramento do I3Bs pareceu-me ser uma boa opção para
aprender e desenvolver tecnologias inovadoras, nomeadamente o uso de
biomateriais multifuncionais como agentes terapêuticos e, também, como meio
para direcionar medicamentos a tecidos patológicos. As tecnologias que estão a
ser desenvolvidas nas áreas de engenharia de tecidos são muito promissoras!
Que momentos da vida universitária deixaram mais
saudades?
As
relações de amizade e a rede de apoio construída durante o percurso académico
são o que deixa mais saudades. Fiz grandes amigos durante a licenciatura e o
doutoramento. Continuo ligada à academia agora como mentora internacional de
alunos da UMinho, o que é um privilégio. Poder contribuir na formação dos mais
novos é, sem dúvida, uma retribuição pelo excelente ensino que tive em
Portugal. Tenho muito gosto em estabelecer pontes através de iniciativas que
aproximam os EUA e Portugal, porque me mantém ativamente ligada ao meu país de
origem.
Quando não investiga, vira-se para a dança. Que outros
hobbies a fazem sorrir?
A
dança foi uma parte muito importante da minha formação. Surgiu de forma
inocente quando os meus pais me inscreveram na Companhia de Dança Arte Total,
em Braga, sem que eu quisesse. Fui um bocado forçada, na verdade, mas depois de
começar nunca mais consegui parar. Até fiz o curso para professora de ballet e
cheguei a dar formação vários anos. Embora não dê tantas aulas e espetáculos
como quando vivia em Portugal, a dança continua comigo, onde quer que esteja,
ocupando sempre espaço na minha vida. Tenho este ano alguns projetos neste
âmbito, quer de estabelecimento de intercâmbios artísticos entre Portugal e os
EUA, quer de planos de coreografia para uma peça de dança contemporânea em
Portugal. Recentemente, comecei também a explorar um novo hobbie, a
escrita criativa. Durante a pandemia participei em workshops com autores
portugueses e fiquei surpreendida com a vontade que senti em descobrir a minha
voz na escrita. É um interesse que continua a crescer e que também quero
manter.
Gosta de morar na costa leste dos EUA?
Sim,
gosto! Já considerei ir trabalhar para a Califórnia, na costa oeste, mas o
facto de ser tão longe de Portugal desencantou-me. Optei por ficar deste lado e
ter apenas um oceano de distância a separar-me de “casa”. A costa leste tem
desde clima tropical no Sul até temperaturas mais frias na zona Norte, além de
várias cidades e locais de interesse que vale a pena conhecer.
Portugal é uma paragem obrigatória quando está de férias?
Pretende regressar de vez?
Absolutamente!
Aliás, nem tenho explorado outros destinos turísticos recentemente, uma vez que
dedico as minhas férias a visitar Portugal e as minhas pessoas queridas que por
lá vivem. Não há nenhum outro sítio no mundo onde me sinta mais confortável e à
vontade como em Portugal. Em relação ao regresso, talvez possa acontecer, mas
penso que não será em breve. Neste momento da minha vida, faz sentido para mim
continuar nos EUA. In “Bom dia Europa” – Luxemburgo com “Universidade do Minho”
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