A insegurança alimentar nas províncias angolanas do Cunene, Huíla e Namibe em 2022 foi das “piores do mundo”, alertou esta terça-feira (28) a Amnistia Internacional (AI), sublinhando que o historial de Angola quanto a direitos humanos continua a ser “terrível”
No
relatório sobre o estado dos direitos humanos no mundo em 2022, a AI denuncia
que a fome afetou “cerca de 1,58 milhões de pessoas” naquelas províncias do sul
de Angola, sem que houvesse a intervenção necessária do Governo.
“Milhares
de pessoas caminharam para a Namíbia a pé, sem comida e água, algumas delas
doentes e desnutridas; muitas morreram durante a viagem”, relata a organização
de defesa dos direitos humanos.
“O
governo da Namíbia e a Cruz Vermelha fizeram esforços visíveis para fornecer ajuda
aos refugiados” enquanto do lado angolano “havia pouco alívio governamental para
os que permaneceram em Angola”, de tal forma que “a fome obrigou muitos dos que
tinham sido repatriados a regressar” ao país vizinho.
Cerca
de 400 mil crianças foram classificadas como “gravemente desnutridas” em 2022,
de acordo com o fundo das Nações Unidas para a Infância (UNICEF).
A
Amnistia Internacional acusa também as autoridades angolanas de repressão do direito
à reunião pacífica e ao protesto, detenção e tortura de ativistas, sobretudo
nos períodos, “mergulhados” em violações dos direitos humanos, pré e
pós-eleições, realizadas a 24 de agosto.
Embora
não tenham sido comunicadas violações dos direitos humanos nas mesas de voto no
dia das eleições, as situações sucederam-se antes e depois e “os agentes de segurança
ficarem impunes por estes crimes”, refere a Amnistia Internacional.
Entre
outros casos, refere o ocorrido em março, quando agentes do Serviço de Investigação
Criminal (SIC) detiveram e “submeteram a tortura durante a detenção“, 10
ativistas cívicos por planearem um seminário sobre desenvolvimento regional sustentável
na escola Agostinho Neto, na província de Malanje.
As
sucessivas detenções de António Tuma, adjunto para a informação do Movimento
Independentista de Cabinda (MIC) e outros ativistas desta estrutura são também denunciadas
no relatório, que documenta com vários casos como as autoridades “reforçaram o
controlo sobre o direito à liberdade de associação, impedindo reuniões da sociedade
civil antes das eleições”.
Após
a eleição, “procederam a detenções em massa”, acrescenta a AI, recordando, entre
outros, os casos no Lobito, a 26 de agosto, quando a polícia nacional dispersou
uma manifestação e deteve oito ativistas e 11 outras pessoas, e mais 20 no dia
seguinte, durante um protesto em que contestavam o resultado das eleições.
A
organização de defesa dos direitos humanos relata ainda outras violações, como a
expropriação de pastagens comunais, agravando a já difícil situação destas
comunidades, para pecuária comercial no sul de Angola.
Em
outubro, exemplifica, a polícia incendiou 16 casas e objetos pessoais numa operação
para expulsar a comunidade Mucubai das suas terras, na província do Namibe. In “Milénio
Stadium” - Canadá
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