Faz amanhã 25 anos desde que foi lançada a primeira pedra da Escola Portuguesa de Macau (EPM). De lá para cá, foram anos de “tremendo sucesso” com cada vez mais qualidade e cada vez mais alunos, aponta José Luís Sales Marques, administrador da Fundação EPM. Manuel Machado, director da instituição de ensino, destaca a importância da EPM enquanto garantia da presença cultural portuguesa na RAEM
Foi
a 18 de Abril de 1998 que foi lançada a primeira pedra da Escola Portuguesa de
Macau (EPM), herdeira de três instituições de ensino em língua portuguesa: a
Escola Primária Oficial, a Escola Comercial e o Liceu de Macau. Faz amanhã,
então, 25 anos desde que surgiu a instituição. Por ocasião da cerimónia,
estiveram em Macau o então primeiro-ministro português António Guterres e o
ministro da Educação da altura, Marçal Grilo, além do governador da região,
Vasco Rocha Vieira.
Antes,
no dia 9 de Abril de 98, tinha sido criada a Fundação Escola Portuguesa de
Macau, resultado da colaboração entre o Estado Português, a Fundação Oriente e
a Associação Promotora da Instrução dos Macaenses, que cedeu o edifício da
Escola Comercial Pedro Nolasco – actualmente extinta – para a instalação da
EPM.
No
dia 21 de Agosto de 1998, a EPM passou a fazer parte do sistema educativo de
Macau como instituição educativa particular sem fins lucrativos, tendo recebido
o alvará da Direcção dos Serviços de Educação e Juventude (DSEJ).
Na
altura, a EPM recebeu os alunos provenientes de escolas que foram extintas
antes da transferência de soberania de Macau, como a secção portuguesa do
Colégio de Santa Rosa de Lima, a Escola Primária Oficial Pedro Nolasco da Silva
(Central), o Colégio D. Bosco, o Liceu de Macau e a Escola Comercial Pedro
Nolasco.
25 anos de um “tremendo sucesso”
José
Luís Sales Marques, administrador da Fundação EPM, fez, ao Ponto Final, um
balanço muito positivo destes 25 anos da instituição, comentando que “a escola
tem sido um tremendo sucesso”. “Quando se começou com a escola, havia quem
duvidasse da sua capacidade de sobreviver nos primeiros anos da RAEM. Todavia,
passados 25 anos, o que a escola neste momento está a enfrentar são exactamente
problemas relativos ao seu crescimento”, disse, apontando para a falta de
espaço que, nos últimos tempos, a instituição tem sentido. Neste momento, a EPM
tem cerca de 700 alunos.
Segundo
foi noticiado no passado mês de Março, a EPM poderá ter de rejeitar matrículas
das crianças para 2023-2024, uma vez que, segundo indicou na altura Manuel
Machado, director da escola, não há capacidade para albergar todos os alunos.
Em Setembro, quando começar o novo ano lectivo, a EPM só poderá acrescentar 60
a 70 alunos, o que poderá ser insuficiente para a continuidade das crianças de
cinco anos que neste momento frequentam o Jardim de Infância D. José da Costa
Nunes e que poderão querer prosseguir os estudos na EPM. A ampliação da EPM só
poderá avançar com o apoio do Governo português, mas o Ministério da Educação
de Portugal não dá resposta aos pedidos, atrasando o processo, informou a TDM
Rádio Macau.
Em
2019 tinha sido anunciado que a EPM teria um novo polo na Zona A dos Novos
Aterros, no entanto, a hipótese caiu por terra no final de 2022. Nessa altura,
Sales Marques considerou que seria “completamente irrealista” construir novas
instalações para o estabelecimento de ensino, sendo que a intenção actual passa
apenas por ampliar as instalações existentes na Avenida do Infante D. Henrique.
Agora,
Sales Marques referiu que a procura pelo ensino que é leccionado na EPM leva a
que a prioridade da Fundação seja encontrar soluções “que estão a ser estudadas
para a ampliação das actuais instalações”.
O
número de alunos e o crescente interesse no estabelecimento de ensino é
resultado da qualidade do ensino, justificou Sales Marques, notando que a EPM
tem estado “muito bem posicionada nos rankings” de ensino. Recorde-se que a EPM
tem liderado o ranking de escolas portuguesas no estrangeiro.
Um
outro factor que contribui para o sucesso da EPM é, na opinião de Sales
Marques, o facto de este ser um estabelecimento de ensino internacional, ainda
que não seja considerada uma escola internacional. O administrador da Fundação
destaca a composição do corpo docente da instituição, o tipo de ensino que
“permite o acesso a qualquer universidade do mundo”, e a própria língua
portuguesa, “que tem um elevado estatuto internacional”. Além disso, “o ensino
de inglês é de excelente qualidade”.
Há
cada vez mais encarregados de educação – dentro e fora do espectro da
comunidade portuguesa de Macau – que procura a EPM, apontou Sales Marques,
concluindo: “Essa é uma realidade que nos coloca mais desafios, mas são
desafios positivos, que vale a pena enfrentar”.
Balanço “bastante positivo”
“O
balanço é bastante positivo”, comentou Manuel Machado. Ao Ponto Final, o director
da instituição lembrou que, quando começou a funcionar, o estabelecimento
propôs-se a “assegurar o ensino do currículo português, em língua portuguesa,
aos inúmeros jovens lusos que aqui se encontravam com os seus familiares”.
Notando
que, entre 98 e o final da década de 2000 a população discente decresceu na
“sequência da ida para Portugal de muitas famílias”, ressalvou que, desde o ano
lectivo 2009/2010, “a tendência começou a inverter-se e o número de estudantes,
tem vindo a aumentar desde então”. “A alteração do projecto educativo, e do
próprio currículo, entre outros factores, contribuíram para um progressivo
aumento da procura da escola por parte de alunos e encarregados de educação”,
salientou Manuel Machado.
“Como
tenho afirmado frequentemente, a EPM tem vindo a ser procurada por jovens de
diferentes nacionalidades”, afirmou, contabilizando 20 diferentes
nacionalidades entre os alunos matriculados este ano na instituição. “Devemos
estar orgulhosos uma vez que esta procura é a prova do reconhecimento da
qualidade do serviço educativo oferecido pela EPM. É, pois, o melhor balanço
que podemos fazer em vésperas de mais um aniversário desta instituição”,
frisou.
Para
o director da EPM, a importância da instituição reside em dois vectores: “a
continuidade de um ensino de qualidade que permita o prosseguimento de estudos
em qualquer universidade portuguesa, mas também internacional, tal como tem
vindo a acontecer ao longo dos anos; e assegurar a presença cultural portuguesa
na RAEM, contribuindo para manter a secular relação entre os povos português e
chinês, entre as suas culturas, com superior respeito e exaltação das mesmas”.
Manuel
Machado concluiu apontando que o principal desafio para o futuro é que a EPM
continue a manter-se na RAEM “enquanto instituição de ensino de prestígio,
merecedora da procura e consideração das diversas comunidades que aqui vivem”. André
Vinagre – Macau in “Ponto Final”
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