A tecnologia militar usada em Macau e na Ásia Oriental, entre os séculos XVII e XIX, é o tema de uma palestra que Francisco Vizeu Pinheiro, arquitecto e professor na Universidade de São José, vai proferir na Fundação Rui Cunha. “A chegada dos povos ibéricos, portugueses e espanhóis, ao Sudeste Asiático, trouxe todo um conjunto de tecnologia militar que teve bastante influência na guerra e em toda a situação política da China, Japão e Coreia”, mas igualmente “com reflexo em Macau”, sublinha a introdução para a palestra agendada para o próximo dia 20
“Arquitectura
Militar de Macau e da Ásia Oriental: Contexto, Redes e Influência” é o tema
para mais uma palestra que vai decorrer na Fundação Rui Cunha (FRC), inserida
na nova série de debates públicos de História e Património, organizadas em
conjunto com o Departamento de História e Património da Universidade de São
José (USJ). O orador convidado é Francisco Vizeu Pinheiro, arquitecto e
professor associado na USJ, que vai falar sobre a tecnologia militar utilizada
por portugueses e espanhóis aquando da chegada dos povos ibéricos ao Sudeste
Asiático.
“Canhões
e armas de fogo tiveram, directa ou indirectamente, bastante influência na
guerra e em toda a situação política da China, Japão e Coreia”, refere o texto
de apresentação da palestra, que será realizada no próximo dia 20, falada em
inglês e integrada nas celebrações do 11º aniversário da FRC.
“Sendo
Macau a base dos portugueses, mas igualmente de instruídos jesuítas, as forças
portuguesas do território tiveram um papel importante na ajuda que deram aos
últimos herdeiros dos Ming, no combate contra as tropas invasoras Qing,
recorrendo à utilização de canhões”, notas introdutórias para o colóquio que se
irá centrar, entre outros aspectos, na “influência militar ocidental na elite
militar do Japão, o qual já adoptava conceitos tecnológicos e científicos
ocidentais”.
Francisco
Vizeu vai abordar, numa referência a 1622, a resistência de Macau a uma
superior força invasora holandesa, “que só foi possível devido à moderna
arquitectura, tecnologia militar e respectivas tácticas utilizadas para a época
nesta parte do globo”.
Mais
tarde, já no século XIX, “Macau teve um outro momento relevante na luta pela
sua própria sobrevivência”, quando, ameaçado por milhares de piratas na região
“organizou uma frota de cinco navios mercantes adaptados ao uso militar,
acabando com a ameaça para a cidade e para a região”.
O
arquitecto e académico vai falar ainda sobre o longo período de paz que se
seguiu à consolidação do Shogunato Tokugawa (1615), no Japão, e da Dinastia
Qing (1644), na China. “Desde então, a evolução da arquitectura militar
praticamente estagnou” e actualmente as estruturas militares sobreviventes “são
adaptadas ou restauradas como importantes bens educacionais para o turismo
cultural, particularmente no Japão”. São disso exemplo os vários castelos
japoneses do século XVII que foram reconstruídos no século XX, assim como na
China muitas muralhas de cidades como Datong ou partes da Grande Muralha. Vitor
Rebelo – Macau in “Jornal Tribuna de Macau”
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