Pintura Arq. Eduardo Moreira Santos, Lx (28.08.1904 - 23.04.1992)

domingo, 30 de junho de 2024

Quénia – Universidade portuguesa vai tratar três mil pessoas

A primeira missão internacional da Universidade Egas Moniz prestará suporte básico de vida, especialmente saúde oral, a mais de 3000 pessoas da capital queniana, Nairobi, e da região de Samburu, disse à Lusa o coordenador do projeto


André Mariz de Almeida, professor na Egas Moniz School of Health & Science há 20 anos e médico dentista, é o coordenador desta primeira missão internacional da universidade, denominada “Mission Samburu”.

O docente já atua, em nome próprio, no Quénia, há cerca de 10 anos, em missões humanitárias, com o patrocínio da universidade, mas, desta vez, vai coordenar a missão em representação deste estabelecimento de ensino superior e com o seu financiamento, o que permite a obtenção de mais meios e materiais para atuar nesta nação africana, contextualizou à Lusa.

Segundo explicou, a missão humanitária, a ocorrer entre 29 de julho e 20 de agosto, vai estar dividida em duas fases: de 29 de julho a 15 de agosto em cinco aldeias da região de Samburu e de 15 a 20 de agosto em Nairobi.

Esta missão internacional realiza-se em parceria com organizações locais: a ADDHU – Associação de Defesa dos Direitos Humanos, criada pela portuguesa Laura Vasconcellos em 2006 e a Lion Conservation Fund.

“Há aproximadamente 10 anos comecei a trabalhar com a Laura no Wanalea Children’s Home, que é um orfanato que ela criou em Nairobi. Foi a primeira missão que tive, completamente a nível individual, mas sempre com o financiamento da Egas Moniz, e acabei por regressar três vezes à região”, explicou André Mariz de Almeida.

Foi numa dessas viagens, “há quatro ou cinco anos”, em que foi visitar a zona de Samburu, uma região mais a norte, para conhecer um dispensário médico, que se apercebeu “que estas pessoas estão completamente esquecidas no panorama geral do que é ser um cidadão no Quénia”, disse.

Os problemas ambientais, como as secas extremas, mas também mais recentemente as cheias, e a conjuntura internacional de guerras fizeram com que a população de Samburu se tornasse novamente “nómada, que parte à procura de água e de comida consoante o que existe”, referiu.

“Estima-se que, por dia, estão a morrer 1000 pessoas na região de Samburu, com fome severa e crónica, desidratação, uma série de patologias relacionadas com esta situação e a completa ausência de cuidados de saúde oral, o que pode impedir que as pessoas, mesmo que tenham acesso a alimentos, consigam comer”, lamentou.

Há cerca de dois anos pediram ao professor que regressasse à região e foi assim que a universidade foi envolvida nesta missão, dando fundos e proporcionando uma maior rede logística, que permitiu que a missão em si “se tornasse mais ampla”, explicou o docente.

“Temos o foco na saúde oral, mas com forte cariz humanitário, com uma equipa maior, que vai equipar o dispensário médico, vai também trabalhar a parte da nutrição e, devido à escassez de água, trabalhar na possível construção de um poço [na região de Samburu]”, anunciou.

Segundo o professor, cerca de 25000 pessoas vão ser diretamente ajudadas pelo dispensário médico na região de Samburu, mas este número pode ser maior se a construção do poço for efetivada.

“Neste momento, estamos focados na construção do poço porque sem água as pessoas têm de andar 30 quilómetros para recolherem” este bem essencial, e depois mais 30 quilómetros para regressarem, lamentou.

Todavia, segundo o professor, a construção do poço tem um valor estimado de 20000 euros e a missão precisa de donativos para alcançar este valor, estando toda a informação disponível no ‘sítio’: https://samburumission.pt/

Relativamente à logística de transporte, estão ainda a ser feitos pedidos de ajuda para se transportar o material de Lisboa para o Quénia, disse.

Em relação à logística já local, a Universidade Egas Moniz fechou um protocolo com a Universidade de Nairobi para conseguirem ter uma melhor ajuda em campo, sendo que em troca será dada e partilhada formação e informação, concluiu. In “Bom dia Europa” - Luxemburgo com “Lusa”


Portugal – Faleceu o artista plástico Manuel Cargaleiro

Manuel Cargaleiro “morreu tranquilo, rodeado pelos seus, adormeceu”, disse a sua companheira


O artista plástico nasceu em 16 de março de 1927 em Chão das Servas, no concelho de Vila Velha de Ródão, no distrito de Castelo Branco.

A sua obra foi fortemente inspirada no azulejo tradicional português. Em 1949, ingressou na Escola Superior de Belas Artes de Lisboa e participou na Primeira Exposição Anual de Cerâmica, no Palácio Foz, em Lisboa, onde realizou a sua primeira exposição individual de cerâmica, no ano de 1952.

No início de carreira, ainda na década de 1950, recebeu o Prémio Nacional de Cerâmica Sebastião de Almeida, e o diploma de honra da Academia Internacional de Cerâmica, no Festival Internacional de Cerâmica de Cannes, em França, numa altura em que iniciara funções de professor de Cerâmica na Escola de Artes Decorativas António Arroio e apresentara as suas primeiras pinturas a óleo no Primeiro Salão de Arte Abstrata.

Em Castelo Branco, viria a ser inaugurada a Fundação Manuel Cargaleiro, em 1990, depois expandida com o respetivo museu e mais tarde, no Seixal, distrito de Setúbal, a Oficina de Artes Manuel Cargaleiro.

No último ano teve patente as exposições “Eu Sou… Cargaleiro”, no Mosteiro de Ancede – Centro Cultural de Baião, no distrito do Porto, uma mostra de pintura na Casa Museu Teixeira Lopes – Galerias Diogo de Macedo, em Vila Nova de Gaia, intitulada “Cargaleiro, Pintar a Luz Viver a Cor”, e uma exposição de gravura no Fórum Cultural de Ermesinde, em Valongo, de nome “A essência da cor”. Este ano levou obras nunca expostas à sua oficina, no Seixal. In “Bom dia Europa” - Luxemburgo


Estróina









Vamos aprender português, cantando

 

Estróina

 

Cigarro na mão, chinela no pé

mandaste-me embora e assim mesmo é que é

onde quer que eu vá vou de corpo inteiro

e alguém me vai deixar dormir no sofá

 

Seja como for, venha o que vier

eu faço-me à pista e volto quando eu quiser

desgostos de amor são feridas que saram

e há sempre alguém disposto a dar-me calor

 

E já que a vida é para ser vivida ao vivo e a cores

brindemos aos prazeres, sem falsos pudores

 

Pessoas de bem levam-me a jantar

emprestam-me o taco que eu nunca irei pagar

não sou boa rês, os deuses que o digam

e às vezes também levo os meus pontapés

 

De tudo o que vi e do que aprendi

já pouco sobeja valha-me o que senti

seja lá quem for o meu cangalheiro

tenha a atenção de me vestir a rigor

 

E já que a vida é para ser vivida ao vivo e a cores

brindemos aos prazeres, sem falsos pudores

 

Cigarro na mão, chinela no pé

mandaste-me embora e assim mesmo é que é

onde quer que eu vá vou de corpo inteiro

e alguém me vai deixar dormir no sofá

alguém me vai deixar dormir no sofá

 

Jorge Palma - Portugal


 

sábado, 29 de junho de 2024

Portugal e Guiné-Bissau elegem formação como fundamental na cooperação futura

Bissau – A formação, em particular de docentes de língua portuguesa, será um “elemento fundamental” no próximo Programa Estratégico de Cooperação Portugal-Guiné-Bissau, que começará a ser preparado no próximo ano, anunciou quinta-feira o Governo português.

A relação bilateral e os projetos de cooperação dos dois países estiveram em destaque na visita de três dias do secretário de Estado dos Negócios Estrangeiros de Portugal, Nuno Sampaio, a Bissau, e nos encontros que manteve com as autoridades guineenses.

No balanço da visita, que terminou quinta-feira, o secretário de Estado enfatizou que “um dos grandes desafios” das relações entre os dois Estados é a língua portuguesa e o reforço da cooperação na formação e, em particular, na formação de docentes.

“Há convergência de que a formação vai ser elemento fundamental do reforço dessa cooperação, temos que ver de que forma a podermos intensificar ainda mais”, disse aos jornalistas.

O governante especificou que este aspeto estará em destaque na preparação do próximo ciclo de apoio de Portugal à Guiné-Bissau, que começará a ser trabalhado em 2025.

Em causa está a renovação do Programa Estratégico de Cooperação em vigor desde 2021 e até 2025, com um investimento português de 60 milhões de euros, 85% dos quais “já foram executados”, de acordo com o secretário de Estado.

Os dois países elegem a formação como “elemento fundamental” para o futuro e o secretário de Estado prometeu levar de Bissau para Portugal a questão “para trabalho de casa”, junto com o presidente do Instituto Camões, que o acompanhou nesta visita.

Nuno Sampaio referiu que, na Guiné-Bissau, já “há um trabalho de promoção muito importante” da língua portuguesa, que constatou numa visita à escola Tchico Té, com “uma licenciatura em língua portuguesa, mais de quatro centenas de estudantes a aprender português, um corpo docente de 25 professores” e com a perspetiva de ministrar em breve um mestrado.

“Mas temos que fazer muito mais pela língua portuguesa porque os desafios são enormes”, declarou, considerando que um projeto que pode ser estruturante, e que ainda está em embrião, é a escola portuguesa da Guiné-Bissau.

“Pode ser de facto um projeto âncora, estruturante e dar um contributo muito importante para todo o sistema de ensino da Guiné-Bissau”, afirmou.

O secretário de Estado referiu, ainda, que, “atualmente, Portugal contribui com 2,5 milhões de euros para acolher bolseiros estudantes da Guiné-Bissau”.

Nuno Sampaio salientou que “Portugal é o primeiro cooperante com a Guiné-Bissau em termos bilaterais e a cooperação tem outras dimensões”, além da formação, nomeadamente na saúde e na defesa, que são para continuar.

O governante reiterou que Portugal pode ser a ponte entre a União Europeia e África, especificamente na captação de financiamento por países como a Guiné-Bissau do novo mecanismo Global Gateway, destinado a reduzir a disparidade de investimento a nível mundial.

“Há diversos projetos que podem ser realizados na Guiné-Bissau, mas para isso é muito importante também que naquilo que é o ambiente dos negócios, a segurança jurídica, o quadro fiscal, as infraestruturas, que os portos possam receber e exportar mercadorias, para que se consiga atrair e manter empresas na Guiné-Bissau”, alertou.

O secretário de Estado destacou ainda, nesta visita à Guiné-Bissau, o papel das Organizações Não Governamentais (ONG) portuguesas e de outras nacionalidades que, no terreno, contribuem para a execução da cooperação. In “Agência de Notícias da Guiné” – Guiné-Bissau com “Lusa”


São Tomé e Príncipe - X Bienal de arte e cultura tem o desígnio de redescobrir “NÓS” e transformar Roça em micro-cidade

A transformação da Roça Água Izé numa pequena cidade rural, é o principal desafio lançado na abertura do maior evento cultural de São Tomé e Príncipe, a X Bienal de Arte e Cultura.


Uma cidade inteligente, inclusiva e que promove o turismo cultural. Água Izé tem história. Recebeu no século XVIII as primeiras sementes de cacau que foram lançadas na ilha de São Tomé. Construiu um património cultural diversificado com gentes que vieram de África e da Europa para cuidar do cacau, e tem um património arquitectónico singular. Foi propriedade do Barão de Água Izé.

«Abrimos a X Bienal aqui, primeiro porque o Barão pediu. Na mensagem que nos enviou diz que já é hora de olharmos para os nossos patrimónios material de outra forma, e revertermos esse património para nós próprios», explicou João Carlos Silva, Presidente da Associação Roça Mundo.

O sonho de Águia Izé ser uma micro-cidade rural inspira a X Bienal. A Associação Roça Mundo trabalha em parceria com uma congénere de Cabo Verde para levar o sonho à realidade.

Foi no secador de cacau de Água Izé que o Presidente da República Carlos Vila Nova declarou aberta a X Bienal Internacional de Arte e Cultura. Um espaço que no passado foi local de trabalho de santomenses, angolanos, moçambicanos, cabo-verdianos e também de portugueses. Gentes de várias origens que geraram “NÓS”, o lema da X Bienal. 

João Carlos Silva define-se como o curandeiro da Bienal. «Um curandeiro é um indivíduo que está sempre fora da caixa, enquanto um curador normal é correcto é assertivo. Eu estou sempre a viajar em contramão. Então o que acontece é que o curandeiro está a curar um novo espaço, um novo território a pensar no futuro», afirmou.

Largas dezenas de pessoas vindas da cidade de São Tomé juntaram-se à população de Água Izé, no dia 25 de junho, para abrir a Bienal da redescoberta de NÓS. Um dia feliz para o arquitecto do maior evento cultural do país.

«Eu faço esta noite (25 de junho) 68 anos. E os meus amigos dizem ..oh João deixa dessa coisas porque já estás na idade para ter juízo. Agora eu não quero ter juízo, eu só não quero é ter muito prejuízo», revelou.

O Presidente da República Carlos Vila Nova considerou que o evento inaugurado em 1995 deve ser perenizado.

«Não pode ser apenas iniciativa de criadores de ideias, mas de todos nós. Acho que é altura de todos nos envolvermos para perenizar a bienal», pontuou o Chefe de Estado.

A próxima Bienal deve acontecer em 2026. João Carlos Silva considera que o Estado santomense através do Orçamento Geral do Estado pode garantir ajuda financeira mesmo que pouca para assegurar a perenidade proposta pelo Presidente da República.

O Chefe de Estado Vila Nova, justificou a necessidade de o evento ser contínuo por causa também do desígnio lançado pela X Bienal.

«Sobretudo pela perspectiva que esta bienal abre de transformar esta roça numa micro-cidade rural», frisou.

A diversidade cultural santomense, saudou a abertura da X Bienal Internacional de Arte e Cultura. Puíta e dançarinas de tchabeta de Água Izé estiveram na porta de entrada do secador de cacau. O Tchiloli também se exibiu para o público.

No interior do secador, uma miniatura da sanzala das roças, onde viveram os escravos africanos, e mais tarde os contratados de Angola, Moçambique e de Cabo Verde foi visitada pelo Presidente da República e pelo público.

Quadros que falam de nós, também pintaram o secador de cacau de Água Izé. Abel Veiga – São Tomé e Príncipe in “Téla Nón”

Cabo Verde - Tony Barros lança single “So um Click”

O artista foguense, Tony Barros acaba de lançar o seu novo single intitulado “So um Click”. O single e o videoclipe do novo tema já se encontram disponíveis em todas as plataformas digitais e canal oficial do cantor


Segundo uma nota enviada, trata-se de um tema energético, com letra inspiradora, uma autêntica poesia romântica, em que o cantor transmite uma poderosa mensagem de autoconfiança e amor.

“O single, apresenta um som fresco e inovador, retratando o espectro emocional, mais concretamente a liberdade e o sentimento de amar e ser amado, bem como o amor à pátria”, cita.

Antes do lançamento, Tony Barros, envolveu os fãs compartilhando a história por trás da música, estreitando o vínculo entre as suas músicas e seus admiradores, reafirmando a sua evolução como artista.

Conforme a mesma fonte “So um Click”, é o sexto lançamento consecutivo do artista Tony Barros, que sempre procura resgatar e manter a fidelidade às raízes musicais cabo-verdianas nomeadamente: Talaia Baxu, Mazurka, Coladeira, Funaná entre outras sem perder a autenticidade que o caracteriza e o posiciona como um artista inspirador, inovador, dinâmico e marcante no meio musical cabo-verdiano.

A mesma fonte indica que o videoclipe do single “So um Click”, foi gravado na localidade de Baía na Ilha de São Vicente, produzido pela Razor Films, tendo como actriz e actor, Suelinda Cardoso e Marvin Lopes.

O tema conta com a letra da autoria de Boy G. Mendes, com o arranjo, produção, gravação, mixagem, masterização, cavaquinho e piano do famoso multi-instrumentista e músico cabo-verdiano Kim Alves, da produtora Kmagic Studios - USA, voz de Tony Barros, coro de Melisse Andrade e Tony Barros, Baixo Djim Job, Trumpet, Walter Perez, Saxofone de Giovani Repiogle, Trombone de Chris Gagne e produção executiva da TB Records.

De recordar que o artista, com a música "Fladu Fla", em dueto com o grupo musical Ferro Gaita, ganhou o prémio de Melhor Funaná do ano nos CVMA 2023.

Nasceu na ilha do Fogo e vive actualmente nos Estado Unidos da América, onde vem dando a sua valiosa e prestimosa contribuição, através do Restaurante Cesária, na promoção da música e gastronomia de Cabo Verde, em prol do reconhecimento. Dulcina Mendes – Cabo Verde in “Expresso das Ilhas”

Cabo Verde - Kady lança novo single “Strela Guia” em homenagem a Sara Tavares

A artista Kady acaba de lançar o seu mais novo single intitulado “Strela Guia”, em homenagem à cantora e compositora luso-cabo-verdiana Sara Tavares, que faleceu em Novembro de 2023. "Strela Guia" já está disponível em todas as principais plataformas de streaming


Segundo uma nota da produtora Broda Music, esta música é uma celebração de tudo o que Sara Tavares representa para Kady. "Quis criar algo que reflectisse não apenas a minha admiração por ela, mas também a luz e a positividade que ela irradia”, diz a artista.

“Strela Guia é um convite para todos nós seguirmos a nossa luz e encontrarmos a beleza ao nosso redor. Com uma produção impecável, “Strela Guia” é uma adição poderosa ao repertório de Kady, lê-se na nota.

Conforme a mesma fonte, este tema possui um ritmo quente e uma mensagem envolvente, que promete tocar os corações dos ouvintes e inspirá-los a ver a beleza nas pequenas coisas da vida.

“A faixa captura a essência da positividade e da beleza que Kady vê o mundo, incentivando todos a olhar o mundo com "olhos de criança" e a encontrar alegria nos detalhes mais simples”, destaca.

A mesma fonte frisou que a combinação de melodias cativantes e letras significativas faz desta canção uma verdadeira obra-prima, destinada a ressoar profundamente com os fãs e novos ouvintes.

Kady é uma artista conhecida por sua habilidade de combinar ritmos cativantes com letras profundas e emocionantes. Com uma carreira em ascensão, ela continua a conquistar corações ao redor do mundo com sua música autêntica e apaixonada.

Kady nasceu e cresceu na ilha de Santiago, na cidade da Praia, imersa em um ambiente rico de música e influenciada por mulheres notáveis que moldaram sua personalidade desde cedo. Filha de Terezinha Araújo, fundadora e vocalista do grupo Simentera, Kady teve sua infância marcada pela presença de figuras proeminentes da música tradicional cabo-verdiana. Ela é neta de Amélia Araújo (conhecida como Maria Turra), uma radialista angolana que desempenhou um papel crucial na Rádio Libertação do PAIGC durante a luta pela independência da Guiné-Bissau e Cabo Verde.

Desde a infância, Kady demonstrou o seu talento musical, vencendo concursos de jovens cantores e também se envolvendo com teatro em Santiago. Ao longo de sua trajetória, investiu em formação musical, incluindo experiências formativas no Brasil e nos Estados Unidos da América.

Em 2015, Kady lançou o seu primeiro álbum solo, "Kaminho", pela Broda Music, estabelecendo Lisboa como sua base artística. Em 2020, foi convidada a participar do Festival da Canção, interpretando o tema "Diz Só" de Dino d'Santiago e Kalaf Epalanga.

Seu mais recente trabalho, o EP "Lumenara", foi lançado em Novembro de 2022 pela Broda Music e Batuko, em colaboração com renomados músicos e produtores. Este projecto musical apresenta uma sonoridade urbana que resgata a essência da música tradicional cabo-verdiana, com letras carregadas de representatividade.

O EP inclui cinco faixas, destacando-se "Tempu" e "Djuntu", este último com a participação especial de Dino d'Santiago.

Recentemente, Kady alcançou grande sucesso com o single "Distancia", uma colaboração com o cantor Cesf que ultrapassou 500 mil visualizações no YouTube em apenas três semanas, demonstrando a sua crescente influência e popularidade.

Kady continua combinando tradição e inovação nos seus projectos, enquanto continua a honrar as suas raízes e contribuições para a cultura musical do país. Dulcina Mendes – Cabo Verde in “Expresso das Ilhas”


sexta-feira, 28 de junho de 2024

Angola - Domingas Monte lança “A Gruta de Marfim”

A união, solidariedade e amizade é o foco principal do novo livro infantil de Domingas Monte intitulado “A Gruta de Marfim”, cujo lançamento, aconteceu na quarta-feira, em Luanda, no antigo Instituto Superior de Ciências da Educação de Luanda (ISCED), agora Faculdade da Humanidades


O livro tem 49 páginas e chega ao mercado com a chancela da Mayamba Editora, com uma tiragem de mil exemplares, assim como vai estar nas bancas da livraria da Mayamba disponível para os amantes da literatura infantil que não estiveram no acto de lançamento oficial.

"A Gruta de Marfim” teve a revisão de Luísa Fresta, ilustrada pelo cartoonista Vitorino Kiala e editado por Arlindo Isabel. A capa foi produzida por Carlos Roque e traduzida em inglês por Joaquim Caundo.

De acordo com a autora, a história do livro se desenvolve no Rio Loge, onde o Crocodilo e o Hipopótamo, os protagonistas da narrativa disputam as águas do rio para saber quem é o rei do rio, testemunhado por outros animais da floresta que não conseguem acudir à discussão.

Domingas Monte revelou que a grande lição que passa à sociedade com o seu mais recente trabalho literário, explica, com o diálogo, união, solidariedade e amizade, "quando decidimos nos unir, conseguimos realizar grandes feitos em prol de uma sociedade, bem como construir uma nação saudável”, disse.

Deu ainda a conhecer que depois de muito desentendimento entre os dois gigantes do mundo animal, conta, decidiram encontrar uma solução para que haja paz na floresta. Segundo a autora, o caminho certo foi a união e concórdia entre os dois com a finalidade de reinar a paz no Rio Loge, onde encontraram a direcção para a Gruta de Marfim, lugar de harmonia e tranquilidade.


Para José Luís Mendonça, a quem coube a responsabilidade de apresentar o livro, a obra traz a questão da solução dos conflitos para a salvaguarda  da vida humana.

Acrescentou ainda que as pessoas pensam que o conflito é uma coisa de demónio que "vai nos levar ao fim do mundo”.

O conflito, explica, a proposta da autora do livro, é para ser resolvido na gruta de marfim, nas profundezas do Rio Loge, numa harmonia social, que é outra luta. Como resolver, conforme diz o livro, salienta, é o diálogo "para acabarmos com aquilo, na sociedade temos um grupo de crocodilos e de hipopótamos”.

José Luís Mendonça é de opinião que as crianças devem ser incentivadas a ler desde  tenra idade, acrescenta, quem estuda muito, mais busca conhecimento sozinho. Para o apresentador, toda a educação deveria ter uma metodologia de incutir, o auto-didactismo à criança.

Domingas Monte, é licenciada em Línguas e Literaturas Africanas pela Faculdade de Letras e Ciências Sociais da Universidade Agostinho Neto e mestre em Estudos Literários Culturais e Interartes pela Faculdade de Letras da Universidade do Porto.

É directora-geral do Instituto Nacional das Indústrias Culturais e Criativas (INICC), do Ministério da Cultura e docente da Faculdade de Humanidades da Universidade Agostinho Neto. Publicou vários livros, a destacar, "O Gelado de Múkua da Mamita” (2014), "O Sapo Azul”, "A Canção Kongo e Ovimbundu - Tradições e Identidades, ensaio (2019), " A Idade da Memória” (2023). Mário Cohen – Angola in “Jornal de Angola”




Macau - Ensino inteligente abrange 25 escolas

O plano piloto de ensino inteligente foi lançado em Macau em 2022 e o número de unidades escolares participantes neste plano passou de 16 para 25. Estas escolas recorrem à inteligência artificial e aos megadados nos seus trabalhos pedagógicos. A Direcção dos Serviços de Educação e de Desenvolvimento da Juventude revelou que no próximo ano escolar vão ser atribuídos mais recursos para apoiar as escolas na aquisição de equipamentos para a inteligência artificial e a educação da generalização científica


A Direcção dos Serviços de Educação e de Desenvolvimento da Juventude (DSEDJ), para apoiar a aplicação pedagógica da inteligência artificial nas escolas locais, lançou no ano lectivo passado o plano piloto do ensino inteligente, cujas escolas participantes aumentaram de 16 para 25 neste ano lectivo de 2023/2024.

As escolas participantes no projecto cooperaram na construção de uma plataforma de serviços com foco nas funções pedagógicas, que incluem uma base de dados de perguntas inteligentes, a constituição inteligente de enunciados e a correcção inteligente. Nesse sentido, o ensino inteligente recorre à utilização da inteligência artificial e aos megadados para acompanhar e analisar a situação de aprendizagem dos alunos, apoiando as escolas no processo de ensino-aprendizagem personalizado e aumentando a eficácia pedagógica.

Em resposta a uma interpelação escrita da deputada Ella Lei, o director da DSEDJ disse atribuir “grande importância” à formação das capacidades em informática dos alunos e assim estabeleceu “reforçar o ensino da criatividade e das tecnologias de informação e comunicação” como uma das prioridades no Planeamento a Médio e Longo Prazo do Ensino Não Superior (2021-2030). O plano de acção concreto inclui o desenvolvimento da “Educação Inteligente” em Macau.

A DSEDJ indicou que foi realizada no primeiro trimestre do ano uma exposição dos resultados do plano piloto do ensino inteligente intitulada “Apoio da inteligência artificial no ensino, reduzindo o encargo e aumentando a eficiência”, a fim de promover o plano e permitir que mais escolas conheçam o ensino inteligente e incentivar a criação de um plano de serviços localizado deste ensino. A exposição convidou a participação de várias escolas de Macau, como a Escola Secundária Luso-Chinesa de Luís Gonzaga Gomes, o Colégio Mateus Ricci (secundário), a Escola Secundária Pui Ching, o Colégio Yuet Wah (secção chinesa), o Colégio de Santa Rosa de Lima – Secção Chinesa, entre outras.

Reafirmando a aposta nos recursos educativos da inteligência artificial e o apoio da sua aplicação pedagógica das escolas, Kong Chi Meng salientou que o Fundo Educativo, através do Plano de Financiamento para o Desenvolvimento das Escolas, está a apoiar as escolas na optimização dos equipamentos informáticos e de generalização científica, tanto como dos equipamentos complementares de que elas necessitam para a implementação dos currículos de educação da inteligência artificial.

De acordo com a DSEDJ, em articulação com as necessidades da reforma curricular, o plano de financiamento para o próximo ano escolar irá “reunir mais recursos” para apoiar as escolas na aquisição de equipamentos para a inteligência artificial e a educação da generalização científica, criando condições para o desenvolvimento integral do sistema curricular da educação de inteligência artificial em Macau. O Fundo Educativo vai assim melhorar o processo de apreciação, aprovação e actualização dos pedidos de financiamento.

“As escolas podem ainda, através do plano de financiamento, contratar pessoal na área das tecnologias de informação e comunicação, de forma a aliviar o peso dos trabalhos não pedagógicos dos docentes nesta área”, observou a DSEDJ.

O organismo disse ter reforçado a formação do pessoal docente das escolas, tendo implementado há três anos o Plano Piloto de Ensino e Investigação Interescolar, para que as escolas possam desenvolver, em conjunto, recursos pedagógicos relacionados com a educação da inteligência artificial e apoiar o desenvolvimento desta educação nas diferentes escolas locais. No corrente ano lectivo, a DSEDJ organizou também mais de 100 cursos de formação para o pessoal docente com conteúdo da inteligência artificial e as tecnologias de informação e comunicação. Catarina Chan – Macau in “Ponto Final”


Bélgica - Vhils inaugura em Bruxelas mural que é mescla de revoluções europeias com enfoque na dos Cravos

O artista Alexandre Farto, conhecido como Vhils, inaugurou um mural em Bruxelas que é uma compilação de várias revoluções democráticas pela Europa, incluindo a dos Cravos, para recordar o que está em causa com o crescimento da extrema-direita.


A Rua Leopoldo, no coração de Bruxelas, ganhou ontem outra vida, com as pessoas que a percorriam a pararem para observar um mural que apareceu em apenas uma semana. Uma mulher e um cravo saltam logo à vista, mas Alexandre Farto explicou que toda a obra é uma mescla revolucionária. “Toda a obra foi um levantamento das várias revoluções e de várias histórias da Europa, tem vários elementos de padrões, tens o cravo também que tem que ver com a ligação à Revolução dos Cravos”, contou à Lusa, durante a inauguração do mural.

O rosto não é o de uma mulher só, mas “um apanhado de uma série de desenhos” que Vhils fez em Bruxelas: “Quis representar alguém no imaginário do futuro que esteja a olhar o futuro da Europa e a representar também a sua diversidade e maneira como isso nos tornou mais fortes”.

No ano de celebração do 50.º aniversário do 25 de Abril, Alexandre Farto quis enaltecer a conquista da democracia portuguesa na cidade que decide os destinos da União Europeia.

Ainda mais quando o crescimento da extrema-direita ameaça os valores europeístas, colocando em causa “todo o Estado social”, o acesso à escola pública, que Vhils frequentou, não só em Portugal, mas noutros países. “No meu atelier somos 25, há pessoas que têm histórias similares à minha, dos subúrbios de Bucareste [Roménia], da Polónia, de Espanha, de França. O estúdio também tem essa força da Europa. Era impossível fazer o meu trabalho e eu não teria tido as oportunidades que tive se não fossem as conquistas todas dos últimos anos”, sustentou.

Alexandre Farto apresenta também, a partir desta sexta-feira, no museu de arte MIMA, em Bruxelas, a exposição individual “Multitude”, sobre memória num tempo digital. “Ao esculpir paisagens urbanas, padrões e rostos, desvendo histórias humanas enterradas no nosso passado e presente coletivos”, afirmou o artista visual nas redes sociais, a propósito de “Multitude”. In “Ponto Final” – Macau com “Lusa”


Cabo Verde - Primeiro-ministro justifica saída de jovens do país com novas oportunidades

O primeiro-ministro cabo-verdiano disse que a saída de jovens do país não acontece por falta de condições no arquipélago, mas motivada pela procura de novas oportunidades nos países de destino, particularmente em Portugal


“A mobilidade laboral hoje é competitiva, há procura e há oferta”, frisou Ulisses Correia e Silva, na segunda sessão ordinária de junho, do parlamento, em resposta ao maior partido da oposição, que alertou para a “saída em massa” de jovens do país.

O líder parlamentar do Partido Africano da Independência de Cabo Verde (PAICV, oposição), João Batista Pereira, sugeriu concursos públicos no acesso aos cargos de direcção no país, por entender que é um dos fatores que têm levado jovens a emigrar.

Para o chefe do Governo, as saídas profissionais de Cabo Verde, particularmente para Portugal, é algo que acontece com vários outros países.

Relativamente a Cabo Verde, explicou que “não é fruto de falta de condições” no arquipélago, mas sim das “novas oportunidades” que se abrem nos países de destino.

O primeiro-ministro disse que o acordo de mobilidade com Portugal garante formação profissional aos jovens, para trabalharem com acesso a direitos laborais, como segurança social e cobertura médica medicamentosa.

Os governos cabo-verdiano e português assinaram em 19 de Outubro de 2022, na Praia, um memorando de entendimento sobre mobilidade laboral, numa altura de uma grande procura de vistos e trabalho por parte de cabo-verdianos para o país europeu.

Também se tem multiplicado as ações de recrutamento de empresas portuguesas no arquipélago africano, na sequência da ratificação do acordo de mobilidade da Comunidade dos Países de Língua Portuguesa (CPLP) e da alteração da lei de vistos em Portugal.

Em Dezembro, Portugal anunciou que vai investir quatro milhões de euros nos próximos dois anos em centros de excelência para formação profissional em Cabo Verde, pretendendo chegar a cerca de 2000 pessoas em diversas áreas, que depois poderão trabalhar em qualquer parte do mundo.

Dos quase 18 000 cabo-verdianos que emigraram nos cinco anos anteriores (2015 a 2020) ao recenseamento geral da população realizado no ano anterior, 61,9% foram para Portugal, segundo dados compilados pela Lusa em Dezembro de 2022 a partir do relatório sobre migrações do Instituto Nacional de Estatísticas (INE) de Cabo Verde.

Do total, 3196 (17,8%) foram para os Estados Unidos e 1182 (6,6%) para França. O mesmo documento concluiu que, da população que saiu do país, apenas um quinto (20%) saiu à procura de trabalho, enquanto a maioria foi para estudar (39,6%), para agrupamento familiar (23,4%) e por motivos de saúde (9,4%). In “Ponto Final” – Macau com “Lusa”


quinta-feira, 27 de junho de 2024

Moçambique - Armando Emílio Guebuza lança a nova edição do seu livro “Os Tambores Cantam”

Nesta quinta-feira, 27 de junho, a Galeria do Porto de Maputo irá acolher o lançamento da nova edição do livro intitulado “Os Tambores Cantam” da autoria de Armando Emílio Guebuza, antigo Presidente da República de Moçambique, editado em 2006 sob chancela da Produções Lua.

Segundo uma nota da Fundação Armando Emílio Guebuza, trata-se de uma obra com cerca de 30 textos líricos escritos pelo poeta Armando Guebuza no tempo colonial (antes e durante a luta de libertação nacional), e publicados em revistas e jornais nacionais e internacionais, com destaque para “A Tribuna”, “O Brado Africano” e “Poesia de Combate”. Nos poemas são notórias as marcas de pan-africanismo e negritude, envolvendo um forte sentimento nacionalista e revolucionário.

Com uma linguagem simples e directa, Armando Guebuza, no conjunto dos seus poemas, exterioriza as profundas injustiças sociopolíticas, o sofrimento e imposições do jugo colonial português, e acaba por fazer um discurso de cariz lírico-pedagógico não fugindo, assim, ao mesmo pendor temático-ideológico dos outros poetas guerrilheiros.

De acordo com Carlos Pessane, Presidente do Conselho de Administração (PCA) da Fundação Armando Emílio Guebuza, a reedição da obra “Os Tambores Cantam” tem em vista adequá-la ao novo contexto.

“A Fundação decidiu reeditar o livro em homenagem ao antigo Chefe do Estado e patrono da Fundação. Também porque era preciso colocar o livro nas prateleiras com uma nova roupagem e num contexto actual”, referiu Carlos Pessane. Uma das inovações que a obra traz é a introdução de artigos de análise (ensaios) do académico Nataniel Ngomane e do escritor Marcelo Panguana. Além disso, a edição de 2006 foi prefaciada pelo saudoso poeta e escritor moçambicano, Calane da Silva, e nesta reedição foi incorporado, também, um prefácio da escritora Paulina Chiziane. In “Moz Entretenimento” - Moçambique

Internacional - Universidades de Portugal e França celebram 25 anos de parceria na área da Engenharia Mecânica

As Universidades de Coimbra, Bretagne Sud e Aveiro celebram, nos próximos dias 4 e 5 de julho, 25 anos de parceria na área da Engenharia Mecânica. As comemorações vão decorrer em Lorient, França, mas o evento também será transmitido online.


A programação do evento inclui uma breve explicação da história destes 25 anos de colaboração, palestras científicas relacionadas com calibração de modelos de plasticidade com Inteligência Artificial, desafios na conformação virtual de chapas metálicas, entre outros. Haverá ainda uma sessão planetária de homenagem ao professor Frédéric Barlat e um painel de discussão com a participação de doutorados que realizaram a sua formação científica no âmbito desta colaboração e farão a partilha das suas experiências.

«Tudo começou com uma grande amizade entre três alunos de doutoramento (Luís Menezes, Sandrine Thuiller e Pierre Yves Manach) e, este ano, comemoramos 25 anos de colaboração científica intensa e muito frutífera. Em 1999, decidimos iniciar uma colaboração entre Coimbra e Lorient, França, que rapidamente envolveu a minha equipa de investigação à época e a de Lorient», começa por recordar Luís Menezes, docente do Departamento de Engenharia Mecânica (DEM) da Faculdade de Ciências e Tecnologia da Universidade de Coimbra (FCTUC).

A partir desta data, continua o também investigador do Centro de Engenharia Mecânica, Materiais e Processo (CEMMPRE), «concorremos a programas de cooperação bilateral, o que permitiu o financiamento da mobilidade entre as duas cidades. Rapidamente, esta colaboração se estendeu ao Departamento de Engenharia Mecânica da Universidade de Aveiro, onde fui orientador de doutoramento de alguns colegas», constata.

Para o docente da FCTUC, «comemorar 25 anos é um grande marco. O futuro conta com as novas gerações, cuja formação científica resultou já desta colaboração e que continua a criar e partilhar conhecimento científico», conclui.

As inscrições para participar no evento online podem ser feitas através deste email: sandrine.thuillier@univ-ubs.fr. Universidade de Coimbra – Portugal

PDF_flyer_fp25years-2024.pdf


Portugal - Investigadora do CIIMAR lidera projeto para estudar o mar profundo

O projeto TwinDEEPS, liderado por Joana Xavier, tem como objetivo promover a exploração e observação do mar profundo em Portugal


A investigadora Joana Xavier, do Centro Interdisciplinar de Investigação Marinha e Ambiental da Universidade do Porto (CIIMAR-UP), é a responsável pelo TwinDEEPS, um novo projeto TWINNING do Horizonte Europa, que vai aplicar 1.5 milhões de euros na exploração e observação do oceano profundo em Portugal.

Tendo como principal objetivo aumentar a capacidade de investigação do CIIMAR no domínio da exploração e observação do mar profundo, o projeto TwinDEEPS “Twinning deep-ocean exploration and observation capacity for sustainable development” resulta da parceria entre o CIIMAR-UP e três centros europeus de excelência nesta área de investigação: o Instituto de Investigação Marinha (IMR) na Noruega, o Instituto Real Holandês de Investigação Marinha (NIOZ) na Holanda, e o Instituto Alfred Wegener de Investigação Polar e Marinha (AWI) na Alemanha.

O consórcio, altamente multidisciplinar, aportará conhecimento complementar em matérias de exploração e mapeamento de ecossistemas de profundidade, observação e monitorização a longo prazo, gestão de dados oceânicos, genómica marinha e interações ciência-política-sociedade para a gestão e conservação do oceano.

O mar profundo Português

O mar profundo contempla a coluna de água e leitos marinhos abaixo dos 200 metros de profundidade que constituem o maior espaço habitável do nosso planeta, cobrindo cerca de 67% da superfície terrestre.

Esta porção do Oceano “é cada vez mais reconhecida por desempenhar papéis fundamentais no funcionamento dos ecossistemas à escala planetária, entre eles a reciclagem e armazenamento dos principais nutrientes (incluindo carbono), ao fornecimento de habitat, áreas de berçário e alimentação para espécies exploradas comercialmente, à regulação do clima, e como principal fonte de produtos naturais marinhos, recursos genéticos e minerais, e biomateriais” destaca Joana Xavier, investigadora principal e coordenadora da equipa investigação em Biodiversidade e Conservação de Mar Profundo do CIIMAR.

Em Portugal, o mar profundo corresponde a mais de 96% da área marítima sob jurisdição nacional, tendo por isso uma enorme relevância para a Estratégia Nacional para o Mar, cujo objetivo é potenciar o contributo do mar enquanto motor de desenvolvimento económico e social, alinhado com a sustentabilidade ambiental. No entanto, a maioria da investigação marinha feita em Portugal ainda está restrita às zonas costeiras. 

Joana Xavier justifica esta discrepância pelos custos avultados que este tipo de investigação implica. “Apesar do progresso feito principalmente na última década, o esforço de investigação de grande parte da comunidade científica tem-se focado nos menos de 4% que constituem as zonas costeiras marinhas e estuarinas. Isto deve-se em parte aos custos elevados e por conseguinte um acesso limitado a plataformas e equipamentos de investigação oceânica (navios, veículos autónomos ou remotamente operados, observatórios). E isto representa um grande desafio para o desenvolvimento não só de competências, mas também de conhecimento e até tecnologia nesta área”, explica.

Capacitar para explorar

Segundo a a investigadora do CIIMAR e líder do projeto, TwinDEEPS vem desenvolver um conjunto de atividades para estas limitações. “Por um lado, pretendemos avaliar a capacidade humana, científica e tecnológica já existentes no país para a investigação em mar profundo e promover a formação de uma nova geração de investigadores, nas várias fases da carreira científica, através de atividades de capacitação que vão desde a participação e organização de campanhas de exploração, a um conjunto de cursos avançados para o desenvolvimento e integração de competências, nomeadamente ao nível da liderança”.

Este será um aspeto decisivo para o segundo grande objetivo deste projeto Twinning, o qual passa por “definir um conjunto de ações que permitam expandir e acelerar a exploração e observação do mar profundo em Portugal através de uma abordagem participativa e de “co-design”, envolvendo outros centros e institutos de investigação, academia, indústria, agências governamentais, e a sociedade civil”. Este projeto e abordagem vem também ao encontro dos objetivos da Década das Ciências Oceânicas para o Desenvolvimento Sustentável que decorre entre 2021-2030, e na qual Portugal também tem tido uma participação muito ativa. 

A transferência de conhecimento, acesso a infraestruturas, e o intercâmbio entre os parceiros, que estão entre as mais prestigiadas equipas de investigação em mar profundo da Europa, resultará numa nova geração de investigadores e gestores de ciência altamente qualificados em mar profundo, melhorando a reputação, o perfil de investigação e a atratividade do CIIMAR, e promovendo a mobilidade de investigadores altamente qualificados. E foi precisamente este foco centrado na qualificação de recursos humanos, na transferência de conhecimento e no desenvolvimento de redes de colaboração robustas entre os parceiros que integram o projeto que destacou o TwinDEEPS entre as candidaturas submetidas à European Research Executive Agency.

Destacar Portugal na proteção do Mar profundo

Portugal tem tido um papel muito relevante no desenvolvimento e implementação de políticas públicas, quer nacionais, europeias e globais, de proteção do Oceano como um todo. Um melhor conhecimento da biodiversidade e funções da vasta área marítima de mar profundo sob jurisdição nacional será por isso crucial para a gestão e proteção efetiva de 30% do Oceano até 2030, um objetivo ambicioso, mas necessário e com o qual estamos comprometidos.

“Queremos com este projeto também aproximar a sociedade a esta vasta componente do Oceano, da qual o seu bem-estar depende, e promover uma participação mais ativa e informada em prol da gestão sustentável desta herança marítima para as gerações futuras”, conclui Joana Xavier. Universidade do Porto - Portugal


Brasil - Youtuber texano filma Polícia Militar paulista em ação e vídeo viraliza

A frase é antológica "bandido bom é bandido morto", mas quem é pobre ou negro numa favela se torna automaticamente suspeito, podendo ser agredido, ameaçado e exposto à humilhação pública até no Youtube, mesmo sendo inocente.

Será esse o credo e o modo de funcionamento da PM de São Paulo, autorizados pelo secretário da segurança Guilherme Derrite, que vem ganhando ao mesmo tempo popularidade e rejeição, com a banalização da violência e morte no combate ao banditismo, desde os massacres nas favelas do Guarujá?

É com esse estilo de repressão policial que o governador Tarcísio de Freitas pretende ganhar apoio e popularidade para disputar a presidência em 2026?

Essas perguntas afloram diante do vídeo gravado por um youtuber norte-americano, o texano Gen Kimura, dentro de uma viatura da Polícia Militar e nas favelas paulistanas, mostrando os policiais em ação. Não se tratava de um jornalista norte-americano em reportagem.

É um absurdo terem sido dados ao youtuber um colete à prova de balas e até um revólver para documentar, como um visitante curioso, o combate "mesmo num domingo sangrento" dos valentes policiais.

O vídeo de uns 40 minutos já foi visto por mais de 1,7 milhão nos EUA, no canal de Gen Kimura com 385 mil inscritos. O vídeo foi filmado durante ações da PM em três favelas e o youtuber Gen Kimura teve acesso ao depósito de armamentos da PM, chegando a ser filmado com um revólver na mão. No Brasil, trechos do vídeo viralizaram nos noticiários e nas redes sociais.

Outro aspecto escandaloso da filmagem permitida e protegida por policiais foi o de colocar pessoas pobres inocentes ou suspeitas numa espécie de pelourinho num parque de diversões, mesmo porque para o youtuber Gen Kimura, sempre sorrindo, tudo parecia muito divertido. Um dos policiais contou a Kimura que "as mortes dos bandidos são comemoradas com charutos e cerveja".

Entretanto, embora a Secretaria de Segurança afirme não permitir esse tipo de filmagem ainda mais com estrangeiro, devendo punir os responsáveis, o vídeo tem um aspecto positivo: documenta e deixa evidente ser o método violento o cotidiano na PM.

O comentarista Reinaldo Azevedo do Uol, depois de mostrar revoltado um trecho do vídeo, vai mais longe: para ele os responsáveis pela filmagem e exposição da banalização da violência da polícia paulista, num Canal do Youtube destinado a visualizações nos EUA, acreditavam agradar ao chefe capitão Guilherme Derrite e ao governador Tarcísio, já conhecido por um "dane-se" e por dizer "pode ir na ONU, no raio que o parta, não tô nem aí" sobre denúncias de abuso da PM no litoral.

A Rádio Jovem Pan, que se tornou a rádio de referência para os seguidores do ex-presidente, é bem informada sobre os líderes da extrema-direita, e, agora menos bolsonarista e aparentemente sem fake-news, tem uma resposta para o populismo da violência próprio do Secretário da Segurança (Derrite, linha dura, até se licenciou do cargo no governo Tarcísio para ir votar na Câmara Federal contra as "saidinhas") - quando Tarcísio deixar o cargo para se candidatar à sucessão de Lula, será Guilherme Derrite o candidato à sua sucessão.

Para o veterano da Jovem Pan, José Maria Trindade, fiel aos anos bolsonaristas, "ações como essa (mostrada no vídeo) aproximam os policiais da população e mostram como a polícia trabalha no dia a dia, e é importante fazer esse tipo de aproximação".

Para completar o quadro da violência e truculência, o programa É da Coisa, da Band, mostrou um vídeo da polícia de Goiás, no qual numa ordem unida da polícia militar os soldados repetem comandos de morte inclusive do assassinato da testemunha do crime. A polícia de Goiás era chefiada pelo tenente-coronel Edson de Melo, atualmente segurança do coach Pablo Marçal, pré-candidato à prefeitura de São Paulo. Rui Martins – Suíça

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Rui Martins é jornalista, escritor, ex-CBN e ex-Estadão, exilado durante a ditadura. Criador do primeiro movimento internacional dos emigrantes, Brasileirinhos Apátridas, que levou à recuperação da nacionalidade brasileira nata dos filhos dos emigrantes com a Emenda Constitucional 54/07. Escreveu Dinheiro sujo da corrupção, sobre as contas suíças de Maluf, e o primeiro livro sobre Roberto Carlos, A rebelião romântica da Jovem Guarda, em 1966. Foi colaborador do Pasquim. Estudou no IRFED, l’Institut International de Recherche et de Formation Éducation et Développement, fez mestrado no Institut Français de Presse, em Paris, e Direito na USP. Vive na Suíça, correspondente do Expresso de Lisboa, Correio do Brasil e RFI.