Pintura Arq. Eduardo Moreira Santos, Lx (28.08.1904 - 23.04.1992)

segunda-feira, 17 de junho de 2024

Macau - Proprietário do Cozinha Aida quer reabrir até ao final do ano

Já lá vão mais de três meses desde que o restaurante Cozinha Aida, tipicamente de comida macaense, encerrou as portas. O proprietário tem procurado espaços pela cidade, mas ou são pequenos, ou a renda é “impraticável”. No entanto, até ao final do ano, espera abrir de novo o restaurante, porque o tipo de comida que era servida aos clientes “não existe em mais nenhum lugar do território”. Manuel António de Jesus considera que a situação geral de Macau melhorou, mas a restauração “continua a passar por dificuldades”


Até ao final do ano é possível que o restaurante Cozinha Aida volte a abrir portas ao público. Essa é a esperança do proprietário, que, ao Jornal Tribuna de Macau, afirmou continuar à procura de espaços compatíveis com a dimensão que pretende e, acima de tudo, com rendas acessíveis.

Manuel António de Jesus viu três casas juntas na Avenida do Coronel Mesquita, que “poderiam servir” as suas “pretensões”, porém, explicou, “teríamos de arrendar as três e isso ficava muito caro”. Cada uma das habitações, pertencentes a uma empresa de construção, tem pequenas dimensões, cerca de 300 pés. “Isso dava só para instalar a cozinha”, referiu, acrescentando que o preço era de 15000 patacas de arrendamento mensal cada. “As três ficariam por 45000, o que se torna impraticável para as nossas possibilidades”.

O dono do Cozinha Aida, filho de Aida de Jesus, antiga proprietária do Riquexó, falecida com 105 anos de idade em 2021, quer reabrir o restaurante até ao final do ano. “Vou fazer todo o possível para que isso aconteça”, afirmou, reconhecendo que “não está fácil” encontrar espaços razoáveis e a preços compatíveis. “Em Macau os valores pedidos para arrendamento continuam altos e assim é impossível manter um espaço de restauração a funcionar”.

Vinte mil patacas era o preço que o responsável pagava no Cozinha Aida quando este fechou por causa de uma imposição do Instituto para os Assuntos Municipais para que se procedesse a alterações na área da cozinha, obrigando também à colocação de equipamentos eléctricos, ao contrário dos fogões a gás desde sempre utilizados. Por isso, o restaurante serviu as últimas refeições a 27 de Fevereiro último, para tristeza dos que frequentavam o espaço há vários anos.

“As pessoas têm-me encontrado na rua e perguntam quando teremos de novo o restaurante, mas digo-lhes que continuo a procurar espaços”, admite o dono, para quem uma renda superior a 30000 patacas, “está fora do orçamento”, até porque a comida servida “não é cara” e “não se encontra em mais lugar nenhum no território, por ser tipicamente macaense”.

O espaço tinha, recorde-se, uma esmagadora maioria de clientes locais, cerca de 98%. “O resto era de Hong Kong e do Interior da China”, vinca o proprietário do Cozinha Aida, que começou a operar um mês depois do falecimento de Aida de Jesus.

Manuel António de Jesus lamenta que Macau continue a não ter restaurantes como o seu, disponibilizando um menu de comida macaense. “Fala-se em muitas promoções, mas na realidade continua tudo na mesma”, assevera.

Sobre a situação geral da economia de Macau, depois da pandemia, diz que “é boa”, mas não será para a restauração. “Muitos fecharam e outros têm grandes dificuldades, porque a maior parte dos turistas gosta de comer na rua coisas simples, tipo ‘chu pa bao’”.

Até ao final de 2024 há ainda sete meses pela frente. “Neste período vamos tentar reabrir o Cozinha Aida e fazer face a muitos pedidos das pessoas de Macau que gostavam da nossa comida”, conclui Manuel António de Jesus. Vítor Rebelo – Macau in “Jornal Tribuna de Macau”


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