Já lá vão mais de três meses desde que o restaurante Cozinha Aida, tipicamente de comida macaense, encerrou as portas. O proprietário tem procurado espaços pela cidade, mas ou são pequenos, ou a renda é “impraticável”. No entanto, até ao final do ano, espera abrir de novo o restaurante, porque o tipo de comida que era servida aos clientes “não existe em mais nenhum lugar do território”. Manuel António de Jesus considera que a situação geral de Macau melhorou, mas a restauração “continua a passar por dificuldades”
Até
ao final do ano é possível que o restaurante Cozinha Aida volte a abrir portas
ao público. Essa é a esperança do proprietário, que, ao Jornal Tribuna de Macau,
afirmou continuar à procura de espaços compatíveis com a dimensão que pretende
e, acima de tudo, com rendas acessíveis.
Manuel
António de Jesus viu três casas juntas na Avenida do Coronel Mesquita, que
“poderiam servir” as suas “pretensões”, porém, explicou, “teríamos de arrendar
as três e isso ficava muito caro”. Cada uma das habitações, pertencentes a uma
empresa de construção, tem pequenas dimensões, cerca de 300 pés. “Isso dava só
para instalar a cozinha”, referiu, acrescentando que o preço era de 15000
patacas de arrendamento mensal cada. “As três ficariam por 45000, o que se
torna impraticável para as nossas possibilidades”.
O
dono do Cozinha Aida, filho de Aida de Jesus, antiga proprietária do Riquexó,
falecida com 105 anos de idade em 2021, quer reabrir o restaurante até ao final
do ano. “Vou fazer todo o possível para que isso aconteça”, afirmou,
reconhecendo que “não está fácil” encontrar espaços razoáveis e a preços
compatíveis. “Em Macau os valores pedidos para arrendamento continuam altos e
assim é impossível manter um espaço de restauração a funcionar”.
Vinte
mil patacas era o preço que o responsável pagava no Cozinha Aida quando este
fechou por causa de uma imposição do Instituto para os Assuntos Municipais para
que se procedesse a alterações na área da cozinha, obrigando também à colocação
de equipamentos eléctricos, ao contrário dos fogões a gás desde sempre
utilizados. Por isso, o restaurante serviu as últimas refeições a 27 de
Fevereiro último, para tristeza dos que frequentavam o espaço há vários anos.
“As
pessoas têm-me encontrado na rua e perguntam quando teremos de novo o
restaurante, mas digo-lhes que continuo a procurar espaços”, admite o dono,
para quem uma renda superior a 30000 patacas, “está fora do orçamento”, até
porque a comida servida “não é cara” e “não se encontra em mais lugar nenhum no
território, por ser tipicamente macaense”.
O
espaço tinha, recorde-se, uma esmagadora maioria de clientes locais, cerca de
98%. “O resto era de Hong Kong e do Interior da China”, vinca o proprietário do
Cozinha Aida, que começou a operar um mês depois do falecimento de Aida de
Jesus.
Manuel
António de Jesus lamenta que Macau continue a não ter restaurantes como o seu,
disponibilizando um menu de comida macaense. “Fala-se em muitas promoções, mas
na realidade continua tudo na mesma”, assevera.
Sobre
a situação geral da economia de Macau, depois da pandemia, diz que “é boa”, mas
não será para a restauração. “Muitos fecharam e outros têm grandes
dificuldades, porque a maior parte dos turistas gosta de comer na rua coisas
simples, tipo ‘chu pa bao’”.
Até
ao final de 2024 há ainda sete meses pela frente. “Neste período vamos tentar
reabrir o Cozinha Aida e fazer face a muitos pedidos das pessoas de Macau que
gostavam da nossa comida”, conclui Manuel António de Jesus. Vítor Rebelo –
Macau in “Jornal Tribuna de Macau”
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