O projeto contra a desnutrição envolve US$ 6,7 milhões da dívida convertida pela Espanha. Os pacientes de HIV nas regiões de Bafatá, Gabu, Oio, Cacheu, Quinara e Bissau receberão ajuda. A ação chegou a mais de 32 mil guineenses no ano passado
O
Programa Mundial de Alimentos, PMA, implementará um projeto de nutrição que
pretende fazer uma cobertura completa da ação do governo na Guiné-Bissau na
sequência de uma troca da dívida de US$ 6,7 milhões com a Espanha.
As
autoridades espanholas anularam US$ 5,3 dos 12 milhões da dívida da
Guiné-Bissau, caso o país africano invista o valor restante no apoio à
prevenção e ao tratamento da desnutrição implementados pela agência da ONU.
Conversão de dívida
Uma
delegação espanhola avaliou recentemente o progresso da iniciativa. Três
centros de saúde foram visitados na região de Oio, que apresenta índices de
atraso de crescimento mais críticos, com 36,8%, e onde os níveis de desnutrição
aguda chegam a 6,6% em crianças menores de cinco anos.
Nas
regiões de Bafatá e Gabu, o pico da prevalência é de 31,6 e 30,5 pontos
percentuais. A situação nutricional é considerada deficiente, de acordo com
a classificação da Organização Mundial
da Saúde, OMS.
A
irmã Valéria Amato é responsável do Centro Sanitário Madre Caterina Troiani no
setor de Nhacra, norte da Guiné-Bissau. Ela vê “esperança e satisfação da
comunidade beneficiária” pela ação.
“O
nosso povo precisa mais do que nunca, sabemos porque estamos nesta luta. Então,
podemo-nos sentir mais aliviados e o povo, sobretudo os grupos vulneráveis como
mães, crianças acometidos pelo HIV, com desnutrição e outros problemas, poderão
vir a ser beneficiados. Isso nos dá grande consolo.”
Crianças e Mulheres
O
programa presta apoio aos necessitados abordando questões de nutrição e
segurança alimentar, especialmente em crianças. Muitas famílias guineenses não
têm condições para dar alimentação adequada aos filhos. Apenas 32% da população
têm acesso a uma alimentação saudável e nutritiva.
Entre
as ações previstas pela iniciativa estão transferências em dinheiro a mulheres,
meninas grávidas e novas mães que frequentam consultas pré e pós-natais.
O
projeto deverá também sensibilizar estes grupos sobre práticas de alimentação
de bebés e crianças na implementação do Programa da Gestão Comunitária de
Desnutrição Aguda.
O
ministro guineense da Saúde Pública, Domingos Malú, disse que a ideia é apoiar
os esforços do governo para atingir as seis prioridades globais de nutrição da
OMS.
HIV/Aids e Tuberculose
“Não
é demais fazer seguimento àquilo que é execução, é nesta perspectiva que saímos
em conjunto para vir às localidades e ver como é que são aplicados os fundos e
como aquilo que é alocado é recebido pelos beneficiários. Constatamos enormes
dificuldades, ainda há uma necessidade do engajamento do Estado da
Guiné-Bissau.”
O
projeto de nutrição do PMA cobrindo cinco regiões e Bissau atua desde 2022 na
prevenção da desnutrição aguda em mulheres, crianças e pessoas vivendo com HIV
e tuberculose. A iniciativa também oferece cuidados pré-natais.
Em
2023, um total de 31843 crianças e 607 mulheres foram assistidas pela
iniciativa.
Impacto na vida das pessoas
Dados
recentes indicam que 23% das pessoas vivendo com HIV, ou 3% da população do
país, estão desnutridas. Nos pacientes com tuberculose, o número é de 43%. A
insegurança alimentar afeta um quinto dos pacientes com as duas condições.
O
PMA elogiou “o apoio de Espanha e a liderança do governo guineense” em
implementar o projeto e destacou a atuação conjunta para tornar mais eficientes
as mudanças com impacto na vida dos beneficiários.
A
agência atua com o Fundo da ONU para a Infância, Unicef, em ações comunitárias
de nutrição, água e saneamento em escolas e unidades de saúde em apoio a
crianças menores de cinco anos e em idade escolar, além de mulheres grávidas e
lactantes. ONU News – Nações Unidas
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