A transformação da Roça Água Izé numa pequena cidade rural, é o principal desafio lançado na abertura do maior evento cultural de São Tomé e Príncipe, a X Bienal de Arte e Cultura.
Uma
cidade inteligente, inclusiva e que promove o turismo cultural. Água Izé tem
história. Recebeu no século XVIII as primeiras sementes de cacau que foram
lançadas na ilha de São Tomé. Construiu um património cultural diversificado
com gentes que vieram de África e da Europa para cuidar do cacau, e tem um
património arquitectónico singular. Foi propriedade do Barão de Água Izé.
«Abrimos
a X Bienal aqui, primeiro porque o Barão pediu. Na mensagem que nos enviou diz
que já é hora de olharmos para os nossos patrimónios material de outra forma, e
revertermos esse património para nós próprios», explicou João Carlos Silva,
Presidente da Associação Roça Mundo.
O
sonho de Águia Izé ser uma micro-cidade rural inspira a X Bienal. A Associação
Roça Mundo trabalha em parceria com uma congénere de Cabo Verde para levar o
sonho à realidade.
Foi
no secador de cacau de Água Izé que o Presidente da República Carlos Vila Nova
declarou aberta a X Bienal Internacional de Arte e Cultura. Um espaço que no
passado foi local de trabalho de santomenses, angolanos, moçambicanos,
cabo-verdianos e também de portugueses. Gentes de várias origens que geraram
“NÓS”, o lema da X Bienal.
João
Carlos Silva define-se como o curandeiro da Bienal. «Um curandeiro é um
indivíduo que está sempre fora da caixa, enquanto um curador normal é correcto
é assertivo. Eu estou sempre a viajar em contramão. Então o que acontece é que
o curandeiro está a curar um novo espaço, um novo território a pensar no
futuro», afirmou.
Largas
dezenas de pessoas vindas da cidade de São Tomé juntaram-se à população de Água
Izé, no dia 25 de junho, para abrir a Bienal da redescoberta de NÓS. Um dia
feliz para o arquitecto do maior evento cultural do país.
«Eu
faço esta noite (25 de junho) 68 anos. E os meus amigos dizem ..oh João deixa
dessa coisas porque já estás na idade para ter juízo. Agora eu não quero ter
juízo, eu só não quero é ter muito prejuízo», revelou.
O
Presidente da República Carlos Vila Nova considerou que o evento inaugurado em
1995 deve ser perenizado.
«Não
pode ser apenas iniciativa de criadores de ideias, mas de todos nós. Acho que é
altura de todos nos envolvermos para perenizar a bienal», pontuou o Chefe de
Estado.
A
próxima Bienal deve acontecer em 2026. João Carlos Silva considera que o Estado
santomense através do Orçamento Geral do Estado pode garantir ajuda financeira
mesmo que pouca para assegurar a perenidade proposta pelo Presidente da
República.
O
Chefe de Estado Vila Nova, justificou a necessidade de o evento ser contínuo
por causa também do desígnio lançado pela X Bienal.
«Sobretudo
pela perspectiva que esta bienal abre de transformar esta roça numa
micro-cidade rural», frisou.
A
diversidade cultural santomense, saudou a abertura da X Bienal Internacional de
Arte e Cultura. Puíta e dançarinas de tchabeta de Água Izé estiveram na porta
de entrada do secador de cacau. O Tchiloli também se exibiu para o público.
No
interior do secador, uma miniatura da sanzala das roças, onde viveram os
escravos africanos, e mais tarde os contratados de Angola, Moçambique e de Cabo
Verde foi visitada pelo Presidente da República e pelo público.
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