A exposição de pintura “O Empoderamento do Homem Negro”, já foi apresentada em Joanesburgo - África do Sul, e em Lisboa – Portugal. Pintados em São Tomé em 2022, os quadros tinham de regressar à terra natal do artista plástico, Kwame Sousa.
“Estas
obras foram pintadas aqui em São Tomé em 2022, mas ainda não tinham sido
mostradas”, afirmou Kwame Sousa.
Patrice
Lumumba, o pan-africanista que dá nome à maior escola do país, é a figura
africana homenageada na exposição de São Tomé. À semelhança de Kwame Sousa nas
décadas de 80 e 90 do século XX, todas as crianças de São Tomé e Príncipe
passaram pela escola preparatória Patrice Lumumba.
“Estudei
na escola Patrice Lumumba, aqui à frente, mas não percebia bem a importância da
vida de Patrice Lumumba para nós os africanos», reclamou.
No
passado a escola Patrice Lumumba era o pólo do ensino secundário, da quinta à
sexta classe. O pan-africanismo não fazia parte do currículo escolar. Patrice
Lumumba é o patrono da escola onde os alunos, até aos dias de hoje, não
aprendem nada sobre o seu legado histórico.
Através
da arte, o artista decidiu expor no centro cultural português a história do
pan-africanismo, com homenagem a Lumumba.
Patrice Lumumba morreu aos 36 anos de idade. Figura pan-africana nascida
na actual República Democrática do Congo. É o país mais rico de África em
termos de recursos naturais. Tem cerca de 100 milhões de habitantes. É extenso,
o maior da África subsaariana com mais de 2 milhões de quilómetros quadrados.
“Patrice
Lumumba foi espancado, morto e depositado em barril como este (mostrou a obra
de homenagem) com ácido sulfúrico. Depois de dias a única coisa que se
encontrou de Lumumba foi um dente. Foi morto aos 36 anos de idade», explicou o
artista plástico.
Por
causa do seu imenso recurso natural, foi sempre cobiçado pelos interesses
estrangeiros. Para além de Patrice Lumumba, a RDC viu assassinado o
ex-Presidente Laurent Desiré Kabilá.
Recentemente no mês de maio, e por causa de interesses estrangeiros, o
actual Presidente Félix Tshisekedi foi alvo de uma tentativa de golpe de Estado
perpetrada por mercenários estrangeiros.
“Lumumba
foi primeiro-ministro da República do Congo durante 1 ano, e foi morto pela CIA
e por Bruxelas. Falar de Lumumba é falar do empoderamento do homem negro”,
pontuou Kwame Sousa.
Mártir
por causa das ideias que defendia pelo empoderamento do homem africano, e a
libertação do seu país das garras da expropriação dos recursos pelos
neocolonialistas estrangeiros, Patrice Lumumba deixou um legado que dignifica o
homem negro e africano. Por isso, depois da independência de São Tomé e
Príncipe, em julho de 1975, os nacionalistas santomenses baptizaram a maior
escola da capital, de Patrice Lumumba retirando o nome colonial que a escola
ostentava.
Miguel
Trovoada, o companheiro de outros nacionalistas santomenses que na década de 60
combatiam junto com Lumumba contra o colonialismo, baptizou o seu filho com o
nome do pan-africanista congolês. Patrice, foi o nome que Trovoada deu ao seu
filho mais velho, hoje primeiro-ministro de São Tomé e Príncipe.
No
entanto a exposição “O empoderamento do Homem Negro” retracta outros aspectos
da identidade africana.
“Não
é só uma exposição de pintura. É também um grito por causa do nosso
nacionalismo africano. É um grito de que eu estou aqui, eu existo. Não preciso
que vocês me vejam, para eu ser quem eu sou. Nós africanos temos de pensar em
ser autónomos”, referiu o artista plástico.
Coincidentemente,
Kwame Kruma é o nome que os nacionalistas santomenses deram à avenida que liga
a escola preparatória Patrice Lumumba à Casa das Nações Unidas na capital São
Tomé.
As
ideias pan-africanistas de Patrice Lumumba continuam vivas e animam Kwame
Sousa. “Ele dizia que África um dia será livre, será feliz. Essa frase é
actual, porque continuamos ainda nesse um dia”, frisou.
A
religião, e o seu impacto nas sociedades africanas vai estar na tela da próxima
exposição. «Falarei da religião. Pois a religião ocultou as nossas culturas. A
religião tirou-nos aquilo que tínhamos de mais importante, a nossa identidade»,
concluiu.
O
Empoderamento do Homem Negro, está exposto no Centro Cultural Português na
capital São Tomé. Abel Veiga – São Tomé e Príncipe in “Téla Nón”
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