Pintura Arq. Eduardo Moreira Santos, Lx (28.08.1904 - 23.04.1992)

domingo, 16 de junho de 2024

São Tomé e Príncipe - Kwame Sousa homenageou Patrice Lumumba na exposição “O Empoderamento do Homem Negro”

A exposição de pintura “O Empoderamento do Homem Negro”, já foi apresentada em Joanesburgo - África do Sul, e em Lisboa – Portugal. Pintados em São Tomé em 2022, os quadros tinham de regressar à terra natal do artista plástico, Kwame Sousa.


“Estas obras foram pintadas aqui em São Tomé em 2022, mas ainda não tinham sido mostradas”, afirmou Kwame Sousa.

Patrice Lumumba, o pan-africanista que dá nome à maior escola do país, é a figura africana homenageada na exposição de São Tomé. À semelhança de Kwame Sousa nas décadas de 80 e 90 do século XX, todas as crianças de São Tomé e Príncipe passaram pela escola preparatória Patrice Lumumba.

“Estudei na escola Patrice Lumumba, aqui à frente, mas não percebia bem a importância da vida de Patrice Lumumba para nós os africanos», reclamou.

No passado a escola Patrice Lumumba era o pólo do ensino secundário, da quinta à sexta classe. O pan-africanismo não fazia parte do currículo escolar. Patrice Lumumba é o patrono da escola onde os alunos, até aos dias de hoje, não aprendem nada sobre o seu legado histórico.

Através da arte, o artista decidiu expor no centro cultural português a história do pan-africanismo, com homenagem a Lumumba.

Patrice Lumumba morreu aos 36 anos de idade. Figura pan-africana nascida na actual República Democrática do Congo. É o país mais rico de África em termos de recursos naturais. Tem cerca de 100 milhões de habitantes. É extenso, o maior da África subsaariana com mais de 2 milhões de quilómetros quadrados.


“Patrice Lumumba foi espancado, morto e depositado em barril como este (mostrou a obra de homenagem) com ácido sulfúrico. Depois de dias a única coisa que se encontrou de Lumumba foi um dente. Foi morto aos 36 anos de idade», explicou o artista plástico.

Por causa do seu imenso recurso natural, foi sempre cobiçado pelos interesses estrangeiros. Para além de Patrice Lumumba, a RDC viu assassinado o ex-Presidente Laurent Desiré Kabilá.  Recentemente no mês de maio, e por causa de interesses estrangeiros, o actual Presidente Félix Tshisekedi foi alvo de uma tentativa de golpe de Estado perpetrada por mercenários estrangeiros. 

“Lumumba foi primeiro-ministro da República do Congo durante 1 ano, e foi morto pela CIA e por Bruxelas. Falar de Lumumba é falar do empoderamento do homem negro”, pontuou Kwame Sousa.

Mártir por causa das ideias que defendia pelo empoderamento do homem africano, e a libertação do seu país das garras da expropriação dos recursos pelos neocolonialistas estrangeiros, Patrice Lumumba deixou um legado que dignifica o homem negro e africano. Por isso, depois da independência de São Tomé e Príncipe, em julho de 1975, os nacionalistas santomenses baptizaram a maior escola da capital, de Patrice Lumumba retirando o nome colonial que a escola ostentava.

Miguel Trovoada, o companheiro de outros nacionalistas santomenses que na década de 60 combatiam junto com Lumumba contra o colonialismo, baptizou o seu filho com o nome do pan-africanista congolês. Patrice, foi o nome que Trovoada deu ao seu filho mais velho, hoje primeiro-ministro de São Tomé e Príncipe.

No entanto a exposição “O empoderamento do Homem Negro” retracta outros aspectos da identidade africana.

“Não é só uma exposição de pintura. É também um grito por causa do nosso nacionalismo africano. É um grito de que eu estou aqui, eu existo. Não preciso que vocês me vejam, para eu ser quem eu sou. Nós africanos temos de pensar em ser autónomos”, referiu o artista plástico.

Kwame Kruma, ex-Presidente do Gana pan-africanista na década de 60 do século XX, vai ser homenageado por Kwame Sousa na próxima exposição.


Coincidentemente, Kwame Kruma é o nome que os nacionalistas santomenses deram à avenida que liga a escola preparatória Patrice Lumumba à Casa das Nações Unidas na capital São Tomé.

As ideias pan-africanistas de Patrice Lumumba continuam vivas e animam Kwame Sousa. “Ele dizia que África um dia será livre, será feliz. Essa frase é actual, porque continuamos ainda nesse um dia”, frisou.

A religião, e o seu impacto nas sociedades africanas vai estar na tela da próxima exposição. «Falarei da religião. Pois a religião ocultou as nossas culturas. A religião tirou-nos aquilo que tínhamos de mais importante, a nossa identidade», concluiu.

O Empoderamento do Homem Negro, está exposto no Centro Cultural Português na capital São Tomé. Abel Veiga – São Tomé e Príncipe in “Téla Nón”






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