A primeira missão internacional da Universidade Egas Moniz prestará suporte básico de vida, especialmente saúde oral, a mais de 3000 pessoas da capital queniana, Nairobi, e da região de Samburu, disse à Lusa o coordenador do projeto
André
Mariz de Almeida, professor na Egas Moniz School of Health & Science há 20
anos e médico dentista, é o coordenador desta primeira missão internacional da
universidade, denominada “Mission Samburu”.
O
docente já atua, em nome próprio, no Quénia, há cerca de 10 anos, em missões
humanitárias, com o patrocínio da universidade, mas, desta vez, vai coordenar a
missão em representação deste estabelecimento de ensino superior e com o seu
financiamento, o que permite a obtenção de mais meios e materiais para atuar
nesta nação africana, contextualizou à Lusa.
Segundo
explicou, a missão humanitária, a ocorrer entre 29 de julho e 20 de agosto, vai
estar dividida em duas fases: de 29 de julho a 15 de agosto em cinco aldeias da
região de Samburu e de 15 a 20 de agosto em Nairobi.
Esta
missão internacional realiza-se em parceria com organizações locais: a ADDHU –
Associação de Defesa dos Direitos Humanos, criada pela portuguesa Laura
Vasconcellos em 2006 e a Lion Conservation Fund.
“Há
aproximadamente 10 anos comecei a trabalhar com a Laura no Wanalea Children’s
Home, que é um orfanato que ela criou em Nairobi. Foi a primeira missão que
tive, completamente a nível individual, mas sempre com o financiamento da Egas
Moniz, e acabei por regressar três vezes à região”, explicou André Mariz de
Almeida.
Foi
numa dessas viagens, “há quatro ou cinco anos”, em que foi visitar a zona de
Samburu, uma região mais a norte, para conhecer um dispensário médico, que se
apercebeu “que estas pessoas estão completamente esquecidas no panorama geral
do que é ser um cidadão no Quénia”, disse.
Os
problemas ambientais, como as secas extremas, mas também mais recentemente as
cheias, e a conjuntura internacional de guerras fizeram com que a população de
Samburu se tornasse novamente “nómada, que parte à procura de água e de comida
consoante o que existe”, referiu.
“Estima-se
que, por dia, estão a morrer 1000 pessoas na região de Samburu, com fome severa
e crónica, desidratação, uma série de patologias relacionadas com esta situação
e a completa ausência de cuidados de saúde oral, o que pode impedir que as
pessoas, mesmo que tenham acesso a alimentos, consigam comer”, lamentou.
Há
cerca de dois anos pediram ao professor que regressasse à região e foi assim
que a universidade foi envolvida nesta missão, dando fundos e proporcionando
uma maior rede logística, que permitiu que a missão em si “se tornasse mais
ampla”, explicou o docente.
“Temos
o foco na saúde oral, mas com forte cariz humanitário, com uma equipa maior,
que vai equipar o dispensário médico, vai também trabalhar a parte da nutrição
e, devido à escassez de água, trabalhar na possível construção de um poço [na
região de Samburu]”, anunciou.
Segundo
o professor, cerca de 25000 pessoas vão ser diretamente ajudadas pelo
dispensário médico na região de Samburu, mas este número pode ser maior se a
construção do poço for efetivada.
“Neste
momento, estamos focados na construção do poço porque sem água as pessoas têm
de andar 30 quilómetros para recolherem” este bem essencial, e depois mais 30
quilómetros para regressarem, lamentou.
Todavia,
segundo o professor, a construção do poço tem um valor estimado de 20000 euros
e a missão precisa de donativos para alcançar este valor, estando toda a
informação disponível no ‘sítio’: https://samburumission.pt/
Relativamente
à logística de transporte, estão ainda a ser feitos pedidos de ajuda para se
transportar o material de Lisboa para o Quénia, disse.
Em
relação à logística já local, a Universidade Egas Moniz fechou um protocolo com
a Universidade de Nairobi para conseguirem ter uma melhor ajuda em campo, sendo
que em troca será dada e partilhada formação e informação, concluiu. In “Bom dia
Europa” - Luxemburgo
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