O chamado ‘Portal para o Inferno’, um poço com 810 metros de largura e cerca de 92 metros de profundidade, nas terras altas de Yana, na Sibéria – conhecido como ‘Cratera Batagaika’ -, está a expandir-se mais rapidamente do que o esperado devido às alterações climáticas.
A
cratera formou-se pela primeira vez quando o derretimento do ‘permafrost’ na
tundra siberiana começou a libertar toneladas de metano previamente congelado,
um poderoso gás de efeito estufa, na atmosfera da Terra.
No
entanto, uma nova investigação aponta que a taxa de metano e outros gases de
carbono libertados, conforme se aprofunda a cratera, atingiu entre 4 e 5 mil
toneladas por ano. As descobertas, de acordo com o autor principal do estudo,
“demonstram a rapidez com que ocorre a degradação do permafrost”, alertando que
a cratera provavelmente vai deixar escapar em breve todos os gases de efeito
estufa que ainda restam.
O
glaciologista Alexander Kizyakov, principal autor do estudo publicado este mês
na revista ‘Geomorphology’, trabalhou com uma dúzia de outros investigadores
para descobrir que a cratera quase atingiu o leito rochoso, o que significa que
o derretimento do permafrost gera mais colapso.
Kizyakov,
professor na Universidade Estadual Lomonosov de Moscovo, na Rússia, observou
que ainda há oportunidades para que o derretimento continue lateralmente.
“Espera-se expansão ao longo das margens e subidas”, explica o especialista, em
declarações ao ‘Atlas Obscura’.
“Esta
expansão lateral também é limitada pela proximidade do leito rochoso, cujo topo
aparentemente se eleva até a sela entre as montanhas mais próximas, cerca de
550 metros colina acima”, refere o autor do estudo, que conseguiu desenvolver
um modelo 3D de como o permafrost gelado cedeu durante o seu colapso de
décadas, usando dados abrangentes de uma variedade de fontes independentes.
A
deteção remota de alta resolução — recolhida tanto a partir de dados de
satélite como através de voos de drones sobre Batagaika — foi combinada com
amostras de permafrost e outras amostras de solo em expedições de campo em 2019
e 2023.
Este
modelo ajudou-os a mapear e prever o derretimento da estrutura geológica
subjacente do permafrost para descobrir quanto e que materiais estão a
descongelar no seu interior e depois o que é libertado, seja para o lençol
freático ou para a atmosfera.
Os
resultados revelaram, como disse Kizyakov à Popular Science , “quão
dinamicamente mudam as formas de relevo nas áreas de permafrost”.
Nikita
Tananaev, investigadora do Instituto Melnikov Permafrost em Yakutsk, que não
contribuiu para a nova pesquisa, observou que apenas este vazamento da cratera
está a alterar permanentemente os ecossistemas próximos.
“Isso
levará a alterações significativas no habitat ribeirinho, e o efeito dos
sedimentos que escapam da depressão [a cratera Batagaika] é até visto no rio
Yana, o principal rio nas proximidades”, disse Tananaev. Francisco
Laranjeira – Portugal in “Executive Digest”
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