Natural de São Vicente, Gabriela Mendes começou bem cedo a cantar, quando descobriu o prazer de interpretar mornas e coladeiras. Depois de vários anos longe dos estúdios, a cantora mindelense surge com “Coração di Mundo”, o seu novo disco composto por nove faixas musicais. Além de cantora, Gabriela Mendes é também guia turístico. O disco já está disponível nas plataformas digitais
Ao
Expresso das Ilhas, Gabriela Mendes disse que o disco foi financiado pelo
programa Procultura e que é um projecto que foi concebido juntamente com a
Mariventos, empresa criada em 2010 com o principal objectivo de fornecer um
serviço criativo, inovador e de qualidade no sector de organização de eventos e
serviços culturais.
“Música
gera cultura, música gera economia” e culminou na gravação deste CD de música
tradicional”, enfatiza a artista.
Quando
o projecto foi financiado Cabo Verde já estava em plena pandemia da Covid-19.
Foi uma boa notícia para a cantora, num momento em que tudo estava meio
complicado, mas mesmo assim Gabriela Mendes começou a escolher os músicos para
concretizar o projecto.
“Com
aquele financiamento tínhamos que gravar em Cabo Verde e com músicos locais, o
que é bom, pois foi a primeira vez que gravei no meu país. Todos os meus
anteriores álbuns foram gravados no estrangeiro. O primeiro foi gravado na
França, o segundo nos Estados Unidos e o terceiro na Suíça”, recorda.
Gabriela
diz que está muito contente com os trabalhos de produção do álbum e agora está
à espera de oportunidades para divulgação, promoção e apresentação do disco que
conta com arranjos do músico Khaly Angel.
“Sou
muito grata por este financiamento, pois senão não seria possível, porque fazer
música custa dinheiro. Começamos este projecto na época da pandemia, juntamente
com a Mariventos, que me ajudou a conceber o projecto”, realça.
“Coração
di Mundo é uma coladeira de Tibau Tavares, sendo um dos meus compositores
preferidos. Aliás, o título do meu primeiro álbum Tradição é também uma
coladeira de Tibau Tavares. Tive oportunidade de ir à ilha do Maio conhecer o
Tibau Tavares e saber das composições que ele tinha e que podiam adaptar-se a
mim”.
Além
de Tibau, o disco traz composições de Amândio Cabral, Teófilo Chantre, Kim
Alves e José Marques. O disco é formado por nove faixas musicais, e já está
disponível nas plataformas digitais.
O
disco já tem um videoclipe do tema Nos terra já açucará que está
disponível nas plataformas digitais. Nos terra já açucará é uma
coladeira que fala da realidade de São Vicente e de Cabo Verde no geral.
A
cantora pretende fazer mais videoclipes do álbum Coração di Mundo. “Como
vamos lançar o álbum, faz sentido ter mais videoclipes para acompanhar o disco
e dar mais visibilidade”, acrescentando que quer apresentar o disco na ilha de
São Vicente, na Cidade da Praia e em outras ilhas se houver interesse”.
Carreira musical
A
cantora diz que tem a sensação de que a sua carreira musical está a começar do
zero, por considerar que depois da pandemia da Covid muita coisa mudou no
mercado da música, no showbiz nacional e no estrangeiro. “Muitas pessoas que
trabalhavam na música hoje já não trabalham, casas discográficas já não
existem, perdemos muitos contactos e um artista sozinho não pode fazer nada,
precisas de manager, produtor e toda a estrutura para conseguires fazer um
trabalho, ter um álbum é um grande passo”.
Gabriela
Mendes conta que começou cedo na música, ao cantar na igreja. Estudou na Escola
Salesiana de Artes e Ofícios, onde saíram grandes artistas do panorama
cabo-verdiano como Paulino Vieira, Humberto Ramos, Nando Andrade e Biús.
“Então
cantava no grupo coral, depois tornei-me solista do grupo coral, na Paróquia de
Nossa Senhora da Luz. Cantava mais na igreja, foi bem mais tarde que entrei na
música tradicional, e não é nada assim que posso dizer que escolhi, mas sim as
coisas começaram a acontecer naturalmente”, assegura.
Gabriela
Mendes revela que às vezes se sente um pouco perplexa, porque não sinto que não
fui eu que escolhi a música, mas a música que me escolheu. “Nunca levei a
música a sério, gostava mesmo era de cantar, mas depois comecei a ver que a
música era importante para mim. E hoje a música é como o ar que respiro”.
Em
2005, lançou o seu primeiro disco intitulado Tradição que lhe abriu as portas
do mundo da música. “Fiz vários concertos em muitos países da Europa, Estados
Unidos e Canadá. Foram bons tempos, era algo diferente e acredito que foi então
mais fácil. Agora as coisas mudaram, em vários aspectos”.
Ambição
Gabriela
Mendes sublinhou que quer continuar na música a dar o seu contributo para
manter a nossa tradição bem viva.” A minha ambição é estar presente e activo na
música, porque quando estou na música sou feliz, faço aquilo de que gosto,
sinto-me completo e alimento a minha alma”.
A
cantora recorda que a música tradicional actualmente não está com muito espaço
nos grandes festivais como no passado. “Canto desde 1998 e já participei nos
festivais do Sal, Boa Vista, Baía das Gatas e Gamboa”. “Actualmente é mais a
música moderna que está com mais palco, mas acredito que tudo vai para o seu
lugar, no seu devido tempo”. Dulcina Mendes – Cabo Verde in “Expresso
das Ilhas”
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