Ontem foi o Dia de Portugal, de Camões e das Comunidades Portuguesas. O 10 de Junho foi assinalado também em Macau com a tradicional romagem à Gruta de Camões. Alexandre Leitão, cônsul-geral de Portugal em Macau e Hong Kong, fez votos de amizade entre o povo português e o de Macau e da República Popular da China
Comemorou-se
ontem o 10 de Junho – Dia de Portugal, de Camões e das Comunidades Portuguesas.
Em Macau, cantou-se “A Portuguesa” e seguiu-se a habitual romagem à Gruta de
Camões. Em representação do Governo de Portugal, esteve em Macau a ministra
portuguesa da Justiça, Rita Alarcão Júdice.
Na
ocasião, Alexandre Leitão destacou a importância do Dia de Portugal,
descrevendo-o como “o dia maior da vida diplomática”. Citado pela TDM Rádio
Macau, o cônsul-geral português afirmou: “É o dia do nosso país, é o dia que
evoca o nosso poeta maior, é o dia que evoca as comunidades portuguesas que
estão em toda a parte e aqui em Macau estão com particular relevo, são mais de
150 mil. É um dia incontornável e sempre uma grande honra”. Alexandre Leitão
apontou a “novos rumos” de “entendimento, parceria e amizade com o povo de
Macau e da República Popular da China”. À margem das celebrações, Alexandre
Leitão disse ainda que devem ser aproveitadas as potencialidades da cooperação
entre Portugal e Hong Kong.
Também
à Rádio Macau, a ministra portuguesa descreveu a sua presença em Macau para
assinalar o 10 de Junho como “um grande privilégio”. Este “é um dia
extraordinário para Portugal, para as comunidades portuguesas, para a língua
portuguesa que aqui em Macau também tem a sua presença, e para o poeta que faz
500 anos e que também por aqui passou”. “É uma grande honra para mim poder
estar a participar nestes festejos em Macau”, sublinhou.
A
romagem à gruta contou com a presença de dirigentes de associações de matriz
portuguesa. Amélia António, presidente da Casa de Portugal, aproveitou a
oportunidade para pedir mais atenção do Governo de Lisboa às questões
relacionadas com a área da Justiça em Macau, após não ter sido renovada a
licença do juiz português Carlos Carvalho. Uma decisão “desastrosa”, afirmou
Amélia António à emissora.
“Penso
que Portugal às vezes anda distraído. Esta recusa da renovação de um dos
magistrados é desastrosa. Primeiro, porque faz muita falta. Segundo, porque é
um sinal muito negativo dado ao Governo local. São coisas que em Portugal não
se avalia, coisas que são de rotina lá, aqui não são de rotina”, afirmou a
presidente da Casa de Portugal à TDM.
Miguel
de Senna Fernandes, presidente da Associação dos Macaenses e da Associação
Promotora da Instrução dos Macaenses (APIM), também esteve presente e afirmou
que a RAEM devia “facilitar a residência dos portugueses”, o que “seria um
grande gesto das autoridades”.
Cooperação
com Portugal “é um modelo exemplar”, diz o chefe do executivo
Ontem,
ao fim da tarde, o Chefe do Executivo discursou na recepção na Residência
Consular, por ocasião do Dia de Portugal, de Camões e das comunidades
portuguesas. Na ocasião, Ho Iat Seng apresentou as suas “saudações festivas e
sinceros cumprimentos ao povo português, aos portugueses que vivem em Macau e à
comunidade macaense”.
No
discurso, o Chefe do Executivo descreveu a relação entre a China e Portugal
como “um modelo exemplar de cooperação e intercâmbio entre dois países que têm
diferente sistema social, contexto histórico e dimensão territorial”.
Ho
lembrou ainda os “laços profundos” entre Macau e Portugal: “A cooperação e o
intercâmbio entre as duas partes nos domínios da economia e do comércio, da
inovação científica e tecnológica, dos recursos humanos, dos cuidados médicos e
de saúde, da educação e da cultura têm sido continuamente reforçados”.
O
Chefe do Executivo recordou também que, em Abril deste ano, realizou-se em
Macau a VI Conferência Ministerial do Fórum para a Cooperação Económica e
Comercial entre a China e os Países de Língua Portuguesa, “demonstrando os
resultados frutíferos do aprofundamento da cooperação económica e comercial e
dos intercâmbios humanísticos e culturais entre a China e os países de Língua
Portuguesa”.
“Macau,
o elo de ligação e a ponte das relações sino-portuguesas, irá potenciar ainda
mais a sua função de Plataforma de Serviços para a Cooperação Comercial entre a
China e os Países da Língua Portuguesa”, afirmou, acrescentando que a RAEM irá
aproveitar “a oportunidade proporcionada pela iniciativa Uma Faixa, Uma Rota
para continuar a fomentar uma colaboração frutífera tripartida com Portugal e o
interior da China, visando o progresso e o desenvolvimento compartilhados”.
Ho
Iat Seng assinalou também que “o desenvolvimento da RAEM tem sido concretizado
de forma saudável nos seus múltiplos aspectos, a diversificação das indústrias
começou a produzir efeitos, a integração entre Macau e Hengqin e a construção
da Grande Baía Guangdong-Hong Kong-Macau foram aceleradas de forma constante,
dando início a uma nova conjuntura de recuperação económica”, acrescentando que
“estas realizações são inseparáveis dos esforços incessantes das comunidades
portuguesas de Macau, e comprovaram a sua tenacidade, a dedicação e o
profissionalismo”.
No
discurso, o Chefe do Executivo aproveitou para agradecer às comunidades
portuguesas pelo seu “apoio e cooperação no trabalho do Governo da RAEM, bem
como o seu contributo para a promoção do desenvolvimento económico e social de
Macau”.
“Faço
votos para que a amizade entre a China e Portugal, e entre os seus povos,
perdure para sempre! E que, juntos e de mãos dadas, criemos um futuro
risonho!”, concluiu o Chefe do Executivo.
Portugueses sem convite obrigados a esperar mais de uma
hora à porta da Residência Consular
Dezenas
de portugueses que queriam participar na recepção do 10 de Junho na Residência
Consular foram obrigados a esperar mais de uma hora à porta até que terminassem
os discursos oficiais e que o Chefe do Executivo deixasse o local. Inicialmente
tinha sido indicado que as portas da Residência Oficial da Bela Vista abriam às
18h30 e que a entrada era livre para os portadores de cartão do cidadão ou
bilhete de identidade da República Portuguesa. O que acabou por se verificar
foi que os portugueses sem convite foram barrados pelos seguranças. Segundo
relatos ouvidos pelo Ponto Final, a situação originou várias críticas por parte
dos portugueses que queriam estar presentes, descrevendo a situação como
“ridícula” e “humilhante”. Pelas 19h30, já muitos dos cidadãos tinha abandonado
o local, mas ainda restavam cerca de três dezenas que continuavam à espera para
entrar. André Vinagre – Macau in “Ponto Final”
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