Uma equipa de investigadores da Faculdade de Ciências e Tecnologia da Universidade de Coimbra (FCTUC), em colaboração com a Faculdade de Farmácia (FFUC), avaliou a presença de vírus e bactérias em macroalgas e halófitas da costa continental portuguesa, dada a crescente associação destes produtos a novas tendências gastronómicas saudáveis.
Reconhecendo
o interesse pela sua inclusão em receitas culinárias como alimentos não
processados, e de modo a avaliar possíveis efeitos adversos devido ao seu
consumo em Portugal, foi publicado um estudo na revista científica Food Control que avaliou a presença
de Norovirus e Salmonella, agentes patogénicos responsáveis por infeções graves
e com possível transmissão através da ingestão de alimentos contaminados, em
cerca de 50 amostras recolhidas desde Vila do Conde até Cascais.
«Este
estudo mostrou a grande qualidade das águas costeiras portuguesas no que diz
respeito à presença de Norovirus e Salmonella em macroalgas. No entanto, a
bactéria Salmonella foi detetada numa halófita recolhida numa das praias
amostradas, o que realça a importância da população não apanhar espécimes em
meio natural para uso culinário», destaca Elsa Teresa Rodrigues, investigadora
do Departamento de Ciências da Vida (DCV) e do Centro de Ecologia Funcional
(CFE), e coordenadora deste estudo.
De
acordo com esta investigação, as informações sobre os potenciais perigos
microbiológicos em macroalgas e halófitas comestíveis são escassas, e os
métodos normalizados para deteção de Norovírus em vegetais não foram ainda
validados para este tipo de produtos alimentares.
Assim,
explica a investigadora, «o método normalizado internacionalmente NF EN ISO
15216-2 foi aplicado em 57 amostras, tendo sido validado para 72% das amostras.
Os resultados mostram que o método é adequado para macroalgas verdes e
vermelhas, bem como para halófitas, mas que tem de ser otimizado para
macroalgas castanhas. A presença de Salmonella foi ainda avaliada em 46
amostras usando o método internacional ISO/FDIS 6579, e foi detetada numa
halófita», conclui.
Em
2020, a Autoridade Europeia para a Segurança Alimentar (EFSA) reconheceu o
possível impacto negativo das alterações climáticas na qualidade dos produtos
usados para consumo humano, nomeadamente na magnitude de algumas doenças com
origem alimentar, incluindo as causadas por Norovírus e a Salmonella. Universidade
de Coimbra - Portugal
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