O artista Alexandre Farto, conhecido como Vhils, inaugurou um mural em Bruxelas que é uma compilação de várias revoluções democráticas pela Europa, incluindo a dos Cravos, para recordar o que está em causa com o crescimento da extrema-direita.
A
Rua Leopoldo, no coração de Bruxelas, ganhou ontem outra vida, com as pessoas
que a percorriam a pararem para observar um mural que apareceu em apenas uma
semana. Uma mulher e um cravo saltam logo à vista, mas Alexandre Farto explicou
que toda a obra é uma mescla revolucionária. “Toda a obra foi um levantamento
das várias revoluções e de várias histórias da Europa, tem vários elementos de
padrões, tens o cravo também que tem que ver com a ligação à Revolução dos
Cravos”, contou à Lusa, durante a inauguração do mural.
O
rosto não é o de uma mulher só, mas “um apanhado de uma série de desenhos” que
Vhils fez em Bruxelas: “Quis representar alguém no imaginário do futuro que
esteja a olhar o futuro da Europa e a representar também a sua diversidade e
maneira como isso nos tornou mais fortes”.
No
ano de celebração do 50.º aniversário do 25 de Abril, Alexandre Farto quis
enaltecer a conquista da democracia portuguesa na cidade que decide os destinos
da União Europeia.
Ainda
mais quando o crescimento da extrema-direita ameaça os valores europeístas,
colocando em causa “todo o Estado social”, o acesso à escola pública, que Vhils
frequentou, não só em Portugal, mas noutros países. “No meu atelier somos 25,
há pessoas que têm histórias similares à minha, dos subúrbios de Bucareste
[Roménia], da Polónia, de Espanha, de França. O estúdio também tem essa força
da Europa. Era impossível fazer o meu trabalho e eu não teria tido as
oportunidades que tive se não fossem as conquistas todas dos últimos anos”,
sustentou.
Alexandre
Farto apresenta também, a partir desta sexta-feira, no museu de arte MIMA, em
Bruxelas, a exposição individual “Multitude”, sobre memória num tempo digital.
“Ao esculpir paisagens urbanas, padrões e rostos, desvendo histórias humanas
enterradas no nosso passado e presente coletivos”, afirmou o artista visual nas
redes sociais, a propósito de “Multitude”. In “Ponto
Final” – Macau com “Lusa”
Sem comentários:
Enviar um comentário