Uma exposição de Diogo Muñoz vai mostrar 50 obras com referências literárias e pictóricas à história e às tradições de Macau. O artista, que tem uma forte ligação afectiva ao território, pretende também homenagear os membros influentes das comunidades macaenses. A mostra “Macau Forever”, integrada nas celebrações do “Junho, Mês de Portugal”, será inaugurada amanhã
Meia
centena de trabalhos de Diogo Muñoz vão estar expostos no Albergue SCM, a
partir de amanhã, numa iniciativa do Círculo dos Amigos da Cultura de Macau. As
obras do artista português têm dimensões variadas e constituem, segundo a
organização da exposição, “uma viagem pela paisagem sócio-cultural local, com
referências literárias e pictóricas à história e às tradições, sem tempo nem
cronologia, onde o antigo abraça o contemporâneo e o vernáculo o erudito,
cristalizando assim cenários com um belo efeito estético que facilmente se
identifica”.
O
texto de divulgação releva a “ligação emocional muito forte” que o autor tem
com Macau, “que vai muito para além do facto de ter família a residir no
território”. Muñoz já visitou e expôs várias vezes no território, mas esta
mostra, “Macau Forever”, é a primeira “total e exclusivamente dedicada a
Macau”.
Com
esta galeria de retratos, o artista pretende também prestar homenagem aos
membros influentes das comunidades macaenses que contribuíram para Macau nas
últimas décadas.
Natural
de Lisboa, Diogo Muñoz estudou na Faculdade de Belas Artes da capital
portuguesa e as suas obras estão expostas em colecções em Portugal e no
estrangeiro. Alguns dos seus trabalhos foram vistos por todo o mundo, em
certames como “Fresh Paint Art Project”, em Pequim em 2007, e “Artour-O à
Firenze – DFM Project”, em Florença também em 2007. Isto para além de uma
exposição em Lisboa, a “Havel Havalim”, em 2021.
Numa
análise a esta mostra, o arquitecto Ricardo Roque Martins afirma que, nesta
exposição de acrílicos e desenhos, “surge em evidência uma relação afectiva com
aquele lugar que o artista conheceu por amizades antigas, objectos e histórias
de família”. Das muitas vezes que se deslocou ao território, “desde o tempo em
que ainda era solo português na Ásia, o Diogo encontrou ali, por um lado, um
sentido de pertença, por outro, uma constante novidade que o impele a escrever
e a desenhar”, sublinha.
Considerando
que a descoberta da fotografia cumprido o primeiro terço do século XIX teve um
impacto muito significativo na pintura de pose, este autor de projectos de
arquitectura e também professor, diz que as obras de Muñoz abordam a
ancestralidade e o modo como os povos estão ligados. “Não é sobre um novo
oriente ocidentalizado nem o reverso, mas sim de um diálogo estabelecido entre
povos do qual resultam coisas novas e permanecem as antigas”, menciona,
acrescentando que “é muito interessante, neste contexto, a relação que o Diogo
estabelece entre a pintura e a palavra”, uma vez que “alonga as conversas,
revisita ideias, volta a dizer”.
Como
em trabalhos anteriores, o artista “inspirou-se na literatura e na poesia”,
sustenta Ricardo Roque Martins, “mas também nas pinturas do lugar” e leu livros
de “escritores de lá e de cá” como Henrique de Senna Fernandes e Ade (José dos
Santos Ferreira) e olhou a obra de George Chinnery, reconhecendo que Muñoz
acumula um acervo documental escrito e desenhado que guarda na memória. “As
suas exposições são tertúlias culturais à volta dos seus temas predilectos como
é o caso de Macau”, conclui o arquitecto.
A
exposição será inaugurada pelas 18h30 desta quinta-feira na Galeria A2 do
Albergue e ficará patente até 15 de Julho, integrando-se nas comemorações do
Dia de Portugal, de Camões e das Comunidades Portuguesas. Vítor Rebelo –
Macau in “Jornal Tribuna de Macau”
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