Pintura Arq. Eduardo Moreira Santos, Lx (28.08.1904 - 23.04.1992)

quarta-feira, 5 de junho de 2024

Macau - Obras de Diogo Muñoz destacam história e tradições da Região

Uma exposição de Diogo Muñoz vai mostrar 50 obras com referências literárias e pictóricas à história e às tradições de Macau. O artista, que tem uma forte ligação afectiva ao território, pretende também homenagear os membros influentes das comunidades macaenses. A mostra “Macau Forever”, integrada nas celebrações do “Junho, Mês de Portugal”, será inaugurada amanhã


Meia centena de trabalhos de Diogo Muñoz vão estar expostos no Albergue SCM, a partir de amanhã, numa iniciativa do Círculo dos Amigos da Cultura de Macau. As obras do artista português têm dimensões variadas e constituem, segundo a organização da exposição, “uma viagem pela paisagem sócio-cultural local, com referências literárias e pictóricas à história e às tradições, sem tempo nem cronologia, onde o antigo abraça o contemporâneo e o vernáculo o erudito, cristalizando assim cenários com um belo efeito estético que facilmente se identifica”.

O texto de divulgação releva a “ligação emocional muito forte” que o autor tem com Macau, “que vai muito para além do facto de ter família a residir no território”. Muñoz já visitou e expôs várias vezes no território, mas esta mostra, “Macau Forever”, é a primeira “total e exclusivamente dedicada a Macau”.

Com esta galeria de retratos, o artista pretende também prestar homenagem aos membros influentes das comunidades macaenses que contribuíram para Macau nas últimas décadas.

Natural de Lisboa, Diogo Muñoz estudou na Faculdade de Belas Artes da capital portuguesa e as suas obras estão expostas em colecções em Portugal e no estrangeiro. Alguns dos seus trabalhos foram vistos por todo o mundo, em certames como “Fresh Paint Art Project”, em Pequim em 2007, e “Artour-O à Firenze – DFM Project”, em Florença também em 2007. Isto para além de uma exposição em Lisboa, a “Havel Havalim”, em 2021.

Numa análise a esta mostra, o arquitecto Ricardo Roque Martins afirma que, nesta exposição de acrílicos e desenhos, “surge em evidência uma relação afectiva com aquele lugar que o artista conheceu por amizades antigas, objectos e histórias de família”. Das muitas vezes que se deslocou ao território, “desde o tempo em que ainda era solo português na Ásia, o Diogo encontrou ali, por um lado, um sentido de pertença, por outro, uma constante novidade que o impele a escrever e a desenhar”, sublinha.

Considerando que a descoberta da fotografia cumprido o primeiro terço do século XIX teve um impacto muito significativo na pintura de pose, este autor de projectos de arquitectura e também professor, diz que as obras de Muñoz abordam a ancestralidade e o modo como os povos estão ligados. “Não é sobre um novo oriente ocidentalizado nem o reverso, mas sim de um diálogo estabelecido entre povos do qual resultam coisas novas e permanecem as antigas”, menciona, acrescentando que “é muito interessante, neste contexto, a relação que o Diogo estabelece entre a pintura e a palavra”, uma vez que “alonga as conversas, revisita ideias, volta a dizer”.

Como em trabalhos anteriores, o artista “inspirou-se na literatura e na poesia”, sustenta Ricardo Roque Martins, “mas também nas pinturas do lugar” e leu livros de “escritores de lá e de cá” como Henrique de Senna Fernandes e Ade (José dos Santos Ferreira) e olhou a obra de George Chinnery, reconhecendo que Muñoz acumula um acervo documental escrito e desenhado que guarda na memória. “As suas exposições são tertúlias culturais à volta dos seus temas predilectos como é o caso de Macau”, conclui o arquitecto.

A exposição será inaugurada pelas 18h30 desta quinta-feira na Galeria A2 do Albergue e ficará patente até 15 de Julho, integrando-se nas comemorações do Dia de Portugal, de Camões e das Comunidades Portuguesas. Vítor Rebelo – Macau in “Jornal Tribuna de Macau”


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