São
Paulo – Os anúncios feitos pelo governo federal durante a realização do
seminário Inova Portos, promovido pelo Porto de Itaqui, no Maranhão, dias 4 e 5
de abril de 2022, mostram que pelo menos o setor portuário e de logística tem
recebido nos últimos anos a atenção que sempre mereceu e que, em outros
governos, não teria ocorrido com tanta ênfase. Basta ver que, nos últimos anos,
foram feitos mais de 50 leilões dos portos brasileiros, com investimento de mais
de R$ 7 bilhões, acompanhado de concessões para que empresas privadas
desenvolvam serviços que antes eram exclusivos das antigas companhias docas.
Esse
desenvolvimento seria resultado da opção pela escolha de apenas técnicos
especializados para a direção dos órgãos ligados ao Ministério da Infraestrutura
(Minfra), em vez da preferência por indicações político-partidárias. Em outros
tempos, chegou-se à esdrúxula indicação para o alto cargo de uma estatal
portuária de um político interiorano que, até então, nunca teria visto um navio
de carga ou de passageiros na vida, o que deu vazão a anedotas que correram
céleres no cais de Santos.
Seria
bom que essa política continuasse a ser adotada por mais tempo e pelos governos
que as futuras eleições indicarem, mas é difícil que a praga da influência
política seja defenestrada de vez do setor. Tanto que o ex-ministro da
Infraestrutura, Tarcísio Gomes de Freitas, que havia sido diretor-geral do
Departamento Nacional de Infraestrutura de Transportes (DNIT) durante o governo
Dilma Rousseff, militar da reserva e graduado em Engenharia, considerado um
quadro eminentemente técnico, entusiasmado com os elogios a sua gestão no atual
governo, já anunciou a pretensão de concorrer ao governo de São Paulo.
De
qualquer modo, o que se aguarda é que os atuais programas de inovação
tecnológica e modernização que buscam reduzir a burocracia e os custos no setor
portuário sejam mantidos e aperfeiçoados no próximo governo, seja lá quem venha
a sair vitorioso das urnas na eleição majoritária. Entre esses avanços, estão
iniciativas que, atreladas aos processos de licitação de terminais e portos
públicos, incluem programas que preveem a adoção de tecnologias que promovam a descarbonização
e a redução de combustíveis fósseis. São tecnologias que, ao buscar energias
mais sustentáveis, acabam por gerar soluções mais eficientes, a custos mais
baixos.
Na área digital, é de se destacar o Programa de
Transformação Digital, que prevê a adoção do InfraBr, um aplicativo para uso de
caminhoneiros que facilita a chegada ao porto, e o Porto Sem Papel 2.0, que é voltado
para entradas e saídas de cargas, passageiros e tripulantes e integrado ao
PagTesouro, sistema de pagamentos digitais gerido pela Secretaria do Tesouro
Nacional que procura diminuir a burocracia e simplificar a vida do contribuinte
e que passaria a agilizar também as transações portuárias. Outro aplicativo
inovador é o Documento Eletrônico de Transporte (DET), cuja plataforma unifica
documentos e informações cadastrais, de logística, comerciais, fretes, pedágios
e seguro de caminhoneiros que atuam no transporte de cargas. Por fim, há o
InovaBr, que é destinado à segurança viária e promove tecnologia e fluidez no
transporte de cargas.
Com
a introdução dessas inovações trazidas pelo Programa de Transformação Digital,
sem dúvida, haverá uma melhoria na qualidade dos serviços oferecidos aos
usuários, que advirá de programas como o projeto-piloto de assinatura
eletrônica avançada, o compartilhamento gratuito de soluções com entes
públicos, transações eletrônicas entre entes federados e o PagTesouro. O que se
espera é haja também a integração desses programas com outros sistemas como o
Portal Único de Comércio Exterior e com a Marinha, a Agência Nacional de
Vigilância Sanitária (Anvisa) e o Vigilância Agropecuária Internacional (Vigiagro).
Outra
iniciativa que merece destaque é o Programas Renovar, criado pela Medida
Provisória nº 12, de 1/4/2022, que é voltado à reciclagem veicular, ao
incremento da produtividade e à eficiência logística. A partir da adesão a esse
programa, os proprietários de caminhões, ônibus e outros veículos pesados de
carga com idade acima de 30 anos, ou em condições técnicas que não atendam aos
parâmetros mínimos de rodagem, poderão retirá-los de circulação em condições mais
vantajosas. Ou seja, o programa promoverá a recompra do caminhão a ser
sucateado, pelo qual será pago ao caminhoneiro o valor de mercado do veículo,
com recursos oriundos das empresas contratadas para exploração e produção de
petróleo e gás natural.
Tudo
isso haverá de diminuir a burocracia, com a simplificação dos serviços abertos
aos cidadãos, e melhorar o ambiente de negócios, com maior eficiência no setor
público, afastando de vez aquelas figuras nefastas que viviam de criar
dificuldades para “vender” facilidades. É o que se espera. Liana Martinelli
- Brasil
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Liana
Lourenço Martinelli, advogada, pós-graduada em Gestão de Negócios e Comércio
Internacional, é gerente de Governança Ambiental, Social e Corporativa (ESG) do
Grupo Fiorde, constituído pelas empresas Fiorde Logística Internacional, FTA
Transportes e Armazéns Gerais e Barter Comércio Internacional. E-mail: lianalourenco@fiorde.com.br.
Site: www.fiorde.com.br
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