Os líderes dos três partidos do Governo timorense
estiveram sábado juntos, pela primeira vez, na campanha para as eleições
presidenciais, no comício de arranque na vila de Gleno, a sul de Díli, onde se
misturaram bandeiras das forças políticas
Mari
Alkatiri, secretário-geral da Frente Revolucionária do Timor-Leste Independente
(Fretilin), Taur Matan Ruak, presidente do Partido Libertação Popular (PLP) e
José Naimori, conselheiro máximo do Kmanek Haburas Unidade Nacional Timor Oan
(KHUNTO), juntaram-se para dar o seu apoio a Francisco Guterres Lú-Olo, atual
Presidente. “Vota número dois [no boletim de voto], na segunda volta, para o
segundo mandato”, gritou várias vezes em palco Taur Matan Ruak, numa das
intervenções mais aplaudidas do dia.
Num
campo de futebol da cidade, mesmo ao lado da sede da Fretilin em Ermera, o
comício de arranque da campanha da segunda volta foi uma mistura de símbolos
políticos, com bandeiras dos três partidos e ainda da nova formação, Os Verdes,
que tem estado com Lú-Olo desde a primeira volta.
Com
cerca de 64 mil eleitores, Ermera, zona conhecida pelo café – a terceira
principal fonte de receitas do país (depois do petróleo e das remessas dos
emigrantes) -, é um dos municípios mais numerosos e uma região onde Lú-Olo terá
que necessariamente recuperar votos.
Na
primeira volta, o actual Presidente (que está de férias durante o período da
campanha) registou aqui um dos seus piores resultados, com apenas 15% dos votos
contra os quase 60% de José Ramos-Horta. Parceiros do Governo desde 2020 – a
aliança inicial tinha o CNRT de Xanana Gusmão, substituído nesse ano pela
Fretilin – as forças políticas que não estiveram unidas na primeira volta
juntaram-se sábado, pela primeira vez, num grande palco público.
Na
primeira volta, em março, o PLP deu liberdade de voto aos seus militantes, e o
KHUNTO tinha a sua própria candidata, Armanda Berta dos Santos, a terceira mais
votada. Dias antes do arranque deste novo período de campanha, porém, os
líderes dos três acordaram vários compromissos, incluindo o apoio à
recandidatura de Lú-Olo na segunda volta e à manutenção da aliança para as
legislativas, previstas para 2023.
Do
outro lado da corrida está José Ramos-Horta, apoiado pelo Congresso Nacional da
Reconstrução Timorense (CNRT) de Xanana Gusmão e que já anunciou que se vencer
– obteve mais de 46% dos votos em Março – vai dissolver o parlamento, o que
implicaria o fim do executivo.
Partindo
em clara desvantagem, Lú-Olo espera que o apoio dos três partidos – que em
conjunto representam 36 dos 65 lugares no Parlamento – possa ser suficiente
para dar um novo ímpeto à campanha.
Lú-Olo
foi o primeiro dos ‘grandes’ a falar, resumindo aspetos essenciais da
constituição e das competências do Presidente, e pedindo a mobilização máxima
dos partidos que o apoiam. “Estamos na recta final da competição para decidir
quem vai para o palácio de Aitarak Laran. E eu estou pronto porque eu nunca me
rendo. A esperança não morre nunca”, afirmou, declarando-se orgulhoso de ter ao
seu lado o “companheiro de 24 anos de luta”, Taur Matan Ruak, e o líder do
KHUNTO.
Depois
o foco do comício pareceu mudar, com tanto Mari Alkatiri como Taur Matan Ruak a
falarem tanto do Presidente como do Governo e da “força” da aliança actual que
garantem vai continuar nas legislativas para 2023. “Este Governo herdou uma herança
pesada. A Fretilin decidiu estar junto com o PLP e KHUNTO para evitar que o
país estivesse em crise permanente. Por isso estamos juntos e vamos estar
juntos para as eleições de 2023. E temos muitas coisas que resolver”, disse.
E
depois elencou um conjunto de promessas para o próximo Governo, resolver os
problemas do país, políticas que “enquadrem toda a população com dignidade no
processo de desenvolvimento”. Prometeu sedes e centros de formação para as
artes marciais, bolsas de estudo e aos habitantes da zona do café uma aposta na
melhoria da quantidade e qualidade da produção, para que os agricultores possam
viver melhor.
Também
Taur Matan Ruak elencou a aposta na coligação para 2023, vincando que para
isso, o processo tem que começar agora, com a eleição de Lú-Olo para “garantir
a estabilidade política e governativa nos próximos cinco anos” e assim “servir
melhor o povo”. “E a coligação tem três prioridades: primeiro as pessoas,
segundo as pessoas, terceiro as pessoas”, afirmou.
Também
José Naimori apontou o papel de Lú-Olo em garantir a estabilidade, afirmando
que é preciso reeleger quem “trabalhou com o Governo” para implementar o
programa e defender a população na pandemia.
Ainda
antes dos discursos, num intervalo entre músicas, Mari Alkatiri pede o
microfone e informa que entre a multidão está o ex-comandante da Forças de
Defesa, Lere Anan Timur, que foi candidato na primeira volta, é militante da
Fretilin, mas ainda não decidiu quem vai apoiar na segunda. Ainda assim, em
nenhum momento veio à tribuna. In “Ponto Final” - Macau
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