Pintura Arq. Eduardo Moreira Santos, Lx (28.08.1904 - 23.04.1992)

sexta-feira, 8 de abril de 2022

Macau - Fronteiras fechadas têm prejudicado trocas comerciais entre a China e os países lusófonos

Eduardo Ambrósio, presidente da Associação Comercial Internacional para os Mercados Lusófonos, diz que o facto de a China estar fechada ao mundo tem prejudicado as trocas comerciais com os países de língua portuguesa. Ao Ponto Final, o responsável adiantou que a associação vai alertar o Comissariado do Ministério dos Negócios Estrangeiros da República Popular da China em Macau para o problema

A Associação Comercial Internacional para os Mercados Lusófonos alertou para as dificuldades que os empresários têm de ultrapassar para realizar trocas comerciais com os países lusófonos. Eduardo Ambrósio, presidente da associação, assinalou que há muitos investidores chineses que querem apostar em Portugal mas não conseguem devido às restrições fronteiriças.

Para Eduardo Ambrósio, a política de zero casos de Covid-19 implementada pela China tem “prejudicado um pouco” as trocas comerciais entre o país e os países lusófonos. Os investidores precisam de viajar, o que tem sido difícil nos dois últimos anos. “É um obstáculo”, disse o empresário ao Ponto Final.

“Na China há muitos investidores que querem investir fora do país e Portugal é o país ideal”, indicou, acrescentando que a maior empresa farmacêutica da China quer investir em Portugal, mas os empresários não conseguem ir. “E vice-versa, nós queremos também trazer os empresários de língua portuguesa para cá para ver como é Hengqin, que está em desenvolvimento, mas não conseguimos”, lamentou, reiterando: “Os nossos sócios empresários portugueses não conseguem ir à China fazer negócios”. O responsável da associação diz que, por exemplo, as exportações de vinho do mercado lusófono para a China têm “caído bastante por causa das políticas”.

Eduardo Ambrósio adiantou também que a associação que lidera irá deslocar-se em breve ao Comissariado do Ministério dos Negócios Estrangeiros da República Popular da China em Macau para alertar os responsáveis para esta situação. Ainda não há data para a realização desta reunião.

Já os empresários de Macau que estão com dificuldades em entrar no mercado lusófono têm-se virado para a Grande Baía, referiu. O empresário explicou que os empresários de Macau que têm mais facilidade de deslocação à China têm contado com o apoio da delegação em Cantão da Agência para o Investimento e Comércio Externo de Portugal (AICEP), que começou a funcionar em 2019, e “está a fazer um grande trabalho” na promoção de produtos portugueses na Grande Baía.

No entanto, Eduardo Ambrósio também nota que as trocas comerciais entre a China e o Brasil têm “aumentado bastante recentemente”, principalmente em produtos como a soja, o açúcar e a carne bovina. “A China está a sentir falta de produtos alimentares e o Brasil é um dos maiores exportadores de produtos alimentares. Antes era um negócio entre Governos, agora é mais entre empresas privadas e nós [empresários de Macau] estamos a ser beneficiados, estamos a servir de intermediários destes negócios”, apontou.

Na opinião do empresário, a formação de quadros bilingues chinês-português também é importante no desenvolvimento das relações comerciais entre a China e a lusofonia. Assim, Eduardo Ambrósio sugere ao Governo a criação de uma escola de línguas para empresários dos países de língua portuguesa para que estes possam vir para Macau aprender a língua chinesa. “A maioria das universidades e escolas ensinam o português para servir tradutores, mas o ideal seria dar formação aos empresários mesmo, para eles conseguirem identificar oportunidades que existem na China”, explicou, acrescentando que também os empresários chineses deveriam ter mais facilidade para aprenderem português para melhorar as relações comerciais.

O presidente da associação de empresários destacou também a importância de apostar no futebol e “trazer equipas de futebol de Portugal e do Brasil para jogarem cá, na Grande Baía, para a China melhorar a sua técnica no futebol”. “Portugal e Brasil são os países ideais para dar formação aos jogadores da China”, sublinhou.

No próximo domingo vai realizar-se a Reunião Extraordinária Ministerial do Fórum de Macau. Devido às restrições de viagens, esta reunião será realizada em formato online. “Infelizmente esta reunião vai ser online. Os ministros não podem vir a Macau. Mas esperamos que desta vez se possam resolver alguns problemas para incrementar os negócios entre Macau, a China e os países de língua portuguesa”, referiu Ambrósio.

Eduardo Ambrósio também adiantou que o Centro de Artistas de Macau, da China e dos Países de Língua Portuguesa – que está a ser construído na Avenida Doutor Sun Yat Sen, na Taipa – está quase pronto e deverá entrar em funcionamento este Verão. O projecto, que foi anunciado em Agosto de 2020, contempla mais de 20 andares que serão usados como hotel para artistas de Macau, da China e dos países lusófonos. Haverá também uma galeria onde os artistas vão poder expor. O investimento foi superior a 250 milhões de patacas. André Vinagre – Macau in “Ponto Final”


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