Eduardo Ambrósio, presidente da Associação Comercial Internacional para os Mercados Lusófonos, diz que o facto de a China estar fechada ao mundo tem prejudicado as trocas comerciais com os países de língua portuguesa. Ao Ponto Final, o responsável adiantou que a associação vai alertar o Comissariado do Ministério dos Negócios Estrangeiros da República Popular da China em Macau para o problema
A
Associação Comercial Internacional para os Mercados Lusófonos alertou para as
dificuldades que os empresários têm de ultrapassar para realizar trocas
comerciais com os países lusófonos. Eduardo Ambrósio, presidente da associação,
assinalou que há muitos investidores chineses que querem apostar em Portugal
mas não conseguem devido às restrições fronteiriças.
Para
Eduardo Ambrósio, a política de zero casos de Covid-19 implementada pela China
tem “prejudicado um pouco” as trocas comerciais entre o país e os países
lusófonos. Os investidores precisam de viajar, o que tem sido difícil nos dois
últimos anos. “É um obstáculo”, disse o empresário ao Ponto Final.
“Na
China há muitos investidores que querem investir fora do país e Portugal é o
país ideal”, indicou, acrescentando que a maior empresa farmacêutica da China
quer investir em Portugal, mas os empresários não conseguem ir. “E vice-versa,
nós queremos também trazer os empresários de língua portuguesa para cá para ver
como é Hengqin, que está em desenvolvimento, mas não conseguimos”, lamentou, reiterando:
“Os nossos sócios empresários portugueses não conseguem ir à China fazer
negócios”. O responsável da associação diz que, por exemplo, as exportações de
vinho do mercado lusófono para a China têm “caído bastante por causa das
políticas”.
Eduardo
Ambrósio adiantou também que a associação que lidera irá deslocar-se em breve
ao Comissariado do Ministério dos Negócios Estrangeiros da República Popular da
China em Macau para alertar os responsáveis para esta situação. Ainda não há
data para a realização desta reunião.
Já
os empresários de Macau que estão com dificuldades em entrar no mercado
lusófono têm-se virado para a Grande Baía, referiu. O empresário explicou que
os empresários de Macau que têm mais facilidade de deslocação à China têm
contado com o apoio da delegação em Cantão da Agência para o Investimento e
Comércio Externo de Portugal (AICEP), que começou a funcionar em 2019, e “está
a fazer um grande trabalho” na promoção de produtos portugueses na Grande Baía.
No
entanto, Eduardo Ambrósio também nota que as trocas comerciais entre a China e
o Brasil têm “aumentado bastante recentemente”, principalmente em produtos como
a soja, o açúcar e a carne bovina. “A China está a sentir falta de produtos
alimentares e o Brasil é um dos maiores exportadores de produtos alimentares.
Antes era um negócio entre Governos, agora é mais entre empresas privadas e nós
[empresários de Macau] estamos a ser beneficiados, estamos a servir de
intermediários destes negócios”, apontou.
Na
opinião do empresário, a formação de quadros bilingues chinês-português também
é importante no desenvolvimento das relações comerciais entre a China e a
lusofonia. Assim, Eduardo Ambrósio sugere ao Governo a criação de uma escola de
línguas para empresários dos países de língua portuguesa para que estes possam
vir para Macau aprender a língua chinesa. “A maioria das universidades e
escolas ensinam o português para servir tradutores, mas o ideal seria dar
formação aos empresários mesmo, para eles conseguirem identificar oportunidades
que existem na China”, explicou, acrescentando que também os empresários
chineses deveriam ter mais facilidade para aprenderem português para melhorar
as relações comerciais.
O
presidente da associação de empresários destacou também a importância de
apostar no futebol e “trazer equipas de futebol de Portugal e do Brasil para
jogarem cá, na Grande Baía, para a China melhorar a sua técnica no futebol”.
“Portugal e Brasil são os países ideais para dar formação aos jogadores da
China”, sublinhou.
No
próximo domingo vai realizar-se a Reunião Extraordinária Ministerial do Fórum
de Macau. Devido às restrições de viagens, esta reunião será realizada em
formato online. “Infelizmente esta reunião vai ser online. Os
ministros não podem vir a Macau. Mas esperamos que desta vez se possam resolver
alguns problemas para incrementar os negócios entre Macau, a China e os países
de língua portuguesa”, referiu Ambrósio.
Eduardo
Ambrósio também adiantou que o Centro de Artistas de Macau, da China e dos
Países de Língua Portuguesa – que está a ser construído na Avenida Doutor Sun
Yat Sen, na Taipa – está quase pronto e deverá entrar em funcionamento este
Verão. O projecto, que foi anunciado em Agosto de 2020, contempla mais de 20
andares que serão usados como hotel para artistas de Macau, da China e dos
países lusófonos. Haverá também uma galeria onde os artistas vão poder expor. O
investimento foi superior a 250 milhões de patacas. André Vinagre – Macau in “Ponto
Final”
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