Pintura Arq. Eduardo Moreira Santos, Lx (28.08.1904 - 23.04.1992)

sexta-feira, 1 de abril de 2022

Guiné-Bissau - Sindicato dos jornalistas denuncia suspensão de licenças de emissão das rádios no país

Cidade da Praia – O governo da Guiné-Bissau decidiu no Conselho de Ministros suspender todas as licenças de emissão das Rádios no país, alegando o “incumprimento de algumas leis”, disse à Inforpress a presidente do sindicato dos jornalistas guineenses, Indira Baldé.

Para a presidente do Sindicato dos Jornalistas e Técnicos da Comunicação Social (SINJOTECS) da Guiné-Bissau, está-se perante “mais um atentado à liberdade de imprensa” e “um assassinato à liberdade de imprensa”.

“Essa decisão do Conselho de Ministros apanhou o sindicato de surpresa, porque meses atrás o governo pediu a todos os órgãos de comunicação social para entregar as licenças no Ministério da Comunicação Social. Não pediu cópia das licenças, pediu para entregar as licenças, achamos isso absurdo”, disse.

Segundo Indira Baldé, os profissionais de comunicação social guineense acharam que o pedido do governo seria apenas uma forma de analisar a situação dos órgãos e o que deve ser regularizado ou outra coisa.

“Mas fomos surpreendidos com esta decisão de dar por nulo todas as licenças emitidas para o funcionamento das rádios. O sindicato vai se reunir para analisar essas leis e se posicionar, mas à priori, nós condenamos esta decisão do governo”, avançou.

Ainda nas suas declarações, Indira Baldé disse que se está num Estado de Direito Democrático, em que os governantes foram eleitos através de eleições democráticas, deve-se deixar os órgãos de comunicação funcionar.

“Os órgãos de comunicação são pilares da democracia, nós condenamos e vamos continuar a condenar, é um assassinato à liberdade de imprensa, as pessoas querem a todo custo fazer calar a imprensa. Porquê?”, questionou.

“Se durante a campanha os órgãos de comunicação estiveram a acompanhar os políticos, passando as mensagens, porque é que hoje não podem deixar estes órgãos de comunicação social trabalhar para que o povo possa saber o que é que está a ser feito e o que é que não está a ser feito?”, acrescentou.

A organização não-governamental Repórteres sem Fronteiras (RSF) considerou recentemente que o constante impasse político que se vive na Guiné-Bissau tem sido um obstáculo à liberdade de imprensa.

Segundo esta organização, a falta de estabilidade político-militar no país polariza os média e jornalistas, deixando-os vulneráveis à influência e pressões políticas, tal resulta num aumento de interferência do Governo nos órgãos de comunicação estatais.

A RSF afirmou ainda que o direito ao acesso de informação não está garantido e que os jornalistas continuam a autocensurar-se quando fazem cobertura das deficiências do governo, crime organizado e da contínua influência militar.

Alguns jornalistas fugiram para o estrangeiro devido a ameaças e intimidações. Em 2017, a equipa da emissora pública de televisão, a Televisão da Guiné-Bissau (TGB), assinou uma petição condenando a falta de independência editorial em 2017 e entrou em greve, pela mesma razão, em Janeiro de 2019.

No mês passado, um grupo de homens armados, todos com cara tapada, forçou a entrada no interior da Rádio Capital, em Bissau, disparando vários tiros contra os equipamentos, deixando feridos, segundo relatos dos funcionários. In “Inforpress” – Cabo Verde

 

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