"Hoje é o dia zero. Porque há um antes e um depois de Eunice, não só no Teatro Nacional D. Maria II, como também no teatro português", lê-se numa longa mensagem publicada na página do teatro
As
cerimónias fúnebres da atriz Eunice Muñoz, que morreu esta sexta-feira,
decorrem na Basílica da Estrela, em Lisboa, na segunda e na terça-feira,
seguindo depois o funeral para o Cemitério do Alto de S. João, onde o corpo
será cremado.
A
informação foi dada à agência Lusa pelo filho da atriz, acrescentando que o
velório decorrerá entre as 17:00 e as 22:30 de segunda-feira e entre as 10:00 e
as 15:00 de terça-feira.
Entre
as 15:00 e 16:00 de terça-feira, será celebrada uma missa de corpo presente, na
Basílica da Estrela, estando a cerimónia de cremação no cemitério prevista para
as 17:00, precisou António Muñoz.
"As
palavras que não queríamos escrever. O dia que não queríamos que chegasse.
Eunice Muñoz partiu. Hoje é o dia zero. Porque há um antes e um depois de
Eunice, não só no Teatro Nacional D. Maria II, como também no teatro
português", lê-se numa longa mensagem publicada na página oficial da rede
social Facebook, acompanhada de várias fotografias da atriz, no papel de
diferentes personagens, no palco da instituição.
Zerlina, Fedra, Mãe Coragem
Na
página do teatro que criou uma rede com o seu nome - Rede Eunice - para levar a
sua programação às mais afastadas e distintas cidades do país, Eunice Muñoz
regressa de novo como em algumas das suas principais personagens, como Zerlina,
de Hermann Broch, Fedra, de Racine, Mãe Coragem, de Brecht, e como Eunice
Muñoz, ela mesma, aplaudida no final de "Passa por Mim no Rossio", o
musical de que foi uma das principais intérpretes, exatamente no D. Maria, em
1991.
"Eunice
Muñoz tinha apenas 13 anos quando pisou, pela primeira vez, o palco do
Rossio", recorda o teatro. "Mas, incrivelmente, a sua carreira já
havia começado anos antes quando aos cinco anos começa a encarar o público na
pequena companhia teatral ambulante da sua família, Troupe Carmo, da qual
faziam também parte os seus avós e as suas tias. Na sua participação, costumava
cantar alguns êxitos dos anos 30".
"Alguns
anos mais tarde, em 1941, acontece o momento que marca a vida profissional de
Eunice Muñoz e que dá início à impressionante contagem dos seus 80 anos de
carreira: consegue o primeiro papel no teatro profissional e estreia-se a 28 de
novembro desse ano, em ‘Vendaval’, de Virgínia Vitorino, com encenação de
Amélia Rey Colaço e Robles Monteiro, na maior e mais prestigiada companhia
daqueles tempos", destaca o D. Maria.
Segundo
o teatro nacional, "começava, a partir desse momento, uma das mais
intensas e prolíficas carreiras da história do teatro português. No teatro, no
cinema e também na televisão, do drama à comédia, Eunice Muñoz deu vida a
dezenas de personagens, foi dirigida e contracenou com todos os grandes nomes,
pisou os principais palcos de teatro, foi reconhecida pelos seus pares,
aclamada pelo público, premiada com inúmeros galardões e agraciada com as mais
altas distinções".
"Oitenta anos de carreira não cabem em
palavras"
"Oitenta
anos de carreira não cabem em palavras. No Teatro Nacional D. Maria II, o seu
nome ecoa em cada espaço. Eunice Muñoz deixa uma miríade de memórias. Hoje,
relembramos com especial emoção o dia 28 de novembro passado, em que se
assinalaram os 80 anos da sua carreira, e em que se despediu dos palcos,
acompanhada da sua neta Lídia Muñoz", lê-se na mensagem, sobre o seu
desempenho em a “A margem do tempo”, do alemão Franz Xaver Kroetz, o derradeiro
trabalho da atriz em palco.
Eunice
Muñoz, que também deixa o seu legado "através de iniciativas como a Rede
Eunice Ageas, projeto de digressão nacional que 'amadrinhou'", para que o
teatro chegue "a locais onde a sua oferta é escassa ou irregular (...),
deixa-nos o seu tempo, o exemplo da sua vida e o seu talento, que é já farol
para as futuras gerações de artistas", prossegue o Nacional.
Eunice
Muñoz morreu esta sexta-feira, no Hospital de Santa Cruz, em Lisboa, aos 93
anos. In “Contacto” – Luxemburgo com “Lusa”
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