O
presidente do Conselho Internacional dos Arquitetos de Língua Portuguesa
(CIALP), Rui Leão, alertou que o património construído no século XX nos países
lusófonos “está em grande risco de vir a desaparecer em massa.
“Em
Portugal menos, mas nos outros países – incluindo em Macau – o património está
muito mal protegido, porque não existe enquadramento suficiente, estudo
contínuo e força política também”, disse à Lusa o arquiteto radicado em Macau.
“Já
tem desaparecido património muito bom” em Angola, lamentou o presidente do
CIALP, e também em Moçambique e Cabo Verde há a “tentação” de demolir edifícios
do século XX “porque dá jeito em termos políticos ter mais dois ou três
andares”.
Rui
Leão lembrou ainda o caso do Palácio Gustavo Capanema, “das peças mais
essenciais do património do século XX brasileiro”, que foi colocado pelo
governo numa lista de imóveis a serem leiloados.
Em
fevereiro, um tribunal do Rio de Janeiro deu razão ao Ministério Público
Federal e proibiu o governo de aceitar qualquer proposta de compra do palácio,
“o que poderia levar a alterações indesejadas”.
O
Conselho de Ministros da Comunidade dos Países de Língua Portuguesa (CPLP) vai
discutir na primeira semana de maio uma proposta do CIALP para estabelecer uma
listagem de “património notável” do século 20, revelou Rui Leão.
Há
dois anos que um grupo de trabalho do CIALP tem vindo a discutir os critérios
para cada país, disse o arquiteto.
Apesar
da listagem não ter um caráter vinculativo, se for adotada pela CPLP, “vai-nos
permitir trabalhar mais a fundo, aí já com equipa de pesquisa e universidades
associadas”, acrescentou Rui Leão.
O
presidente do CIALP diz ter esperança de que a Comissão do Património Cultural
da CPLP, criada em 2017, possa ser um “interlocutor” na proteção do património
arquitetónico lusófono.
O
património do século 20 será o tema de uma das duas mesas redondas que o CIALP
vai coorganizar em Luanda, entre 3 e 5 de maio, no âmbito da terceira edição da
Capital da Cultura da CPLP.
A
iniciativa, que irá celebrar o dia mundial da língua portuguesa, 5 de maio, vai
decorrer na capital de Angola, que exerce atualmente a presidência rotativa da
CPLP.
O
CIALP tem como membros as ordens ou organismos profissionais de arquitetos de
Angola, Brasil, Cabo Verde, Goa, Guiné-Bissau, Macau, Moçambique, Portugal, São
Tomé e Príncipe e Timor-Leste.
A
organização não-governamental representa “mais de 230 mil arquitetos”, o que
corresponde “a 18% dos arquitetos mundiais”, disse à Lusa em julho Rui Leão.
O
CIALP, fundado em 1991, é uma associação de direito privado sem fins
lucrativos, com sede em Lisboa, é parceiro institucional da União Internacional
dos Arquitetos (UIA) e observador consultivo da CPLP. In “Mundo
Lusíada” – Brasil com “Lusa”
Sem comentários:
Enviar um comentário