Um ditado da obra geográfica ‘Microcosmus’, do historiador eclesiástico inglês Peter Heylyn, diz que “História sem Geografia é como uma carcaça morta: sem nenhuma vida e nenhum movimento”. Historiadores eruditos e académicos de Macau pretendem recorrer aos mapas ao longo da história para remontar à relação histórico-geográfica entre Macau, interior da China e países estrangeiros, repensando o desenvolvimento realista do território. ‘Global Mapping of Macao – Xiangshan’, publicado pela Universidade de Ciência e Tecnologia de Macau, é o primeiro livro atlas sobre Xiangshan, o município histórico ao qual Macau pertencia desde século XII
‘Xiangshan’,
que tem um significado literal de ‘montanha fragrante’, é a designação
tradicional de um município histórico até 1925, e tinha ocupado originalmente
os territórios e as ilhas na região ocidental do Delta do Rio das Pérolas que
actualmente são de Zhongshan, Zhuhai e de uma parte de Guangzhou, incluindo a
península e as ilhas de Macau. Quando os portugueses chegaram à China durante
meados do século XVI, na Dinastia Ming, estabeleceram-se em Macau, onde, apesar
da presença portuguesa, ainda se encontrava sob a jurisdição de Xiangshan.
Um
novo livro atlas intitulado ‘Global Mapping of Macao – Xiangshan’ foi publicado
pela Universidade de Ciência e Tecnologia de Macau (MUST, na sigla inglesa) no
mês passado e patrocinado pela Fundação Macau.
O
vice-Reitor da MUST, Tong Ka Lok, afirmou que a obra ‘Global Mapping of Macao –
Xiangshan’ é um dos “resultados importantes” do estudo da cultura de Xiangshan
e do estudo de mapas antigos de Macau, salientando que uma parte deles é
revelada pela primeira vez, sendo de grande valor histórico e académico.
Segundo o dirigente da instituição de ensino superior, o livro é também o
primeiro atlas temático que diz respeito a Xiangshan, preenchendo uma lacuna na
cartografia histórica de Xiangshan.
A
publicação ‘Global Mapping of Macao – Xiangshan’ é, de certa forma, um
“retrospecto para a história de Macau”, mas também uma “necessidade para o seu
desenvolvimento realista”, frisou Wu Zhiliang, presidente do Conselho de
Administração da Fundação Macau. O responsável adiantou ainda que, para Macau
se desenvolver, o território deve ser “integrado no plano de desenvolvimento”
da China, e a participação na construção da Área da Grande Baía é um “passo
indispensável”. Wu Zhiliang espera que os historiadores eruditos e académicos
de Macau alarguem os seus horizontes para apostar nos estudos da história de
Macau no âmbito de Xiangshan, da Área da Grande Baía e do Sul da China, no
contexto ao longo da história da China e da sua história diplomática.
O
novo volume de atlas relativamente a Xiangshan faz parte do projecto ‘Global
Mapping of Macao’, sendo uma continuação da série de mapas em grande formato e
qualidade profissional com cerca de 50 tipos e 70 peças de mapas antigos
seleccionados em torno de Xiangshan, olhando para o desenvolvimento do
município histórico no prisma das antigas cartas marítimas e terrestres, na
perspectiva tanto oriental como ocidental, remontando a evolução da região ao
longo de tempo, desde uma ilha isolada em águas serenas para uma importante base
na fronteira marítima, até um centro de comércio e cultura, tendo servido de
elo de ligação entre a China e o mundo, relevou Yang Xunling, editor-chefe da
obra e sub-bibliotecário universitário da MUST.
Segundo
a apresentação, o livro é uma compilação a partir do mesmo espaço geográfico
abrangendo diversos temas. Através de uma comparação de mapas antigos de idade
semelhante, mas em línguas e origens culturais diferentes, permite aos
académicos sintetizarem os materiais históricos do Oriente e do Ocidente, e
examinarem a transmissão de conhecimentos cartográficos e a alienação de
conceitos no processo de choques culturais heterogéneos, fornecendo importantes
fontes históricas por meio de imagens pictóricas para o estudo de Macau como
parte histórica de Xiangshan e intercâmbios culturais entre a China e outros
países.
Estes
mapas antigos reflectem os laços estreitos entre Macau, Zhuhai e Zhongshan em
termos de sangue e herança cultural, traduzindo a relação histórico-geográfica
entre Macau, o interior da China e países estrangeiros, apresentando um
ambiente humano e geográfico em que o povo vivia num contexto onde a China
moderna ganhou o seu primeiro contacto com o mundo e deu o seu início de
integração na globalização, acrescentou o editor da obra. Dinis Chan – Macau
in “Ponto Final”
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