Angola tem mais de 140 tipos de serpentes, um terço das quais com venenos perigosos, o que preocupa quem vive e trabalha neste país e motivou dois investigadores portugueses a escreverem um livro sobre estas espécies
“Serpentes
venenosas de Angola – Guia de identificação e primeiros socorros” é o nome do
primeiro guia de campo inteiramente dedicado às serpentes venenosas de Angola,
elaborado pelos biólogos Luís Ceríaco e Mariana Marques e publicado pela
Universidade do Porto.
A
obra será lançada na sexta-feira, durante a cerimónia de comemoração dos 120
anos do Instituto de Higiene e Medicina Tropical, da Universidade NOVA de
Lisboa.
Com
fichas detalhadas e ilustradas, o livro permite uma identificação relativamente
rápida de todas as espécies de serpentes venenosas em Angola, apresenta
recomendações e indica primeiros socorros para mordidas e acidentes.
Os
autores recordam que “os envenenamentos por mordida de serpente afetam
mundialmente mais pessoas de que as outras doenças tropicais negligenciadas
(como a leishmaniose visceral, a lepra, a bouba, a doença das chagas, a doença
do sono e a úlcera de Buruli) juntas”.
Em
janeiro do ano passado, aos Médicos Sem Fronteiras (MSF) divulgaram um
relatório, segundo o qual a cada hora que passa cerca de 15 pessoas morrem no
mundo devido ao envenenamento por mordida de cobra, a mais mortífera das
doenças tropicais negligenciadas.
Citando
dados da Organização Mundial da Saúde (OMS), esta organização indicou que,
todos os anos, mais de cinco milhões de pessoas são mordidas por cobras e,
destas, entre 81.000 e 138.000 acabam por morrer por envenenamento.
Deficiências
como a cegueira, dificuldades de locomoção e amputação são outras das
consequências da mordida de cobra que também pode levar ao desenvolvimento de
perturbações psicológicas significativas, que vão desde os pesadelos ao
transtorno de stress pós-traumático.
O
guia refere que as serpentes “podem ser encontradas em praticamente todos os
tipos de habitats” de Angola.
“Embora
também presentes no centro das cidades, incluindo as áreas metropolitanas de
grandes cidades como Luanda, Benguela, Huambo ou Lubango, a probabilidade de
encontrarmos serpentes é muito maior quando saímos dos centros urbanos”, lê-se
na obra.
Em
muitos casos, escrevem os autores, os encontros entre as serpentes e o homem
“podem dar-se dentro das próprias habitações”, já que “é comum serpentes
entrarem dentro das casas, à procura de abrigo, calor ou alimentação”.
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