Pintura Arq. Eduardo Moreira Santos, Lx (28.08.1904 - 23.04.1992)

sexta-feira, 29 de abril de 2022

Portugal - Um dos maiores poetas da América Latina vai estar na Universidade do Porto

Hugo Mujica vem à Casa Comum, no próximo dia 2 de maio, pelas 21h30, para uma conversa com José Rui Teixeira e Valter Hugo Mãe. A entrada é livre


Tem obra traduzida, antologiada e publicada em quinze países e é hoje um dos mais reconhecidos poetas contemporâneos no contexto ibero-americano. Hugo Mujica vai marcar presença na Casa Comum da U.Porto (edifício histórico da Reitoria), às 21h30 do dia 2 de maio, para uma conversa com os escritores Valter Hugo Mãe e José Rui Teixeira, com entrada livre para todo o público.

Nascido em Buenos Aires, em 1942, Hugo Mujica estudou Belas-Artes, Filosofia, Antropologia Filosófica e Teologia. Esta multiplicidade de saberes perpassa uma obra que abarca filosofia, antropologia, narrativa, mística, poesia e indagação estética e que tem colocado o autor como um dos perenes “candidatos” ao Prémio Nobel da Literatura.

Aproveitando uma deslocação do autor argentino a Madrid, o poeta, docente e investigador português José Rui Teixeira, doutorado em Literaturas e Culturas Românicas na Faculdade de Letras da Universidade do Porto, não quis deixar escapar esta oportunidade de trazer Hugo Mujica a Portugal. “É, talvez, a última vez que Mujica vem à Europa e esta será uma oportunidade única de o vermos e ouvirmos antes de voltar a Buenos Aires”. Do seu percurso “extraordinário” de salientar, talvez, o facto de ter vivido como artista plástico, em Nova York, na década de 1960, tendo depois ingressado numa congregação religiosa católica que deriva da Ordem de Cister, onde foi ordenado e presbítero e cumpriu o voto de silêncio por 7 anos. “É um homem para quem o ato de criar é entendido como um sucessivo renascimento. É um homem com uma grande atividade e discurso provocador”, reforça José Rui Teixeira.

“É um estudioso da poesia, com um discurso muito próximo da Filosofia”, acrescenta Valter Hugo Mãe. E “não faz favores”, adverte. “Diz o que tem a dizer sem fazer concessões. É sempre surpreendente ouvi-lo falar”. Seria como podermos ter “uma conversa franca com Eugénio de Andrade, ou António Ramos Rosa. É uma sorte!”, o que torna imperdível esta “raríssima presença de um dos maiores poetas da América Latina no Porto”.

Criar é o momento em que começamos a ser

“Sempre que escrevo, que é a minha forma de criar, descubro, ou talvez inauguro, algo de mim, de mim ou de todos (…)  como se a criação também me ensinasse isso: que criar é mais original do que saber, mais abismal do que compreender, mais definitivo do que agir.” disse Hugo Mujica no Colóquio Internacional Poesia e Transcendência, que se realizou no Centro Regional do Porto da Universidade Católica Portuguesa, em julho de 2015. “O que procuro dizer, o que procuro pensar poeticamente ou poetizar pensativamente, é que o ato criador, nele e com ele, revivemos o acontecimento mais original e revelador que cada um de nós viveu: o nascer, o momento sem sombra ou memória em que sem ser, nos recebemos, o momento criador que ao recebermos, começamos a ser”.

O escritor argentino considera que “cada ato criador nos coloca no sítio onde não há lugar: no nada de onde tudo chega, na escuta do que vem à procura de um nome que o nomeie no seu ser. É, sem dúvida, por esta razão que, uma e outra vez, na escrita destas páginas, eu estava a homologar a criação com o nascimento, o continuar a criar com a continuação do nascer…” Hugo Mujica considera que “Se um deus criou o homem à sua imagem e semelhança ou o homem imaginou esse Deus à sua semelhança, o certo é que quando o ser humano começou a contar a si mesmo o início do mundo em que se encontrava vivo, ele deu como um atributo primordial a esse deus o ser criador, ele disse, intuiu, que criar é o ato mais inicial que um humano ou um deus pode realizar, ou o ato em que um e o outro são o mesmo evento, a mesma fecundidade”. Daí que na “relação cara a cara ou nudez a nudez, com o ser da existência, a criatividade é a relação mais decisiva, tão decisiva, que não podemos descartá-la, tão decisiva que é gratuita. É um dom”.


Tudo o que arde morre iluminando

A antologia é uma “recolha breve, muito feliz e séria” do trabalho poético de Hugo Mujica, diz-nos Valter Hugo Mãe. O que transforma esta obra numa oportunidade “maravilhosa” de entrar no universo “de um dos maiores poetas da América Latina”.

A iniciativa é da Reitoria da Universidade do Porto e da Cátedra Poesia e Transcendência (Universidade Católica). A conversa entre José Rui Teixeira, Valter Hugo Mãe e o poeta argentino Hugo Mujica tem início marcado para as 21h30. Durante a noite será feita a apresentação da antologia da sua poesia: Tudo o que arde morre iluminando, publicada com a chancela Officium Lectionis, em edição bilingue, com tradução para português de Jorge Melícias. Anabela Santos – Portugal in “Universidade do Porto”




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