O Governo está a estudar a inclusão de Portugal na lista de países que farão parte do programa experimental de entrada de estrangeiros em Macau. Ainda sem data ou detalhes de implementação, o plano destina-se a países ou regiões com uma “relação estreita com Macau”. Em caso de confinamento, um elemento do agregado familiar será autorizado a sair para fazer compras. Animais de estimação de infectados terão direito a “hotel de quarentena”
A
secretária para os Assuntos Sociais e Cultura Elsie Ao Ieong U, revelou ontem
que o Governo está a estudar a implementação de um programa experimental para a
entrada de estrangeiros em Macau e que Portugal deverá ser um dos países a
integrar a lista inicial do plano piloto. Segundo a secretária, o plano
destina-se a países ou regiões que tenham uma “relação estreita com Macau”,
nomeadamente se entre esses países e Macau existem muitas famílias e estudantes
em comum.
“Estamos
a estudar a situação e quais os países que poderão ser incluídos [no plano de
entrada de estrangeiros]. É claro que esses países devem ter uma relação
estreita com Macau. Por exemplo, se muitas famílias desses países estão em
Macau ou vice-versa ou se existem alunos que estão a estudar nesses países ou
vice-versa. Estes países vão estar na lista preliminar para servir como
referência”, começou por dizer Elsie Ao Ieng U à margem de uma sessão de
esclarecimento sobre o “Plano de resposta de emergência para a situação
epidémica da covid-19 em grande escala”.
“Concretamente,
ainda não temos uma lista dos países que vão ser escolhidos para ser os países
pilotos, mas vamos estudar essa situação e assim que tivermos um resultado
vamos anunciar à população”, acrescentou.
Contudo,
perante a insistência dos jornalistas, a secretária acabou por admitir que
“Portugal é um dos alvos de estudo do programa”, podendo vir a ser integrado na
lista de países-piloto que farão parte do programa experimental de entrada de
estrangeiros em Macau. Por esclarecer, ficaram os detalhes de candidatura e
implementação do programa ou quando é que este poderá entrar em funcionamento.
Recorde-se
que desde segunda-feira entrou em funcionamento um plano piloto para permitir a
entrada de empregadas domésticas das Filipinas, estando também no horizonte
“numa próxima etapa”, que investigadores e docentes estrangeiros, nomeadamente
de Portugal, e ainda estudantes do exterior admitidos em estabelecimentos de
Ensino Superior de Macau.
Vou ali e já venho
Questionada
sobre como é que a população terá acesso a bens essenciais caso Macau venha a
sofrer um surto em grande escala e, por exemplo, um confinamento geral, a
secretária para os Assuntos Sociais e Cultura adiantou que não ficará do lado
das autoridades a entrega ou o fornecimento de alimentos e outros produtos. Ao
invés, apontou, um dos elementos do agregado familiar deverá ser autorizado, a
espaços, a sair do domicílio para fazer as compras necessárias.
“[Caso
ocorra um surto em grande escala] e uma zona fique sob gestão de controlo
pormenorizada, o Governo terá dificuldade em entregar bens essenciais porta a
porta. As farmácias e os supermercados vão permanecer de portas abertas e vamos
propor, que um dos elementos do agregado familiar possa sair de casa num
horário específico para ir ao supermercado para, desta forma, sustentar a sua
vida quotidiana”, explicou Elsie Ao Ieong U.
Quanto
à eventual falta de recursos humanos para colocar em prática o plano de
resposta de emergência caso haja um grande surto de covid-19 em Macau, a
secretária vincou que o Governo Central estará disponível para “dar apoio” e
“enviar pessoal”.
Toca a todos
Por
último, questionada sobre o tratamento a dar aos animais de estimação dos
residentes que venham a ser infectados com a doença e enviados, por isso, para
isolamento em centros de tratamento comunitário, tratamento hospitalar ou
hotéis de observação médica, Elsie Ao Ieong U revelou que o Instituto para os
Assuntos Municipais (IAM) está a preparar “hotéis de quarentena” para acolher
os respectivos animais.
“No
último surto comunitário de Macau, tivemos essas experiências e o IAM, de forma
muito simpática já tomou a iniciativa de abordar essa questão (…) e disse que
irá providenciar hotéis para esses animais de estimação para servir como local
de quarentena para esses animais de estimação”, disse a secretária.
Recorde-se
que a preocupação vem no seguimento de em Xangai existirem relatos de que, os
animais de estimação de cidadãos infectados com covid-19, terem acabado por ser
abandonados ou abatidos pelas autoridades.
IAS espera “espírito de entreajuda”
Caso
Macau venha a sofrer um surto em larga escala que implique confinamentos, o
vice-presidente do Instituto de Acção Social (IAS), Hon Wai, afirmou esperar
que a população demonstre “espírito de entreajuda” e apoie os vizinhos que se
encontrem fechados no mesmo edifício. Durante a sua intervenção, Hon Wai frisou
ainda que, entre Fevereiro e Abril de 2022, o número de idosos vacinados
aumentou 47 por cento e que nos lares, 82 por cento dos idosos já estão
vacinados contra a covid-19. No entanto, o responsável admitiu que a taxa de
vacinação geral entre os mais velhos “não é satisfatória”.
Simulacro em Maio
Elsie
Ao Ieong U revelou ontem que o simulacro previsto para o centro de tratamento
comunitário localizado na Nave Desportiva dos Jogos da Ásia Oriental, deverá
acontecer já no próximo mês de Maio. O objectivo passa por “perceber melhor” o
funcionamento do plano de resposta e dar a conhecer a organização do centro de
tratamento. “Temos que organizar e contactar vários serviços e só depois é que
podemos lançar este plano. Esperamos que aconteça no próximo mês. Vamos
convidar alguns residentes para participar no simulacro como voluntários,
realizar testes de ácido nucleico e fazer trabalhos de triagem para a população
perceber melhor o funcionamento do plano e do centro de tratamento
comunitário”, explicou.
Covid-19 | Plano de resposta inspirado em Hong Kong,
Xangai e Taiwan
A
secretária para os Assuntos Sociais e Cultura, Elsie Ao Ieong U, frisou ontem
que o plano de resposta a surtos de covid-19 em grande escala tem como
referência as experiências de Hong Kong, Xangai e Taiwan e que a sua eficácia
irá depender do “esforço comunitário” e da cooperação entre o sector social, da
saúde e da educação. Por isso, a secretária espera que os diferentes
departamentos se prepararem caso haja um novo surto em Macau.
“Tendo
por referência a experiência das regiões de Hong Kong, Xangai e Taiwan, entre
outras, [o Governo] concebeu um Plano de resposta. As diversas fases do Plano
requerem esforços comunitários para uma implementação eficaz, especialmente o
pleno apoio e cooperação dos serviços sociais, dos sectores de saúde e da
educação. Deste modo, espero que todos possam articular-se com o Plano em causa
e organizar os seus planos de trabalho com a maior brevidade possível, bem como
proceder à programação e formação do pessoal, para se prepararem com
antecedência”, disse durante o seu discurso.
Testes rápidos | Abastecimento garantido. População deve
aprender método
O
Governo garantiu ontem que, caso ocorra um novo surto de covid-19 em Macau,
haverá kits de testes rápidos em número suficiente para fazer face às
necessidades da população.
Depois
de o director dos Serviços de Saúde, Alvis Lo Iek Long ter apontado os prós e
contras dos testes de antigénio e sublinhado a importância de a população
começar a aprender como fazer a testagem por si própria, a secretária para os
Assuntos Sociais e Cultura, Elsie Ao Ieong U frisou que o sistema poderá mesmo
servir para complementar os planos de testagem em massa da população.
“Comparando
com Hong Kong, a população de Macau é pequena e estes testes de antigénio já
são muito vulgares noutros países e em todo o mundo e, por isso, é fácil
comprar mais. Estamos a encomendar novos lotes de testes rápidos para prevenir,
caso estes venham a ser necessários. Se, no futuro, a necessidade persistir,
vamos adquirir mais”, garantiu.
Sobre
a possibilidade de os testes em massa poderem vir a ser realizados num só dia,
Elsie Ao Ieong U apontou que essa não é uma obrigatoriedade, mas que é
necessário “arranjar mais espaços”, manter a distância social nas filas e
recorrer, eventualmente, a testes rápidos para “evitar a concentração de
pessoas”. Pedro Arede – Macau in “Hoje Macau”
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