Cristina
Nabais e Ana Carvalho, do Centro de Ecologia Funcional da Universidade de
Coimbra (UC), participaram num estudo internacional que descobriu que o
crescimento do tronco das árvores tropicais é menor em anos em que a estação
seca é mais intensa e quente do que o normal.
Liderado
por investigadores da Universidade de Wageningen (Países Baixos), Universidade
Estadual de Campinas – UNICAMP (Brasil) e Universidade do Arizona (EUA), e
acabado de publicar na revista Nature Geoscience, do grupo
Nature, este estudo baseou-se numa nova rede global de anéis de crescimento,
incluindo mais de 14 mil séries de dados de crescimento anual de árvores de 350
localidades nos trópicos.
Os
cientistas observaram que «o impacto de anos mais quentes, ou áridos, é mais
intenso nas regiões mais áridas, ou mais quentes. Estes resultados sugerem que
as mudanças climáticas podem aumentar a sensibilidade das árvores tropicais a
flutuações climáticas».
Durante
muito tempo, explicam os autores do estudo, os ecólogos «assumiam que as
árvores tropicais não produziam anéis de crescimento devido à falta de invernos
frios nos trópicos. Nas últimas décadas, no entanto, a formação de anéis de
crescimento já foi comprovada para centenas de espécies de árvores tropicais».
Segundo
o coautor Peter Groenendijk, da UNICAMP, «os anéis de crescimento contêm uma
riqueza de informações sobre a história do crescimento das árvores. Neste
estudo, explorámos esse potencial. Pela primeira vez, obtivemos um panorama
Pantropical de como o crescimento das árvores tropicais reage a flutuações
climáticas».
Os
resultados deste estudo, que foi um esforço de colaboração internacional, para
o qual 100 autores contribuíram com dados de anéis de crescimento amostrados em
30 países tropicais e subtropicais, ajudam a compreender as grandes flutuações
na absorção de carbono pela vegetação tropical a nível mundial.
Cristina
Nabais, docente do Departamento de Ciências da Vida da Faculdade de Ciências e
Tecnologia da Universidade de Coimbra (FCTUC) e coautora do estudo, salienta
que «é importante continuar o esforço de amostragem em regiões tropicais,
alargando a cobertura geográfica das séries de anéis de crescimento. Nesse
sentido, o laboratório de dendrocronologia do Centro de Ecologia Funcional da
UC quer continuar a contribuir para um maior conhecimento da dinâmica de
crescimento das árvores das regiões tropicais».
Os
autores ficaram surpreendidos com a descoberta de que o clima durante a estação
seca teve um efeito mais forte no crescimento das árvores do que o clima
durante a estação chuvosa. Uma possível explicação é que a água está disponível
por mais tempo durante os anos com estações secas mais húmidas, ou com
temperaturas mais amenas. Ou seja, a estação de crescimento é mais longa, o que
leva a um maior crescimento das árvores.
Ainda
de acordo com os autores do estudo, os resultados obtidos preenchem uma
importante lacuna nos dados de anéis de crescimento. Por isso, os dados de
crescimento de árvores de mais de 100 localidades de estudo já foram
disponibilizados na base de dados internacional de anéis de crescimento, International Tree-ring Databank
(ITRDB). Assim, a informação estará disponível gratuitamente para todos.
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