Um
novo estudo do Banco Mundial em parceria com o Ministério de Minas e Energia e
a Empresa de Pesquisa Energética, EPE, revela que a energia eólica offshore,
no mar, é capaz de gerar mais de 516 mil empregos até 2050. Também pode trazer
um valor agregado bruto de pelo menos R$ 900 mil milhões para a economia
brasileira.
Além
disso, a fonte traz um potencial técnico superior a 1200 gigawatts (GW), o que
representa quatro vezes a capacidade instalada atual do país.
Alternativa robusta para as hidrelétricas
Segundo
o estudo "Cenários para o Desenvolvimento de Eólica Offshore no
Brasil", ela surge como uma fonte complementar robusta para as hidroelétricas,
especialmente durante períodos de seca. A especialista em energia renovável
Rebeca Doctors, do Banco Mundial, explica o motivo:
“Ela
tem uma variabilidade interanual que é muito baixa. Inclusive, em certos
estados, menor que a variabilidade da hidroelétrica. Então, ela tem como ser
uma fonte atenuante da variabilidade da energia hidroelétrica, e isso faz com
que ela tenha o potencial de tornar-se uma fonte extremamente importante para a
matriz energética brasileira”.
De
acordo com o relatório, as eólicas offshore são um complemento vital a
outras fontes renováveis, como a solar, eólica onshore (em terra) e
biomassa. A integração dessas fontes é estratégica para que o Brasil consiga reduzir
a zero as emissões liquidas de carbono até 2050.
Redução de custos
No
entanto, há desafios que precisam ser superados para a energia eólica offshore
se tornar uma realidade a longo prazo. O custo inicial elevado dos projetos é
um deles.
Atualmente,
a expectativa é de que os primeiros tenham um custo em torno de trezentos e
quarenta e quatro reais por megawatt hora (MWh), quase duas vezes maior do que
as alternativas solar e eólica onshore. Espera-se que, com o
desenvolvimento e ganho de escala, o custo por MWh possa cair
significativamente, tornando a energia eólica offshore competitiva com
fontes convencionais no médio prazo.
Outros
fatores que podem ajudar a reduzir os custos são a infraestrutura, a cadeia de
suprimentos e os recursos humanos já existentes para a produção offshore
de petróleo e gás, e de desenvolvimento de energia eólica onshore. É
possível adaptar tudo isso para atender às procuras da nova fonte energética.
Grande
parte do potencial eólico offshore do Brasil se encontra nas regiões
Nordeste, Sudeste e Sul. Apesar de a fonte ter, a princípio, uma vantagem
competitiva por estar próxima aos centros de procura, a integração à rede
elétrica também exigirá atenção.
Arcabouço legal
Para
viabilizar o setor, são necessários investimentos em infraestrutura portuária e
logística, bem como uma colaboração efetiva entre os setores público e privado.
O financiamento público e de bancos de desenvolvimento será essencial para os
primeiros projetos.
O
Brasil está em processo de definir o arcabouço legal para a energia eólica offshore
com o Projeto de Lei 576 de 2021, atualmente em discussão no Senado.
A aprovação deste
projeto é um passo crucial para a organização de leilões para cessão de uso de
áreas marítimas, com o objetivo de permitir os primeiros parques operacionais. Mariana
Ceratti – Brasil in “Banco Mundial Brasil”
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