Mia Couto foi distinguido, esta terça-feira, com o Grande Prémio de Conto Branquinho da Fonseca, da Associação Portuguesa de Escritores, que reconheceu as qualidades da obra Compêndio para desenterrar nuvens.
Em
Novembro do ano passado, Mia Couto lançou Compêndio para desenterrar nuvens,
no Centro Cultural Moçambique-China, na Cidade de Maputo. Cerca de trezentas
pessoas fizeram parte do evento e, muitas delas, adquiriram o mais recente
livro do escritor. No entanto, nessa altura, nenhum dos que ganhou um autógrafo
e, em alguns casos, acompanhado de uma fotografia, pôde prever que em mãos
tinha uma obra literária que, oito meses depois, seria distinguida no Grande
Prémio de Conto Branquinho da Fonseca, da Associação Portuguesa de Escritores.
Hoje,
16 de Julho de 2024, a novidade foi anunciada e o escritor que já venceu de
tudo um pouco alegra-se por mais uma distinção que reconhece a sua
criatividade. “É um prémio que me dá uma grande alegria. Primeiro, porque é um
prémio do conto. Como todos sabemos, o conto é uma espécie de género literário
menos valorizado. O grande género tem sido sempre o romance. O conto surge
quase sempre como parceiro menor”, disse, Mia Couto, que se encontra em
Portugal a escrever mais um livro.
Compêndio para desenterrar nuvens é um livro composto por 22 histórias que, de alguma
forma, se entrelaçam. Ao reunir os textos em livro, Mia Couto quis devolver a
dignidade a quem não espera ajuda, a quem não precisa de ser salvo, porque se
salva a si próprio, todos os dias. E o escritor reforça: “Eu acho que estes
contos surgiram como crónicas. Portanto, esta viagem do texto original, que é
feito para uma revista, como crónica, com o tratamento que dei para ser um
conto, aparentemente, resultou, sobretudo como um apontamento de gente que vive
numa situação de guerra, numa situação de miséria, numa situação de exclusão e
que, por via da literatura, pode ganhar uma visibilidade no mundo. Digamos
assim, eu sinto que este prémio não me distingue exactamente a mim, mas às
pessoas que proporcionaram esse tipo de abordagem e de sensibilidade do mundo
que ganhei”.
O
Grande Prémio de Conto Branquinho da Fonseca, segundo avança um comunicado
sobre o concurso, foi instituído no ano passado, pela Associação Portuguesa de
Escritores, e é patrocinado pela Câmara Municipal de Cascais e pela Fundação D.
Luís I. O prémio destina-se a galardoar, anualmente, uma obra de contos em
língua portuguesa.
Ainda
de acordo com a nota de imprensa, convenceu o júri, constituído por Fernando
Batista, Mário Avelar e Paula Mendes Coelho, a forma como Mia Couto consegue
misturar sabiamente o código realista e o código imaginário sem nunca esquecer
o registo lírico e as injustiças sociais. José dos Remédios – Moçambique
in “O País”
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