Pintura Arq. Eduardo Moreira Santos, Lx (28.08.1904 - 23.04.1992)

segunda-feira, 1 de julho de 2024

Como um sonho acordado










Vamos aprender português, cantando

 

Como um sonho acordado

 

Como se a Terra corresse

inteirinha atrás de mim

o medo ronda-me os sentidos

por abaixo da minha pele

ao esgueirar-se viscoso

escorre pegajoso

e sai

pelos meus poros

pelos meus ais

ele penetra-me nos ossos

ao derramar-se sedento

nas entranhas sinuosas

entre as vísceras mordendo

salta e espalha-se no ar

vai e volta

delirante

tão delirante

é como um sonho acordado

esse vulto besuntado

a revolver-se no lodo

a deslizar de uma larva

emergindo lá no fundo

tenho medo ó medo

leva tudo é tudo teu

mas deixa-me ir

 

Arrasta-me à côncava do fundo

do grande lago da noite

cruzando as grades de fogo

entre o Céu e o Inferno

até à boca escancarada

esfaimada

atrás de mim

atrás de mim

é como um sonho acordado

esses olhos no escuro

das carpideiras viúvas

pelo pai assassinado

desventrado por seu filho

que possuiu o lascivo

a sua própria mãe

e sua amante

 

Meu amor quando eu morrer

ó linda

veste a mais garrida saia

se eu vou morrer no mar alto

ó linda

e eu quero ver-te na praia

mas afasta-me essas vozes

linda

 

Tens medo dos vivos

e dos mortos decepados

pelos pés e pelas mãos

e p´lo pescoço e pelos peitos

até ao fio do lombo

como te tremem as carnes

fernão mendes

 

Arrasta-me à côncava do fundo

do grande lago da noite

cruzando as grades de fogo

entre o Céu e o Inferno

até à boca escancarada

esfaimada

atrás de mim

atrás de mim

é como um sonho acordado

esses olhos no escuro

das carpideiras viúvas

pelo pai assassinado

desventrado por seu filho

que possuiu o lascivo

a sua própria mãe

e sua amante

 

Meu amor quando eu morrer

ó linda

veste a mais garrida saia

se eu vou morrer no mar alto

ó linda

e eu quero ver-te na praia

mas afasta-me essas vozes

linda

 

Tens medo dos vivos

e dos mortos decepados

pelos pés e pelas mãos

e p´lo pescoço e pelos peitos

até ao fio do lombo

como te tremem as carnes

Fernão Mendes

 

Tens medo dos vivos

e dos mortos decepados

pelos pés e pelas mãos

e p´lo pescoço e pelos peitos

até ao fio do lombo

como te tremem as carnes

Fernão Mendes

Tens medo dos vivos

e dos mortos decepados

pelos pés e pelas mãos

e p´lo pescoço e pelos peitos

até ao fio do lombo

como te tremem as carnes

Fernão Mendes

Tens medo dos vivos

e dos mortos decepados

pelos pés e pelas mãos

e p´lo pescoço e pelos peitos

até ao fio do lombo

como te tremem as carnes

Fernão Mendes

Tens medo dos vivos

e dos mortos decepados

pelos pés e pelas mãos

e p´lo pescoço e pelos peitos

até ao fio do lombo

como te tremem as carnes

Fernão Mendes

Tens medo dos vivos

e dos mortos decepados

pelos pés e pelas mãos

e p´lo pescoço e pelos peitos

até ao fio do lombo

como te tremem as carnes

Fernão Mendes

Tens medo dos vivos

e dos mortos decepados

pelos pés e pelas mãos

e p´lo pescoço e pelos peitos

até ao fio do lombo

como te tremem as carnes

Fernão Mendes

Tens medo dos vivos

e dos mortos decepados

pelos pés e pelas mãos

e p´lo pescoço e pelos peitos

até ao fio do lombo

como te tremem as carnes

Fernão Mendes

Tens medo dos vivos

e dos mortos decepados

pelos pés e pelas mãos

e p´lo pescoço e pelos peitos

até ao fio do lombo

como te tremem as carnes

Fernão Mendes

Tens medo dos vivos

e dos mortos decepados

pelos pés e pelas mãos

e p´lo pescoço e pelos peitos

até ao fio do lombo

como te tremem as carnes

Fernão Mendes

 

Fausto Bordalo Dias – Portugal

(26.11.1948 – 01.07.2024)

Por este rio acima

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