Financiamento de 240 mil euros permitirá ao investigador Delfim Duarte estudar o papel do ferro na formação e diferenciação anormal das células de sangue (hematopoiese clonal)
A
Associação Europeia de Hematologia – The European Hematology Association (EHA)
atribuiu recentemente uma das três Bolsas de Investigação para Médicos
Cientistas a Delfim Duarte, investigador do Instituto de Investigação e
Inovação em Saúde da Universidade do Porto (i3S) e hematologista do IPO-Porto.
No
valor de 240 mil euros, e com uma duração de três anos, este financiamento
permitirá ao investigador estudar o papel do ferro no processo da formação e
diferenciação anormal das células de sangue (hematopoiese clonal), que aumenta
o risco de desenvolvimento da leucemia mieloide aguda (LMA).
A
hematopoiese clonal é uma condição recentemente descrita que afeta a forma como
as células sanguíneas são produzidas e que está associada com o envelhecimento
e com o risco de LMA, um tipo agressivo de cancro do sangue que afeta os
glóbulos brancos.
Neste
projeto, especifica Delfim Duarte, “vamos estudar o papel da inflamação e do
ferro na formação e diferenciação das células de sangue e desenvolvimento de
leucemia”. Com o avançar da idade, acrescenta, “o número de erros nas células
da medula que dão origem às células sanguíneas vai aumentando por acumulação de
mutações em genes que regulam vários processos celulares. As células mutadas
expandem e têm função alterada, aumentando assim o risco cardiovascular e de
desenvolvimento de leucemia mieloide aguda”.
De
acordo com o investigador, “vários estudos demonstraram que estas células
mutadas têm um perfil pró-inflamatório, muitas vezes relacionado com uma
proteína reguladora dos níveis sistémicos de ferro, a hepcidina”.
Além
disso, acrescenta Delfim Duarte, “dados preliminares do nosso grupo de
investigação no i3S (Hematopoiesis and Microenvironments) sugerem que essa
proteína e os níveis de ferro regulam por sua vez a formação de novas células
sanguíneas”.
Neste
projeto, continua o também professor auxiliar convidado da Faculdade de Medicina
da U.Porto (FMUP), “vamos estudar em doentes e modelos animais a relação entre
a inflamação, ferro e a formação de novas células sanguíneas, bem como o risco
de evolução para leucemia. Este estudo pode ter implicações importantes para a
prevenção do risco cardiovascular e de desenvolvimento de leucemias nesta
população”.
Para
obter estas informações, a equipa de Delfim Duarte, que inclui investigadores
da Universidade de Tours (França) e da Universidade de Zurique (Suíça), vai
estudar amostras de doentes com hematopoiese clonal e modelos de ratinho que
mimetizam a condição humana.
Para
o investigador, este financiamento da Associação Europeia de Hematologia, que
resultou de um processo de avaliação muito exigente, representa o
“reconhecimento da solidez da proposta e uma motivação adicional. É também o
reconhecimento do trabalho que a nossa equipa tem desenvolvido nesta área nos
últimos anos”.
Como
médico, continua Delfim Duarte, “é também uma oportunidade única de explorar
num contexto pré-clínico possíveis futuros tratamentos para os doentes com
patologia hemato-oncológica. Isto só é possível graças ao consórcio do Porto
Comprehensive Cancer Center (P.CCC) Raquel Seruca, que inclui o i3S e o
IPO-Porto”. Universidade do Porto - Portugal
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