O Instituto para os Assuntos Municipais revelou ao Jornal Tribuna de Macau que irá realizar “trabalhos de manutenção” nas estrofes de “Os Lusíadas” que constam da parte detrás do pedestal onde assenta o busto de Camões, naquele que é um dos mais antigos jardins do território. O organismo liderado por José Tavares não indicou, contudo, mais detalhes, nomeadamente calendarização e procedimentos
A
terceira estrofe de “Os Lusíadas” que consta na parte detrás do pedestal onde
assenta o busto de Luís Vaz de Camões, no Jardim de Camões, está praticamente
ilegível. Confrontado com a situação, o Instituto para os Assuntos Municipais
(IAM) disse ao Jornal Tribuna de Macau que “já tinha verificado que as
inscrições estão a desaparecer e está a acompanhar a situação”. Mais ainda, o
organismo liderado por José Tavares acrescentou que “serão realizados trabalhos
de manutenção”.
Às
perguntas que se seguiram – “quando serão iniciados os trabalhos de
manutenção?” e “quais os procedimentos a seguir, uma vez que as estrofes estão
escritas em português?” -, o IAM disse que, por enquanto, “não há mais detalhes
a acrescentar”.
De
notar que os dois primeiros excertos que constam do pedestal em pedra na Gruta
de Camões ainda se conseguem ler. Dizem respeito à estrofe 95 do Canto VI e à
estância 42 do Canto VIII.
A
estrofe que já está praticamente incompreensível é a número 81 do Canto VI: “E
ainda, Ninfas minhas, não bastava/ Que tamanhas misérias me cercassem,/ Senão
que aqueles que eu cantando andava/ Tal prémio de meus versos me tornassem:/ A
troco dos descansos que esperava,/ Das capelas de louro que me honrassem,/
Trabalhos nunca usados me inventaram,/ Com que em tão duro estado me deitaram”.
Num
artigo de opinião publicado neste jornal, o investigador António Aresta alertou
recentemente para esta questão, dizendo que a estância precisa de ser
reescrita. “Luís de Camões merece este desvelo, 500 anos depois”, defendia. O
IAM referiu agora ao JTM que vai avançar com esse trabalho, mas não se sabe
ainda quando terá início.
O
Jardim de Luís de Camões, um dos mais antigos de Macau, foi criado em meados do
século XVIII. Na Gruta, constituída por três grandes rochedos facetados,
encontra-se então o busto de Camões, da autoria do escultor Manuel Maria
Bordalo Pinheiro.
Diz-se
que, em meados do século XVI, Camões (1524-1580), viveu em Macau durante dois
anos, onde terá terminado, na Gruta que tem hoje o seu nome, a obra “Os
Lusíadas”. “Com o patrocínio de 600 francos de um rico comerciante português de
Macau, Lourenço Marques, genro de Manuel Pereira, a gruta foi renovada em 1849,
sendo aí colocado um busto do poeta. Foi também erigido um pavilhão sobre a
gruta, o qual já não existe. O último restauro da gruta data de 1866 e o busto
do poeta foi refundido em bronze”, pode ler-se na página do património cultural
de Macau.
Este
ano, recorde-se, celebram-se os 500 anos do nascimento de Camões. Em Macau, o
Instituto Cultural realizou, durante o mês de Junho, uma série de actividades,
incluindo um concerto, palestras e visitas guiadas. A Associação dos Jovens
Macaenses levou também a cabo uma palestra intitulada “500 anos da língua de
Camões e a evolução de Portugal em Macau”. Anteriormente, a Rede Camões na Ásia
& África organizou o Congresso Internacional do Meio Milénio de Camões,
iniciativa que incluiu uma série de comunicações de várias partes do mundo.
Consulado em Cantão inaugurou Sala Camões
O
Consulado-Geral de Portugal em Cantão criou uma Sala Camões nas suas
instalações, em mais uma homenagem inserida nas comemorações dos 500 anos do
nascimento do poeta. O novo espaço foi inaugurado recentemente por ocasião de
uma visita a Cantão do Embaixador de Portugal na China, Paulo Jorge Nascimento.
A cerimónia contou ainda com a presença da Cônsul-Geral Ana Menezes Cordeiro,
que concluiu, entretanto, a missão de três anos no posto diplomático, sendo
substituída por Tomás van Asch de Azevedo. Catarina Pereira – Macau in “Jornal Tribuna
de Macau”
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