Nascida no INESC TEC e incubada na UPTEC, a Seedsight é capaz de analisar sementes e grãos em menos de um minuto, maximizando a disponibilidade de alimentos
O
prémio anual da prestigiada revista Nature, atribuído a spinoffs de base
científica – cuja investigação seja original e inovadora e com potencial
comercial –, selecionou a Seedsight como uma das 11 melhores empresas a nível
mundial.
Incubada
na UPTEC – Parque de Ciência e Tecnologia da Universidade do Porto, e nascida
no INESC TEC – Instituto de Engenharia de Sistemas e Computadores, Tecnologia e
Ciência, a Seedsight tornou possível, pela primeira vez no mundo, a análise de
sementes e grãos em menos de um minuto, maximizando, assim, a disponibilidade
de alimentos.
A
sobrevivência dos sistemas alimentares, nomeadamente a qualidade,
disponibilidade e acessibilidade de alimentos essenciais como os cereais e as
sementes, é um dos grandes desafios atuais. O tempo e o elevado custo dos
processos de avaliação da qualidade dos grãos fazem com que grandes quantidades
de matérias sejam descartadas por degradação ou por baixa qualidade. Mas
Portugal está na linha da frente na resolução desse problema, com uma
plataforma que cataloga diretamente sementes e grãos e que tem, ao mesmo tempo,
capacidade de validar a sua qualidade, assim como prever a sua produtividade
(por exemplo, quantas toneladas de farinha poderá originar) através de análises
biomoleculares e biofísicas de baixo custo, em menos de um minuto.
Com
o desenvolvimento desta tecnologia, a Seedsight
tem por objetivo de dotar a cadeia agroalimentar com o conhecimento necessário
para melhorar o processo de decisão na aquisição de matérias-primas de produtos
alimentares. Esta solução vai permitir lutar contra o desperdício alimentar e a
fraude, enquanto asseguram a sustentabilidade ao longo da cadeia de valor.
“Atualmente
tem-se registado um aumento de 18-20% nos custos associados com matérias-primas
alimentares como o trigo, milho, arroz, aveia, e quinoa, apenas devido a perdas
de produtividade em fases precoces na cadeia de valor pela ineficiência dos
processos de seleção dos grãos – os quais são demorados e de alto custo”,
explica Joana Paiva, CEO da Seedsight.
Acresce
a este facto o problema da contaminação de cereais, e outras mercadorias, por
micotoxinas, pesticidas metais pesados, alergénios, micro e nanoplásticos,
bactérias, vírus, entre outros agentes patogéneos, e os grãos escolhidos e
adquiridos por indústrias transformadoras – que podem, por vezes, ser de pouco
valor (qualidade inferior) e necessitar de ser misturados com matéria-prima
adicional (cereais melhoradores), mais cara, em fases posteriores/tardias da
sua conversão em produto alimentar.
“Através
de tecnologias blockchain, deep learning, inteligência artificial
e sensores óticos, a nossa plataforma tecnológica otimiza a identificação das
melhores sementes, espécies, origens e fornecedores de cereais, aos preços mais
competitivos; ao mesmo tempo que nos dá outras métricas relacionadas com
valores-chave na nossa cadeia alimentar, como a rastreabilidade e a segurança”,
explica Joana Paiva.
Com
a plataforma Seedsight os intervenientes no comércio agrícola – traders,
brokers, agregadores de pequenos agricultores, intervenientes na
indústria moageira, agricultores, etc. – conseguem fazer escolhas mais
inteligentes na definição e controlo de grãos adaptados à sua realidade através
de práticas que contribuem para o aumento da sustentabilidade. Através de um
processo de triagem aplicado a lotes completos de grãos, a plataforma prevê
otimizar a eficiência de verificação de qualidade, reduzindo significativamente
os custos de aquisição e aumentando a produtividade.
“De
acordo com o estudo de mercado realizado, modelos apontam para que a nossa
plataforma consiga uma redução de 8% nos custos relacionados com a triagem do
melhor cereal, até 89% na redução do tempo de aquisição dos melhores grãos e
20% de aumento da produtividade na transformação do cereal em produtos finais,
aumentando a rastreabilidade e transparência, abordando eficazmente os desafios
da indústria”, refere Joana Paiva.
Startup
acumula distinções internacionais
De
destacar que a Seedsight já foi nomeada uma das 100 startups europeias
do momento, pela Techstars Deep Tech Berlim, recebeu o “2023 Women in AG Award”
na maior feira europeia de tecnologia agroalimentar – a AGRITECHNICA -, que
decorreu na Alemanha, e ficou no Top 17 dos finalistas do ParticleX Urbantech
Global Challenge 2024, uma iniciativa focada no mercado asiático.
Atualmente,
a Seedsight também se encontra a realizar alguns estudos pilotos com parceiros
em África para a deteção de micotoxinas no âmbito do programa Validate.Global
promovido pelos Impact Hubs Vienna, Kigali e Accra. A spinoff também se
encontra integrada no projeto europeu EPICENTRE, tendo sido finalista do último
cohort do Global Entrepeurnership Center em Dusseldorf, na Alemanha.
“A
tecnologia fotónica desenvolvida pela Seedsight tem como objetivo aumentar a
qualidade das sementes e dos grãos, alcançando uma melhoria até 10 vezes
superior. Para além de ser um importante passo para a negociação de commodities,
este processo é vital para a segurança alimentar a nível mundial, traduzindo-se
numa proposta de valor decisiva para os clientes e para os investidores”,
destaca Martin Schilling, Diretor Executivo da Techstars Berlin e Membro da
Administração da Associação Alemã de Startups.
A
Seedsight, spinoff do INESC TEC, que criou as condições de base para o
nascimento da empresa, numa estratégia assente no apoio ao empreendedorismo deep
tech, está também incubada na UPTEC. A spinoff concluiu ainda
recentemente um dos mais prestigiantes programas de aceleração do mundo, de
acordo com a revista Forbes, – o Techstarts – e tem vencido uma série de
prémios, a nível mundial. Universidade do Porto - Portugal
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