O académico galardoado com o Prémio Fernão Mendes Pinto, da Associação das Universidades de Língua Portuguesa (AULP), disse à Lusa que este é um reconhecimento do trabalho desenvolvido na área do ensino do Português na China. “Este prémio também reconhece este trabalho que tem vindo a ser efectuado, reconhece a presença do português nesta área do globo”, reagiu à Lusa o docente Manuel Duarte João Pires, da Universidade Politécnica de Macau.
A
dissertação “Português no ensino superior na China: os estudantes chineses de
mobilidade de crédito em Portugal e o ensino para a interação cultural”,
defendida em 2022 na Universidade de Lisboa, foi premiada na semana passada por
ocasião do 33º encontro da AULP, no Rio de Janeiro.
Com
um valor monetário de oito mil euros, o galardão destaca anualmente uma
dissertação de mestrado ou doutoramento “que contribua para a aproximação das
comunidades de língua portuguesa, explicitando relações entre comunidades de,
pelo menos, dois países”, lê-se no portal da AULP.
O
estudo contemplado, continuou o autor, contribui para “compreender melhor” o
ensino de português na Ásia que, em Macau, “é relativamente conhecido”, mas por
vezes “esquecido dentro de outros contextos”. “Para quem está em Portugal ou no
Brasil, ou noutros países de língua portuguesa, às vezes não conhece tão bem o
contexto do ensino de português na Ásia (…) em geral e na China em particular”,
constatou o académico, que leccionou durante quase uma década na Universidade
Sun-Yat-sen, em Cantão.
Cinquenta
e uma instituições de ensino superior oferecem programas de língua portuguesa
no interior da China, segundo uma compilação divulgada pelo autor em 2022.
Nesse mesmo ano, 5132 alunos frequentarem os programas leccionados por 228
professores.
No
caso de Macau, cinco universidades tinham disponíveis há dois anos programas de
português, com um total de 1238 alunos acompanhados por 76 professores.
Um
crescimento veloz registado nos últimos anos, mas que poderá estar neste
momento mais contido: “Chega uma altura que também é difícil crescer mais,
quando em cada província ou em cada cidade, às vezes, – como no caso de Cantão,
Pequim, Xangai – há várias universidades, há (…) oferta [de programas de
português], chega uma altura que estagna”, disse.
Para
a tese de doutoramento, Manuel Duarte João Pires debruçou-se ainda sobre a
interação entre o estudante chinês e o contexto do intercâmbio em Portugal,
“principalmente a interacção cultural”.
E
a pandemia da covid-19, observou o docente, comprometeu a experiência: “Tanto
em termos de mobilidade, mas até em termos de interacções que ficaram muito
reduzidas e muito comprometidas (…) Há estudantes que revelaram alguns
preconceitos que enfrentaram, algumas questões que chegam a tocar a xenofobia”,
disse, notando que entrevistou “quase 300” alunos.
No
entanto, segundo o estudo, em geral, “a interacção é positiva”: “É uma das
maiores vantagens que os cursos de língua portuguesa têm para oferecer: a
possibilidade de fazerem um intercâmbio em imersão, na cultura da língua, no
espaço onde é falada a língua, onde se aprende não só a questão linguística,
mas também todas as interações culturais”. In “Jornal
Tribuna de Macau” – Macau com “Lusa”
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