As remessas dos trabalhadores cabo-verdianos em Portugal totalizam anualmente cerca de 100 milhões de euros, disse à Lusa o ministro das Comunidades do país africano, Jorge Santos. “Neste momento, só de Portugal para Cabo Verde, as remessas financeiras são grandes. Dentro da geografia da nossa diáspora, Portugal é o país que mais transfere recursos para Cabo Verde, atingindo um valor muito significativo: mais de quase 10 milhões de contos cabo-verdianos, ou seja, qualquer coisa como quase 100 milhões de euros”, disse o governante cabo-verdiano.
Jorge
Santos concluiu no fim-de-semana uma visita de trabalho a Portugal para
contactos com empresas portuguesas e trabalhadores cabo-verdianos, no quadro do
acordo de mobilidade laboral entre Cabo Verde e Portugal. “Portugal é que
lidera a lista. Em segundo lugar temos os Estados Unidos, em terceiro lugar
temos a França e assim sucessivamente”, detalhou, referindo ainda as remessas
enviadas a partir dos Países Baixos, Itália, Alemanha, Luxemburgo e Suíça.
Jorge
Santos adiantou que, globalmente, as remessas da diáspora cabo-verdiana atingem
um valor entre os 320 milhões e os 375 milhões de euros, que representa quase
50% do orçamento de Estado de Cabo Verde.
Questionado
sobre se as recentes alterações introduzidas pelo Governo português no sistema
de emissão de vistos podem condicionar a aplicação do acordo de mobilidade
laboral bilateral, Jorge Santos respondeu que não. “Nós sempre entendemos que o
acordo de mobilidade laboral seria e está sendo uma oportunidade positiva para
os nossos países, e para Cabo Verde em particular para os trabalhadores e para
os jovens”, vincou.
Cabo
Verde tem actualmente “muitos milhares de jovens desempregados e muitos
milhares de jovens à procura de formação profissional e, por conseguinte, este
acordo laboral vem permitir criar e aproveitar as oportunidades” criadas por
Portugal.
Jorge
Santos salientou ainda que o acordo de mobilidade laboral permite que quem sai
de Cabo Verde para Portugal chegue com um contrato de trabalho válido. “Antes
havia o pedido de visto de procura de emprego. Sem qualquer tipo de imposição
do contrato laboral. Aí, sim, pode haver alguma adaptação, mas também estamos
de acordo com esta medida, uma vez que vem trazer algum controlo e flexibiliza
os mecanismos de acompanhamento do processo”, frisou.
O
ministro cabo-verdiano deu ainda como exemplo que, ao abrigo do acordo de
mobilidade laboral bilateral, em 2023 vieram 6300 cabo-verdianos com contratos
de trabalho. “Este ano, nesta altura, segundo os dados no Centro Comum de
Vistos de Cabo Verde e da Embaixada de Portugal em Cabo Verde, já deram
praticamente entrada em termos de processos 3600 vistos de trabalho”,
acrescentou.
A
procura é grande, mas Portugal, reconheceu, “também tem feito um esforço para
reforçar as condições no Centro Comum de visto e também a nível da sua
Embaixada na Praia, para dar vazão à demanda e aos pedidos que são muitos”.
Relativamente
aos contactos que manteve em Portugal com empresas que empregam trabalhadores
cabo-verdianos, Jorge Santos destacou a Barraqueiro. “Só na Barraqueiro, por
exemplo, são centenas de condutores que vieram para trabalhar aqui, seja na
zona metropolitana de Lisboa, como também na zona metropolitana do Porto,
outros mais 100 condutores que estão para vir, com processo de visto em fase de
elaboração”, pormenorizou.
Jorge
Santos enalteceu ainda o esforço de criação de condições pelas empresas no que
diz respeito a alojamento e reagrupamento familiar. “Ou seja, existe aqui um
sentido social também associado à questão da mobilidade, que é algo que também
tenho que dizer e ficar satisfeito, ou seja, que existe uma responsabilidade”,
respeitando o que prevê o acordo laboral assinado pelos Ministérios do Emprego
dos dois países.
“Quer
dizer, o trabalhador vem, mas tem que ter as condições em termos de segurança
social, em termos de protecção, todas as seguranças que são garantidas também
aos trabalhadores portugueses”, frisou. In “Jornal
Tribuna de Macau” – Macau com “Lusa”
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