Pintura Arq. Eduardo Moreira Santos, Lx (28.08.1904 - 23.04.1992)

sexta-feira, 26 de julho de 2024

Macau - Iniciantes representaram quase 50% dos alunos no Curso de Verão da Universidade de Macau

Termina hoje mais uma edição dos cursos de Verão de língua portuguesa organizados há 38 anos pela Universidade de Macau. O programa deste ano contou com 343 alunos, divididos por 17 turmas. Mais cerca de 60 estudantes do que em 2023. A maior parte veio do Interior da China, mas igualmente de países como Vietname e Coreia do Sul, para além de 43 de Macau. A grande novidade deste ano foi a presença de 160 jovens que se inscreveram no nível básico e de iniciação, representando quase metade do total. Várias actividades à margem foram organizadas pela UM, não faltando a dança e a gastronomia


Ao longo de 18 dias, 343 alunos participaram no 38º Curso de Verão promovido pelo Departamento de Português da Universidade de Macau (UM), “que foi um sucesso, tal como tem acontecido ao longo do trajecto desta iniciativa”, segundo revelou ao Jornal Tribuna de Macau um dos coordenadores, o professor Vítor Silva. Houve um aumento de cerca de 60 estudantes em relação a 2023.

O curso, que encerrou as inscrições ao fim de duas semanas, ao contrário de um mês, como estava previsto, voltou a chamar a atenção de muitos jovens interessados em aprender, aperfeiçoar e desenvolver a língua de Camões, com uma grande maioria de participação de alunos do Interior da China, que totalizaram 289. De Macau inscreveram-se 43, de Hong Kong quatro, da Coreia do Sul seis e do Vietname apenas um.

Os estudantes foram divididos em níveis consoante o seu perfil linguístico, ou seja, desde o básico, até ao avançado, passando pelo elementar e intermédio. No total, foram constituídas 17 turmas de cerca de 20 alunos, oito das quais incluíram estudantes do grau mais básico (A1), o que constituiu uma das principais novidades do programa deste ano. Oito das turmas integraram jovens de “iniciação completa” e do nível básico normal, o que representa um universo de 160 alunos, o que não aconteceu nos últimos anos. Este tipo de estudantes representou, assim, cerca de 47% do total de alunos participantes na iniciativa.

“Apareceram-nos muitos alunos que têm um perfil bastante diferente, como alguns que estudam outras línguas, por exemplo alunos de Chengdu, que estão a tirar francês, mas vieram aprender português pela primeira vez durante o Verão, ou espanhol também”, salienta Vítor Silva, acrescentando que “há pessoas que não têm nada a ver com línguas e que este ano decidiram vir para este curso, o que aumentou bastante este tipo de perfil de estudante que vem para a iniciação”.

No grau de elementar o curso contou com cinco turmas, no intermédio três e no avançado uma. De referir que, ao inscreverem-se, os candidatos têm de fazer um teste para determinar o nível que melhor se adequa ao seu perfil linguístico.

O coordenador do curso, juntamente com o professor Pedro Zhang Jianbo, diz que o grande objectivo deste tipo de iniciativa dedicada ao ensino da língua portuguesa é “atrair os estudantes à instituição”, o que já tem acontecido.

“Temos jovens que estiveram aqui a fazer o curso durante pouco mais de duas semanas e que depois entram para licenciatura, que começa já no dia 19 de Agosto”, confirma, acrescentando que “há igualmente alunos que repetem estes cursos de Verão e até professores, como duas de mandarim, no nível avançado que aqui se deslocam para aperfeiçoamento”.

Sobre a importância deste Curso de Verão da UM, o académico reconhece: “Tem já bastante relevância dentro da instituição e ganhou carinho mesmo pela parte das chefias e, por isso, creio que haverá todo o interesse em continuar e em aumentar estes números que temos vindo a alcançar”.

18 docentes leccionaram nos diferentes níveis

Para além das centenas de alunos, que atingiram um recorde depois da pandemia (antes cerca de meio milhar participaram na iniciativa), o curso de Verão 2024 contou com a presença de 18 professores, 12 de língua materna portuguesa e os restantes de língua materna chinesa, mas são bilingues, “alguns que já tinham estado em Macau e regressaram para dar estas aulas, porque há uma ligação que permanece e que, por isso, eu considero que eles têm sido inexcedíveis”, destaca Vítor Silva.

As aulas dos cursos A1 e A2 realizaram-se entre as 9h00 e as 13h00, no total de 60 horas lectivas. Nos cursos intermédio (B1 e B2) e avançado (nível C), decorreram entre as 10h00 e as 13h00, totalizando 45 horas. Os participantes dispuseram também de uma oferta de cursos temáticos.

Outra das características do programa é que os cursos de língua podem ser complementados por 15 horas de estudo autónomo, orientado pelos professores. Além do desenvolvimento das competências receptivas e produtivas, escritas e orais, os cursos incluem sessões dedicadas a questões da gramática, do vocabulário e a outros aspectos específicos de cada nível e relevantes para os estudantes. A oferta temática incluiu literatura, história, relações internacionais, tradução e tópicos de várias áreas sobre os países de língua portuguesa.

“Clubes” dedicados a várias actividades

Nas actividades extra-curso propriamente dito, realizadas ao final da tarde, os estudantes puderam participar nos “clubes” dedicados a várias expressões artísticas associadas aos países de língua portuguesa, como dança folclórica e capoeira, música, poesia, linguagem cinética, gastronomia e enologia. Neste último caso, o monitor foi Luís Herédia que falou do vinho na cultura portuguesa.

Os alunos visitaram igualmente a exposição de Vítor Marreiros com cartazes comemorativos do Dia de Portugal, assistiram a um concerto e degustaram comida portuguesa no Restaurante da Torre de Macau Tromba Rija. “Tiveram assim um importante contacto com a gastronomia portuguesa”, frisa o coordenador.

Em jeito de conclusão da entrevista concedida ao JTM, Vítor Silva fez o ponto da situação do ensino da língua portuguesa em Macau. “Claro que há ainda muito a fazer e a melhorar, aliás, como diria Camões, se mais mundo houver é lá chegar”. O coordenador considera que tem havido sempre um incentivo por parte do Governo para que o português continue a ser usado nos diferentes organismos.

“A nível de ensino, penso que as instituições, e não falaria só pela Universidade de Macau, tem conseguido chamar um grande número de alunos, tanto em Macau como na China continental e até na Ásia”. Aí, o responsável destaca o Vietname, país onde abriu um departamento de português, há 20 anos, com 20 alunos. “Na minha última visita, há 10 anos, já tinha 400 estudantes, o que é significativo”, atesta. Vítor Rebelo – Macau in “Jornal Tribuna de Macau”

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