Termina hoje mais uma edição dos cursos de Verão de língua portuguesa organizados há 38 anos pela Universidade de Macau. O programa deste ano contou com 343 alunos, divididos por 17 turmas. Mais cerca de 60 estudantes do que em 2023. A maior parte veio do Interior da China, mas igualmente de países como Vietname e Coreia do Sul, para além de 43 de Macau. A grande novidade deste ano foi a presença de 160 jovens que se inscreveram no nível básico e de iniciação, representando quase metade do total. Várias actividades à margem foram organizadas pela UM, não faltando a dança e a gastronomia
Ao
longo de 18 dias, 343 alunos participaram no 38º Curso de Verão promovido pelo
Departamento de Português da Universidade de Macau (UM), “que foi um sucesso,
tal como tem acontecido ao longo do trajecto desta iniciativa”, segundo revelou
ao Jornal Tribuna de Macau um dos coordenadores, o professor Vítor Silva. Houve
um aumento de cerca de 60 estudantes em relação a 2023.
O
curso, que encerrou as inscrições ao fim de duas semanas, ao contrário de um
mês, como estava previsto, voltou a chamar a atenção de muitos jovens
interessados em aprender, aperfeiçoar e desenvolver a língua de Camões, com uma
grande maioria de participação de alunos do Interior da China, que totalizaram
289. De Macau inscreveram-se 43, de Hong Kong quatro, da Coreia do Sul seis e
do Vietname apenas um.
Os
estudantes foram divididos em níveis consoante o seu perfil linguístico, ou
seja, desde o básico, até ao avançado, passando pelo elementar e intermédio. No
total, foram constituídas 17 turmas de cerca de 20 alunos, oito das quais
incluíram estudantes do grau mais básico (A1), o que constituiu uma das
principais novidades do programa deste ano. Oito das turmas integraram jovens
de “iniciação completa” e do nível básico normal, o que representa um universo
de 160 alunos, o que não aconteceu nos últimos anos. Este tipo de estudantes
representou, assim, cerca de 47% do total de alunos participantes na
iniciativa.
“Apareceram-nos
muitos alunos que têm um perfil bastante diferente, como alguns que estudam
outras línguas, por exemplo alunos de Chengdu, que estão a tirar francês, mas
vieram aprender português pela primeira vez durante o Verão, ou espanhol
também”, salienta Vítor Silva, acrescentando que “há pessoas que não têm nada a
ver com línguas e que este ano decidiram vir para este curso, o que aumentou
bastante este tipo de perfil de estudante que vem para a iniciação”.
No
grau de elementar o curso contou com cinco turmas, no intermédio três e no
avançado uma. De referir que, ao inscreverem-se, os candidatos têm de fazer um
teste para determinar o nível que melhor se adequa ao seu perfil linguístico.
O
coordenador do curso, juntamente com o professor Pedro Zhang Jianbo, diz que o
grande objectivo deste tipo de iniciativa dedicada ao ensino da língua
portuguesa é “atrair os estudantes à instituição”, o que já tem acontecido.
“Temos
jovens que estiveram aqui a fazer o curso durante pouco mais de duas semanas e
que depois entram para licenciatura, que começa já no dia 19 de Agosto”,
confirma, acrescentando que “há igualmente alunos que repetem estes cursos de
Verão e até professores, como duas de mandarim, no nível avançado que aqui se
deslocam para aperfeiçoamento”.
Sobre
a importância deste Curso de Verão da UM, o académico reconhece: “Tem já
bastante relevância dentro da instituição e ganhou carinho mesmo pela parte das
chefias e, por isso, creio que haverá todo o interesse em continuar e em
aumentar estes números que temos vindo a alcançar”.
18 docentes leccionaram nos diferentes níveis
Para
além das centenas de alunos, que atingiram um recorde depois da pandemia (antes
cerca de meio milhar participaram na iniciativa), o curso de Verão 2024 contou
com a presença de 18 professores, 12 de língua materna portuguesa e os
restantes de língua materna chinesa, mas são bilingues, “alguns que já tinham
estado em Macau e regressaram para dar estas aulas, porque há uma ligação que
permanece e que, por isso, eu considero que eles têm sido inexcedíveis”,
destaca Vítor Silva.
As
aulas dos cursos A1 e A2 realizaram-se entre as 9h00 e as 13h00, no total de 60
horas lectivas. Nos cursos intermédio (B1 e B2) e avançado (nível C),
decorreram entre as 10h00 e as 13h00, totalizando 45 horas. Os participantes
dispuseram também de uma oferta de cursos temáticos.
Outra
das características do programa é que os cursos de língua podem ser
complementados por 15 horas de estudo autónomo, orientado pelos professores.
Além do desenvolvimento das competências receptivas e produtivas, escritas e
orais, os cursos incluem sessões dedicadas a questões da gramática, do
vocabulário e a outros aspectos específicos de cada nível e relevantes para os
estudantes. A oferta temática incluiu literatura, história, relações
internacionais, tradução e tópicos de várias áreas sobre os países de língua
portuguesa.
“Clubes” dedicados a várias actividades
Nas
actividades extra-curso propriamente dito, realizadas ao final da tarde, os
estudantes puderam participar nos “clubes” dedicados a várias expressões
artísticas associadas aos países de língua portuguesa, como dança folclórica e
capoeira, música, poesia, linguagem cinética, gastronomia e enologia. Neste
último caso, o monitor foi Luís Herédia que falou do vinho na cultura
portuguesa.
Os
alunos visitaram igualmente a exposição de Vítor Marreiros com cartazes
comemorativos do Dia de Portugal, assistiram a um concerto e degustaram comida
portuguesa no Restaurante da Torre de Macau Tromba Rija. “Tiveram assim um
importante contacto com a gastronomia portuguesa”, frisa o coordenador.
Em
jeito de conclusão da entrevista concedida ao JTM, Vítor Silva fez o ponto da
situação do ensino da língua portuguesa em Macau. “Claro que há ainda muito a
fazer e a melhorar, aliás, como diria Camões, se mais mundo houver é lá
chegar”. O coordenador considera que tem havido sempre um incentivo por parte
do Governo para que o português continue a ser usado nos diferentes organismos.
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